sábado, 2 de setembro de 2017

Terceira Sessão Literária da ALJGR PMMG-1º de setembro 2017-BH-MG



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MEMENTO DE ORIENTAÇÃO 009/PRESIDÊNCIA – 18Ago17
Finalidade: Orientar aspectos concernentes ao apoio e detalhes na estruturação da 3ª Sessão Literária/2017.
Considerações: Em conjugação de interesse e esforços com o Clube dos Oficiais e Academia de Polícia Militar, a Academia de Letras João Guimarães Rosa promoverá a 3ª Sessão Literária/2017.  A 1ª Sessão realizou-se em 04Fev, no auditório Buriti. O Acadêmico Ten. Francis Albert Cotta, para um recinto lotado, desvendou, no tocante ao aparato de segurança pública, os anos de edificação da capital mineira (1894/1898),  evidenciando o papel relevante do Primeiro Delegado de Polícia: Capitão ANTÔNIO LOPES. A 2ª Sessão, concomitante à investidura do Cel. Helbert Figueiró de Lourdes – Cmt. Geral – na Presidência de Honra do Sodalício, teve lugar no auditório da Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Sargentos, em 08 de abril, ocasião em que o Acadêmico Cel. Alcino Lagares Côrtes Costa, para um auditório com mais de 300 pessoas, entre acadêmicos, convidados e alunos CFO e CAS, discorreu sobre a Trajetória Progressiva da Força Pública Mineira da Década de 40 aos anos 90, no que tange à concepção tático-estratégica das operações. No próximo 1ºSet, teremos a oportunidade de clarear as passagens históricas do mitológico Alferes FELÃO. Dar-nos-á essa oportunidade o Pesquisador da História Miliciana – Acadêmico Cel. Antônio Fernando de Alcântara.
O Evento: “Alferes FELÃO – Um Retrato Sem Retoques” – desenvolver-se-á no auditório da EFAS, Rua Dr. Gordiano,123, Prado, em 01Set17, 6ª feira, de 19h00 às 21h15, conforme sequência detalhada no Convite que acompanha este Memento. Observação: O convite, no seu conteúdo e designer, foi desenvolvido pela Acadêmica Profª Sílvia Araújo Mota e pelo Web-Designer Alexandre Rodrigo Alves.
Presença: Considerando o interesse pedagógico do evento, estamos recebendo o apoio do Cmt. da APM – Cel. Robson José de Queiroz - através da ação direta da Coordenadora Geral de Ensino – TC Nirlane Barroso – e do Cmt. da EFAS – TC Warley Gomes. Conforme acordado, estarão presentes 200 alunos da EFAS e 60 do CHO. Além dos alunos, contaremos com o abrilhantamento de convidados da PMMG, músicos da OSPM e dos Acadêmicos da ALJGR.
Organização do Auditório da EFAS: Nosso Setor Logístico – Acadêmico Arquiteto André Ricardo de Souza  e Parceira-Funcionária Ana Maria – e Acadêmica Sílvia de Araújo Motta apoiarão o comando da EFAS na organização e decoração do auditório.
Apoio Logístico: (1) Nosso Setor Logístico, via Acadêmico Cel. José Guilherme, demandará o que for necessário em material e transporte do COPM; (2) O Palestrante – Cel. Alcântara – demandará diretamente ao comando da EFAS suas necessidades relativas aos meios audiovisuais para a palestra, bem como auxiliares; (3) A Parceira-Funcionária Ana Maria providenciará suprimento de água com auxílio da administração da EFAS (recepção e palestrante).
