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NOVO CANGAÇO[84] Rastreando a Verdade
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Noneto nº 143 - Soneto 6873
Por Silvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil
Interação com Klinger Sobreira de Almeida
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Velho cangaço faz lembrar Sertão
de Lampião, Antônio Dó...bandidos
erradicados; vivos não estão!
Novo
Cangaço põe reféns detidos...
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Metralhadoras matam sem bastão;
inteligência aplica os maus sentidos;
escavadeira em Caixas, sem cartão,
carros blindados? Guardas são traídos.
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A corrupção que existe, exige ação:
_Policiais treinados para a [ guerra; ]
a contenção do crime traz lição.
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Povo mineiro crê, supera, espera
que o desafio nova paz descerra!
_Legislação precisa ser severa.
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Belo Horizonte, MG, Brasil, abril de 2019
Email: clubedalinguaport@gmail.com
https://www.recantodasletras.com.br/sonetos/6634247
https://academiadeletrasdobrasildeminasgerais.blogspot.com/2019/04/6873-novo-cangaco84-rastreando-verdade.html
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Metodologia deste Soneto:
(*)Soneto-Clássico-sáfico-heroico; com sílabas fortes na 4ª, 6ª, 8ª e 10ª sílabas - Rimas: ABAB, ABAB, CDC, EDE; Noneto com 9 solos: jogral-teatral-toante-cantante-poético: CORO:Rimas: AACEE-somente uma voz com apenas 5 instrumentos musicais . SOLOS: Rimas: BAB-BAB-DC-D-9 vozes acompanhadas por solos de instrumentos musicais. (Noneto musical criado por Villa Lobos). (Noneto poético recriado por Silvia Araújo Motta). Mensagem conclusiva no 14º Verso (Último do segundo terceto).
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MENSAGEM DO CRONISTA:
Assunto: Novo Cangaço!
Prezados confrades e confreiras,
Em 83 temas, série Rastreando a Verdade, mantive texto em uma página – mais ou menos 3.200 caracteres com espaço – contudo, neste tema LXXXIV – NOVO CANGAÇO → Opções de Enfrentamento – uma exceção: duas páginas e o dobro de caracteres com espaço. Explico: o assunto abordado, muito atual, grave e preocupante, é denso e complexo. Trata-se da atuação apavorante e sem limites da criminalidade organizada, que, para manter o império do tóxico, vem praticando assaltos de surpresa, alguns até inimagináveis, utilizando carros blindados, explosivos em abundância e armas de guerra, e o comando, via de regra, de dentro dos presídios.
Busquei uma abordagem crua e nua, sem retoques e sem preocupação com a ira de alguns ingênuos defensores dos delinquentes, que, consagrando os bandidos e demonizando a Polícia, cavam o próprio abismo.
Saudações Rosianas,
Klinger Sobreira de Almeida – Cel PM Ref
Presidente ALJGR/PMMG
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Rastreando a Verdade (LXXXIV)
NOVO CANGAÇO →Opções de Enfrentamento
Mestres do Departamento de Instrução/PMMG, década/50: “Escopo da Polícia de Patrulha, protegendo a sociedade: diminuir o espaço da delinquência e inibir a vontade de delinquir. Protocolo da Ação Policial – Tática espaçotemporal de abordagem: preservar a vida de possíveis reféns; assegurar incolumidade da vizinhança. Vencer a resistência dos criminosos contumazes e entregá-los à Justiça Criminal. Eliminar o delinquente tão somente em casos extremos: legítima defesa própria ou de terceiros, no estrito cumprimento do dever legal”.
Anos 60/80: vivenciei prevenção e combate à delinquência em suas variadas vertentes; ora no comando de frações ou unidades PM, ora como Delegado Especial de Polícia ou de Capturas. Andarilho do sertão, desemboquei, de retorno, em BH, onde criamos, no Batalhão de Choque, a ROTAM, para combate à criminalidade da pesada.
Naquela época, o tráfico de drogas não havia atingido preponderância, e a polícia dispunha de superioridade de armamento; os delinquentes portavam, basicamente, revólveres. A legislação era mais severa, medidas cautelares tempestivas e rigor nas penas. A lei, ao invés de fragilizar, fortalecia a Polícia.
Os delinquentes, urbanos ou rurais, tinham pouca mobilidade. Os mais audaciosos enfrentavam a polícia, mas, quando sentiam a superioridade desta, rendiam-se, e suas vidas preservadas. Mortes, por resistência à ação policial, raras.
A partir de meados de 1980, coincidindo com o esgarçamento moral da vida política, emergiram dispositivos legais incríveis, que causam admiração aos observadores internacionais. V.g, a Lei de Execução Penal, prenhe de benesses, possibilitou, ao crime organizado, o domínio dos presídios. No contexto das leviandades legislativas, o Sistema de Segurança Pública tornou-se vulnerável.
