REFLEXÃO
Ricardo Bezerra - Brasil
Este é um pequeno texto para reflexão quanto às atuais argumentações dos dirigentes de instituições culturais quanto aos acadêmicos eleitos e que, além de desaparecerem das ações culturais e administrativas da Instituição, são fiéis inadimplentes quanto às pequenas contribuições financeiras fixadas pela Diretoria para uma receita mínima que visa unicamente custear pequenas despesas originárias da Instituição.
Academia é uma “Sociedade ou agremiação, com caráter científico, literário ou artístico”. Desta forma ela é um conjunto dos seus membros, denominados “acadêmicos”.
As academias possuem seus quadros acadêmicos através dos seus patronos que, conforme sua localidade ou abrangência geográfica, normalmente são escolhidos pelos Acadêmicos no momento da criação da Instituição, entre pessoas ilustres já falecidas e que sejam representativas e que estejam inseridas no contexto da Instituição.
O Patrono, diante do número de cadeiras que passam a formar a Academia, passa a deter um numeral que irá designar a partir daquele momento a Cadeira a ser pleiteada por quem se considere apto a ocupá-la e que para isto sofrerá o sufrágio dos Acadêmicos já empossados. Este princípio não se aplica ao momento de criação de uma Instituição porque os fundadores não passam pelo citado sufrágio, mas são por todos os integrantes fundadores automaticamente já eleitos. Isto não os afasta da reflexão ora apresentada da inadimplência, como, também, do isolamento das ações culturais e administrativas da Instituição.
Denominamos genericamente de “escritor” aquele que passa a pleitear uma vaga ou uma Cadeira em uma Academia de Letras, mediante o falecimento de um Acadêmico. Ora, a pretensão do Escritor passa a ser a de alcançar a IMORTALIDADE.
A Imortalidade é de duração perpétua. Neste conceito de perpetuidade defino que o Acadêmico enquanto vivo detém apenas a qualidade de imortal e não a imortalidade. Assim, ao ser eleito e após devidamente empossado passa a usufruir da imortalidade, que nunca terá fim; que jamais será esquecido por estar eternizado na memória dos homens.
Esta eternização absorvida pelo Escritor o faz caminhar entre duas correntes administrativas das Instituições Culturais. A primeira é que a luta ou o trabalho político-administrativo para inscrição e eleição para a Cadeira momentaneamente vaga tem sua revitalização quando o Acadêmico se torna um Escritor participativo das ações culturais e administrativas da Instituição equando contribui com o pagamento dos valores, mensais ou anuais, atribuídos como receita da Instituição e devidos pelos Acadêmicos.
A segunda corrente é quando o Escritor possui no seu íntimo a intenção da “busca pela imortalidade” apenas para composição curricular e status social, abandonando logo em seguida as ações culturais e administrativas das Instituições e, principalmente, não pagando mais qualquer valor contributivo para os cofres da Instituição, passando a compor um QUADRO DE EFETIVOS INADIMPLENTES DA PERPETUAÇÃO ACADÊMICA.
Quando tratamos de ACADEMIA fazemos uma associação imediata à Academia Francesa de Letras e à Academia Brasileira de Letras. Estas Instituições tradicionais e conservadoras dos princípios acadêmicos jamais colocarão em discussão a inadimplência acadêmica. Porém, as demais Instituições já passam a discutir o tema e algumas já colocam em seus Estatutos a perda do Título de Acadêmico em virtude da inadimplência acadêmica e assiduidade nas ações culturais e administrativas da Instituição.
Considerando que o Escritor eleito para uma Cadeira em uma Academia de Letras, onde esta tem caráter de uma “sociedade” e que nesta sociedade o Escritor, na condição de pessoa enquanto viva detém apenas a qualidade de imortal e não a imortalidade, por ser esta de duração perpétua e que nunca terá fim, onde jamais será esquecido por estar eternizado na memória dos homens, dar-se-á como perpetuado após a sua morte.
O conceito de imortalidade passa, então, a não mais ser definitivamente agregado ao Escritor eleito para uma determinada Cadeira de uma Academia de Letras, mas quando efetivamente fizer cumprir através de suas ações culturais e administrativas, como da adimplência, os objetivos da Instituição, até que a morte o venha consagrar com a IMORTALIDADE.
Dedico este conceito de imortalidade ao EscritorJoacil de Brito Pereira que em sua trajetória Acadêmica (Academia Paraibana de Letras; Instituto Histórico e Geográfico Paraibano; Academia de Letras e Artes do Nordeste – Núcleo Paraíba; entre outras) foi digno ao cumprir com veemência os princípios que norteiam a verdadeira IMORTALIDADE.
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