Apoio Musical: O Acadêmico Cap. Marco Aurélio Lacerda providenciará, conforme já solicitado formalmente (1) o Conjunto de Metais/OSPM para o Hino Nacional Brasileiro, Canção “Avante! Camaradas” e Canção da PMMG; (2) o Cantor-Guia do Hino e canções. A Acadêmica Profª Sílvia fará a distribuição da letra das canções. Observação: A Acadêmica Profª Sílvia e a Parceira Ana Maria providenciarão um backup de som, mormente para a Canção “Avante! Camaradas”.
Cerimonial: (1)  A cargo do Diretor de Marketing Cultural – TC Gilmar Luciano dos Santos -  que coordenará sua equipe para recepção e registro de autoridades, encaminhamento ao auditório e  condução da cerimônia consoante as formalidades de praxe e o especificado no convite em anexo. Se necessário, solicitará à TC Nirlane e ao TC Warley apoio em recursos humanos. (2) Os cartões de registro de autoridades devem estar ao alcance do Mestre de Cerimônias (que será definido pelo Diretor de Marketing Cultural) e do Presidente da Academia.
Vídeo/Fotografias: (1) Competirá à Diretoria de Marketing Cultural, via Assessoria de Jornalismo – Subtenente Deiwson Ferreira de Magalhães – atendendo ao interesse pedagógico/didático de repetição da palestra para alunos e milicianos em geral, providenciar um vídeo completo da palestra. (2) A cobertura fotográfica é fundamental. Além dos meios da DCO, sugere-se solicitar apoio ao COPM que dispõe de excelente fotógrafo contratado.
Difusão dos Convites: (1) A Acadêmica Profª Sílvia e a Parceira Ana Maria, em conjugação com a Secretaria – TC Eli Chagas e TC Mirian - Diretoria de Marketing Cultural, Acadêmico Cel. Sérgio Henrique e colaboração dos demais Acadêmicos, providenciarão a difusão dos convites às áreas de interesse: Alto-Comando da PMMG e CBMMG, Comandantes de Unidade da RMBH, Presidentes de entidades da categoria: AOPMBM, ASPRA, Centro Social de Cabos e Soldados, Presidente UMMG etc; Secretário de Segurança Pública e Assistentes; Presidentes de entidades congêneres: AMULMIG, ARCÁDIA, IHGMG, AML, ACLGR, FJGR, áreas de interesse do PALESTRANTE etc. (2) A Diretoria de Mkt Cultural solicitará apoio à DCO para difundir o evento na PMMG e CBMMG.
Difusão Pós-Evento: O Palestrante fornecerá ao Acadêmico Jornalista Deiwson Magalhães uma cópia do material da Palestra, visando elaboração de matéria para o jornal eletrônico Cinco Ponto Cinco, jornal do COPM, jornal da UMMG e sites das entidades de classe: AOPMBM, ASPRA...
Elaboração da ATA: Caberá ao 1º Secretário  auxiliado pela 2ª Secretária. O Palestrante, a fim de facilitar a elaboração da ATA, fornecerá um resumo de sua apresentação ao Secretário.
Livros de Registro de Presença: A Secretaria, com apoio da Parceira Ana Maria, disponibilizará dois livros (1) Presença de Acadêmicos, Parceiros-Assessores e Beneméritos; (2) Presença de convidados com registro das autoridades e respectivos cargos. Observação: No tocante à presença de alunos, registrar no livro de convidados, no fechamento da página – número de alunos por curso.
Pós-Evento: Diretoria de Marketing Cultural e Secretaria, entrosando-se com a Parceira Ana Maria, indicarão as presenças que devem ser objeto de agradecimento formal do Presidente, via correspondência.
Klinger Sobreira de Almeida – Cel. PM Ref.
Presidente ALJGR/PMMG