Atualidade: (1) armas de guerra, sofisticadas, adentrando no território nacional, em escala, por ar, terra e mar, suprem as facções criminosas; (2) o crime, lastreado no tráfico de drogas, assenhoreou-se de espaços nos centros urbanos; (3) a delinquência organizou-se empresarialmente, além das fronteiras estaduais; estrutura-se para substituir o poder legal; (4) os ataques, principalmente a bancos e carros fortes, ocupam cidades como se estas fossem teatro de batalha: isolam, prendem ou matam policiais, fazem reféns, explodem alvos, incendeiam veículos, impõem bloqueio das vias...
A criminalidade hodierna, imperante no Brasil, extrapolou os limites do admissível. Os bandidos, portando armas de fogo de alta potência, às vezes desconhecidas das forças de segurança, movimentando-se em carros blindados, não se rendem. Reputam-se superiores à Polícia em todas e quaisquer circunstâncias.
Dentro dessa nova geografia delinquencial, a Polícia praticaria suicídio se continuasse com as antigas práticas, como em alguns locais ainda continua. Equipes especializadas (Rota, Garra, Bope, Rotam...), quando têm condições de enfrentamento, sabem que agem em “campo de guerra”, onde o delinquente crê em sua supremacia, e não cogita rendição. Então, resta às forças da ordem, a eliminação do oponente (ou a retirada covarde, ou oferta à morte, o que seria inconcebível!).
Nos últimos anos, dezenas de casos de barbárie criminosa, a maioria exitosa. A inteligência policial, após os primeiros reveses, se recompôs, e a tropa vem sendo empregada com sabedoria tática. Exemplos: (1) Set2017, a GARRA/SP enquadrou um grupo de assaltantes no bairro Morumbi; no entrevero, fuga e 10 marginais mortos. (2) Ago2018, cerco e bloqueio, Polícia alagoana interceptou grupo criminoso que assaltara agência bancária no agreste de Pernambuco: 11 bandidos mortos (3) 04Abr2019, ROTA/SP trava combate com bando de quase 30 assaltantes que, na madrugada, acordara a cidade de Guararema: explosão de duas agências bancárias; assalto frustrado, 11 bandidos mortos; perseguição e rendição com quatro presos. Ações precisas, sem nenhum ponto de vulnerabilidade; reféns e população resguardados.
“Novo Cangaço”! As Polícias repensaram o modus operandi. A bandidagem, para alívio das comunidades receosas e intranquilas, vem sofrendo derrotas iterativas. Porém, batalhas vencidas não significam erradicação dessa modalidade de beligerância da criminalidade organizada. Esta dispõe de uma malha legislativa condescendente. Há grupos ideológicos atuantes, imbuídos de humanismo liberal pró-delinquentes (sacralizam o bandido e demonizam a Polícia!). Prevalece, ainda, uma corrupção no topo, que inviabiliza políticas públicas favoráveis à população de baixa renda.
Na verdade, o crime organizado empresarialmente, e entrosado numa ambiência de lodo moral, implantou um “estado de guerra sem tréguas” contra as comunidades. A Polícia, apesar dos fatores adversos, tenta a contenção de seu avanço, mas atua tão somente nos efeitos. E as causas, onde medram as raízes? Quem vai atuar para elidi-las?
A erradicação do “Novo Cangaço” é um desafio da sociedade brasileira. Primeiro, desafivelar as máscaras da hipocrisia e extinguir a corrupção que grassou, de forma intensa e vergonhosa. Concomitante, reformar, urgente e corajosamente, a malha de legislação penal, aproveitando o embalo dos estudos preparados pelo Ministro Sérgio Moro. Na sequência, reestruturação do Sistema Nacional de Segurança Pública, visando sua eficiência/eficácia para quebrar o eixo logístico do crime (Quem sabe a instituição de um Corpo de Polícia de Fronteiras e uma Guarda Costeira?!). Retomar políticas públicas que fomentem o desenvolvimento e o pleno emprego. Mas não só! Promover uma reengenharia da educação: priorizar a escola pública integral, obrigatória; crianças e adolescentes fora do alcance da marginalidade. Fazer presença pública – infraestrutura básica, moradia, saneamento, água, energia, saúde, transporte... – nas áreas carentes.
Enquanto o conjunto de ações caminha nos gabinetes, em elucubrações, ou hesitações, a população exige segurança. A Polícia não pode ficar inerte, temerosa dos vitupérios hipócritas. Deve agir, coordenadamente, com inteligência no emprego da força, aniquilando o poderio bélico do crime organizado. No confronto Polícia versus Bandos Armados com poderosas armas de guerra, a opção que resta aos Agentes da Lei é obter rendição, clara e imediata, ou eliminar o delinquente; se não o fizerem, poderão morrer ingloriamente, e inocentes massacrados.
Como o “Velho Cangaço” – Lampião, Antônio Dó e outros algozes – foi esmagado há quase um século, o “Novo Cangaço” também haverá de ser erradicado para gáudio de um Brasil que anseia por segurança, paz e desenvolvimento.
Klinger Sobreira de Almeida – Cel PM Ref/Membro ALJGR/PMMG