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Prezados confrades e confreiras,
Pela presença, participação e repercussão, podemos asseverar que nossa 3ª Sessão Literária, realizada ontem, de 19h00 às 21h30, no auditório da EFAS, teve absoluto êxito.
O palestrante – Acadêmico Cel. Antônio Fernando de Alcântara – abordou um tema polêmico – Alferes FELÃO→Um Retrato Sem Retoques – com muita propriedade e conhecimento de causa. Durante cinco meses, viajou por localidades onde Felão fizera sítio, pesquisou em arquivos e vetustos exemplares de jornais, conversou com pessoas, examinou e releu obras literárias diversas, e nos trouxe um Retrato Sem Retoques do polêmico Alferes que, sem dúvida alguma, foi um homem providencial para uma época e marcou sua presença, tornando-se um mito da segurança pública . Como ser imperfeito – e todos nós o somos! – a par das grandezas, deixou um rastro de violência.
Além da presença de parcela do corpo discente da APM (quase 300 alunos), com ênfase aos alunos da EFAS, prestigiaram-nos companheiros e pessoas de relevância: (1) Ten. Cel. Cláudia Herculana e Cap. Pantoja, representando a AOPMBM; (2) Cel. PM Dorgival Olavo Guedes Jr., Ex-Chefe Estado-Maior PMMG; (3) Major BM Laércio de Oliveira Ferreira e esposa Gilda Tosta, Cap. BM Andiara Beatriz e Ten. BM Igor Rafael – representando do CBMMG; (4) Cel. Zeder Gonçalves do Patrocínio, Presidente da UMMG; (5) TC Zilton Ribeiro do Patrocínio, representante da Fundação Guimarães Rosa; (6) Dr. Raimundo Alves de Jesus, Presidente da ACLGR, e esposa, e o Acadêmico José Maria, que encenou um conto de Guimarães Rosa; (7) Dr. Wagner Colombarolli, ex-Presidente do IHGMG e Arcádia; (8) Cel. BM José Honorato Ameno, representando o Presidente COPM; (9) TC Hélio Hiroshi Hamada, representante Cmt. APM; (10) Cel. Áurea dos Santos Silva Araujo, do Conselho de Orientadores AOPMBM; (11) Jornalista e Escritor Luis Góes, autor de A História do 5º Batalhão; (12) Ten. Cel. Warley Oliveira Gomes, Cmt. da EFAS e nosso anfitrião; (13) Ten. Alexandro de Sousa Rosse, escultor ligado à nossa Academia; além de militares da ativa/reserva e outras pessoas gradas. 
Tivemos a presença de 19 (dezenove)  Acadêmicos (as), alguns com sacrifício, como o TC Gilmar que, encerrando o expediente no 48º BPM, em Ibirité, veio direto, no meio de um trânsito caótico, e foi o nosso Mestre de Cerimônia. Presente, também, Branca, esposa do confrade Marinho, e a nossa Acadêmica Sílvia e Ana Maria, suportes do evento.
Foi relevante a participação do Conjunto de Metais/OSPM. Todos se destacaram, mas ressalte-se o Sgt. Narciso conduzindo o canto do Hino Nacional Brasileiro, Avante Camaradas e Canção da PMMG.
Cremos que a ALJGR, no que tange à sua finalidade (artigo 2º do Estatuto),  está no caminho certo:  ressaltando os personagens que marcaram a história da instituição; espanando a poeira do tempo; levantando valores que sedimentaram as instituições militares mineiras. 
Agradecemos a todos os confrades e confreiras que apoiaram esta exitosa 3ª Sessão Literária, e, em especial, o Pesquisador-Palestrante Acadêmico Cel. Antônio Fernando de Alcântara, cujo desempenho foi impecável. Na verdade, foi o “astro” da noite.
Por derradeiro, ressaltamos e agradecemos o COPM - na pessoa do Cel. Piccinini, do Acadêmico Cel. José Guilherme e dos dedicados funcionários – e a Academia de Polícia Militar, cujo Cmt. Cel. Robson José de Queiroz entendeu o alcance estratégico das iniciativas da ALJGR e tem sido nosso parceiro integral, bem como seus escalões de ensino: TC Nirlane Barroso e TC Warley Gomes.
Avante, Camaradas! Com saudações rosianas, continuemos na trajetória ascensional desta Academia!

Klinger Sobreira de Almeida – Cel. PM Ref.
Presidente ALJGR/PMMG



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JORNAL CINCO PONTO CINCO
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Terceira Sessão Literária: 1º. DE SETEMBRO DE 2017.
ACADEMIA DE LETRAS JOÃO GUIMARÃES ROSA
da Polícia Militar de Minas Gerais.JornalCincoPontoCinco.
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1º de setembro, 6ª feira, 19h00, auditório da Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Sargentos-EFAS, com quase 300 alunos de curso de oficiais e de sargentos, convidados civis e militares, e acadêmicos rosianos. Superlotação! 3ª Sessão Literária/2017, da Academias de Letras João Guimarães Rosa/PMMG. Êxito absoluto!

O Cel. Klinger Sobreira de Almeida, Presidente da Academia, ao lado do anfitrião Cmt. da EFAS – Ten. Cel. Warley Gomes -  e do Diretor Cultural, Ten. Cel. Acadêmico Gilmar Luciano, recebia os convidados. 

Destaques: Dr. Raimundo Alves de Jesus – Presidente da Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa – e esposa, além de acadêmicos de seu Sodalício; Cel. Zeder Gonçalves, Pres. UMMG; Ten. Cel. Zilton, da Fundação Guimarães Rosa; Cel. Dorgival Olavo Guedes, ex-Chefe do Estado-Maior; Ten. Cel. Cláudia Herculana e o Cap. Pantoja – Diretores da AOPMBM; Cel Áurea dos Santos, Conselho Orientadores AOPMBM; Cel. José Honorato Ameno, representando o Presidente COPM, Cel. Piccinini; Dr. Wagner Colombarolli, ex-Presidente do IHGMG e ARCÁDIA;  Ten. Cel. Hélio Hiroshi Hamada, Chefe CPP/APM e representando Cmt. APM; Jornalista Luis Góes, festejado autor da História do 5º BPM; Major BM Laércio de Oliveira Ferreira e esposa Gilda Tosta, Cap. BM Andiara Beatriz e Ten. BM Igor Rafael – representando o CBMMG.
Com as formalidades tradicionais – Hino Nacional Brasileiro, conduzido pelo Sgt. Narciso e acordes do Conjunto de Metais/OSPM, e invocação acadêmica – o Mestre de Cerimônias, TC Gilmar, dá as boas-vindas a todos e passa a palavra ao Presidente da Academia para a apresentação do palestrante que, logo após, inicia sua exposição.


O ACADÊMICO CEL. ALCÂNTARA RESPONDE AO DESAFIO QUE LHE FOI DADO HÁ CINCO MESES:
“ALFERES FELÃO -
UM RETRATO SEM RETOQUES”

Diz o Cel. Antônio Fernando de Alcântara que, durante cinco meses, desdobrou-se. Viajou a cidades por onde há mais de cem anos andou Felão. Conversou com pessoas que rememoravam Felão, por curiosidade, admiração ou reconhecimento. Desencavou velhos alfarrábios e jornais locais. Garimpou arquivos públicos e trouxe à tona despachos governamentais. Descobriu documentos esquecidos na poeira do tempo. Estudou  obras que falavam sobre a vida real de Felão ou interpretavam ficções popularizadas e sedimentadas no tempo pela “voz do vulgo”. Enfim, pesquisou em extensão e profundidade.
Respondendo ao desafio, Alcântara, “sem sacralizar nem demonizar”, desenhou o “Retrato do Verdadeiro Felão”. Vejamos, numa síntese, o que contém o volumoso “caderno de pesquisa”, de 151 páginas, base da palestra, cuja cópia entregou ao Presidente da Academia.
Guimarães Rosa, ao lado de seu tio Vicente Guimarães (apenas dois anos mais velho), quando criança ouvia as lendas sobre o mito Felão. Associou-o à maldade. Quando jovem diplomata, em 1936, com rica passagem pela Força Pública mineira, lançou o famoso poema  BATUQUE – um enredo que reproduz o folclore nativo, no qual Felão é figura central pelo temor que provocava. Felão, sinônimo da perversidade humana, ressurge em personagens de grande escritor.
Alcântara inicia a palestra exibindo em tela e declamando o Batuque. O auditório mexe-se!
1870. Nascia no agreste baiano, filho do casal Cândido Rodrigues da Silva/Flausina, aquele que, em pia bastimal, receberia o nome de FÉLIX RODRIGUES DA SILVA. Cresceu no meio agreste, tornando-se um mulato espadaúdo que, um dia, na rotina dos nordestinos, trocou o sertão de lá pelo de cá. Aportou em terras mineiras.
1888 – Assentou praça no Corpo Policial, destacamento de Paracatu.
1892 – Promovido a Cabo de Esquadra.
29 de março de 1894, o escrivão de um dos cartórios de Ouro Preto faz os proclamas de casamento do Cabo de Esquadra Félix com a senhorita Emília da Rocha Andrade, da sociedade ouropretense.
1896 – Promovido a Furriel.
1897 – Promovido a 2º Sargento.
1890 – Por ato governamental, em julho, é promovido ao primeiro posto do oficialato: ALFERES.
Até galgar o oficialato, Félix, já conhecido por Felão, por seu avantajado físico, disposição para o trabalho e impetuosidade no combate aos delinquentes, o graduado sobressaíra-se entre seus pares e se tornara o homem de confiança do célebre Cap. Antônio Lopes, Delegado de Polícia de Curral Del Rey no período de construção da nova capital mineira.
A crônica ancestral dá notícia de que naquele período crucial – de 1895 a 1898 – de edificação de uma novel cidade, no meio da leva de trabalhadores, vinham também marginais e aventureiros. Pediu-se ao governo reforço para o destacamento pioneiro do Cap. Lopes. Eis que, no início de 1897, chega, comandando um piquete de cavalaria, o sargento Félix, o Felão. A ordem se implantou, e inaugurada a capital, uma favela surgira na Floresta. Coube ao sargento Felão comandar o destacamento da primeira favela de Belo Horizonte, levando segurança e tranquilidade aos seus habitantes ao mesmo tempo em que espantava os delinquentes.
Alcântara, na sua vasta pesquisa, mostra o rol de inverdades de alguns escritores que, inclusive, taxavam Felão de um brutamontes analfabeto. A promoção a Alferes desmente a mentira desses falsos historiadores. A ascensão ao oficialato, àquela época, além da competência profissional incontrastável e bravura,  exigia-se avançada cultura intelectual. Felão possuía-a, o que demonstra o exercício da função de Delegado Especial de Polícia – presidência de inquéritos e flagrantes; elaboração de relatórios etc..,  O palestrante exibe manuscritos de Felão: caligrafia e redação escorreitas.
Nos primórdios do Séc. XIX, predominavam no interior do Estado, os Delegados de Polícia leigos, nomeados politicamente. Minas fora dividido, para efeito de segurança pública – Portaria do Chefe de Polícia -  em 32 circunscrições policiais – uma cidade sede e os municípios periféricos. Em cada uma delas, seria mantido um Delegado Especial de Polícia, via de regra, oficial da Força Pública.
O palestrante reporta-se àqueles tempos. O castigo físico era um método pedagógico. Começava-se no lar. A mãe corrigia a criança com chineladas ou vara de marmelo, e o pai, com umas boas sovas de correia. Na escola, ajoelhar-se em grãos de milho ou palmatórias. A Marinha abolira a lei da chibata, como sanção disciplinar, em 1910. O Sertão Mineiro era o império dos jagunços, que tinham sua própria lei. A polícia reagia à altura. Vale a pena recordar uma conduta que se transformara em dito popular de cunho pedagógico: “A criança que não apanha no lar, para se corrigir, vai apanhar da polícia quando chegar a adulto”.
1900Julho. Foi este o teatro de operações em que Felão iniciou sua saga como Delegado do Chefe de Polícia, ao qual a Força Pública era subordinada. O destacamento policial, empregado pelo Delegado de Polícia,  cumpria suas ordens.
“ - Felão veio?
- Não veio não.
- Por que ele não veio?
- Não sei, não.”
Esta quadra ficou famosa e varou os tempos. Em muitas cantorias, no meio da orgia proibida por lei, Felão chegava, como aconteceu em Curralinho. Então, a dança forçada – A Ronda dos Nus - que foi incrementada com situações inverossímeis. Já era o mito se delineando.
O Alferes, promovido a Tenente, em 29 de junho de 1912, foi nomeado, de 1900 a 1914, Delegado Especial de Polícia 30 vezes: Alto do Rio Doce, Tiradentes, Pitangui, Abaeté, Santo Antônio do Monte, Jacuí, Monte Santo, Sacramento, Curvelo, Sete Lagoas, Santa Luzia, Conceição do Serro, Diamantina, Bocaiuva, Montes Claros, Januária, São Francisco, Minas Novas, Vila Brasília...
Era o oficial para resolver qualquer situação perigosa em que outros relutavam. Assim foi prestigiado por todos os Chefes de Polícia. Recebeu, ao longo dos anos do Séc. XX, 16 elogios dos Chefes de Polícia, Juízes de Direito e  Comandantes. Poucas sanções disciplinares naquela época de rigorosos Regulamentos. Por duas vezes esteve em Conselho de Justiça, mas resultou absolvido.
Delegado de Polícia de Curvelo, em 1905, foi retirado sob a acusação de arbitrariedades. Porém, em 2007, abaixo-assinado das forças vivas do município pleitearam sua volta para por ordem na cidade, e ele retornou. Saiu e voltou em 2009. O clamor público o exigia.
Em 2013, após tentativas frustradas por duas diligências designadas pelo Chefe de Polícia para combater o perigoso marginal Antônio Dó, coube-lhe a tarefa. Viajando por estradas ínvias e navegando pelo São Francisco, à frente de quase 100 milicianos, localizou e travou combates com o facinoroso, que era acoitado em algumas vilas. Não logrou prendê-lo, pois o bandido fugiu antes da sucumbência, indo homiziar-se em Goiás. Livrando-se do bandido, castigou os que o acoitavam no povoado de Vargem Bonita.
O episódio de Antônio Dó deu margem a diversas interpretações. Todas elas sem fundo de veracidade.  Alguns escritores ou cronistas, especulando sem lastro em fontes escritas, dizem que Felão incendiou barracos, matou 30, 20 ou 7, inclusive crianças. Ora, isso seria uma matança sem precedentes! Haveria processo. Ação governamental drástica. E Felão seria expulso. Ao que tudo indica a boataria dos “castigados”, por proteger e acoitar o facínora e seu bando, ganhou foros de verdade no imaginário popular e expandindo-se no tempo. 
Na verdade, de coragem indômita, Felão era “homem da lei”, como o demonstra o episódio do Fórum de Montes Claros, em 1914. Felão, Delegado da cidade, para garantir respeito à decisão do Juiz de Direito, enfrenta o temível Alferes Maldonado.  
O palestrante exibiu dizeres de jornais da época que se referiam a Felão como autoridade que se impunha pela competência e probidade: “O Curvelano”, de Curvelo; “O Pirapora”, “A Penna”,  Januária; “O Reflexo”, Sete Lagoas; “O Cordisburgo”...  Textos manuscritos com dezenas de assinaturas dos abaixo-assinados de 1907/1909 de Curvelo, Curralinho e Lassance pleiteando à Chefia de Polícia o retorno do “Xerife” que sabia impor a ordem e proporcionar segurança à população.
Andarilho do sertão. Nômade do dever. Pousos incertos. Noites indormidas à caça de bandidos. Má alimentação  e fome. Ausência da esposa e filhos. Sacrifícios inauditos em prol das comunidades. Tudo isso minava a saúde daquele sertanejo. Em maio de 1915, retira-se do serviço ativo, e vem a óbito, aos 47 anos, em 05 de julho de 1917, no distrito de Joaquim Felício, Diamantina. Causa mortis: Edema Agudo Pulmonar. Deixou viúva e quatro filhos nominados em seu registro de óbito, no cartório da Comarca de Buenópolis.
O falecimento do bravo soldado foi objeto de Nota Social no Minas Gerais, órgão oficial de 09/10 de julho de 1917, no seguinte teor: “Falecimentos. Telegrama endereçado ao Sr. Major Alfredo Furst, ajudante de ordens do Chefe de Polícia, foi portador da triste notícia do falecimento do Tenente reformado Sr. Félix Rodrigues da Silva, em Buenópolis a 5 do corrente. O extinto, como oficial da Força Pública, prestou, durante muitos anos, excelentes serviços à causa da manutenção da ordem neste Estado. § Homem de grande coragem, cumpridor de deveres, desempenhou cabalmente as mais arriscadas diligências, recomendando-se também, entre seus superiores, colegas e comandados, por bom procedimento, amor ao trabalho e espírito de disciplina. § A morte do distinto e brioso militar causou intensa mágoa no seio da Força Pública, onde o finado contava muitos amigos. § O extinto que era cunhado de nosso companheiro de trabalho da sala de máquinas Sr. Pedro Celso de Abreu deixa viúva e filhos.”
Ao final de sua palestra, o Cel. Alcântara foi vivamente aplaudido pelo auditório que interagiu com perguntas e manifestações de elogio.
Questionado por um dos presentes, se o palestrante respondera ao desafio, o Presidente da ALJGR, respondeu: - “Sim. O Cel. Alcântara, com sua pesquisa profunda e lastreada em documentos, desfez uma teia de difamações que se plantara no tempo. Ofereceu-nos a imagem de um “Homem do Dever” que sacrificou sua saúde em prol das comunidades mineiras. O Alferes Felão, espanada as aleivosias a seu respeito, deve ocupar o lugar que lhe cabe no Panteão dos Titãs da Força Pública Mineira. É a reposição da verdade histórica

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JORNAL ELETRÔNICO-ESPECIAL PARA ALJGR-PMMG


  





















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