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MEMENTO
DE ORIENTAÇÃO 009/PRESIDÊNCIA – 18Ago17
Finalidade:
Orientar aspectos concernentes ao apoio e detalhes na estruturação da 3ª Sessão
Literária/2017.
Considerações:
Em conjugação de interesse e esforços com o Clube dos Oficiais e Academia de Polícia
Militar, a Academia de Letras João Guimarães Rosa promoverá a 3ª Sessão
Literária/2017. A 1ª Sessão realizou-se
em 04Fev, no auditório Buriti. O Acadêmico Ten. Francis Albert Cotta, para um
recinto lotado, desvendou, no tocante ao aparato de segurança pública, os anos
de edificação da capital mineira (1894/1898),
evidenciando o papel relevante do Primeiro Delegado de Polícia: Capitão
ANTÔNIO LOPES. A 2ª Sessão, concomitante à investidura do Cel. Helbert Figueiró
de Lourdes – Cmt. Geral – na Presidência de Honra do Sodalício, teve lugar no
auditório da Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Sargentos, em 08 de abril,
ocasião em que o Acadêmico Cel. Alcino Lagares Côrtes Costa, para um auditório
com mais de 300 pessoas, entre acadêmicos, convidados e alunos CFO e CAS,
discorreu sobre a Trajetória Progressiva da Força Pública Mineira da Década de
40 aos anos 90, no que tange à concepção tático-estratégica das operações. No
próximo 1ºSet, teremos a oportunidade de clarear as passagens históricas do mitológico
Alferes FELÃO. Dar-nos-á essa oportunidade o Pesquisador da História Miliciana
– Acadêmico Cel. Antônio Fernando de Alcântara.
O
Evento: “Alferes
FELÃO – Um Retrato Sem Retoques” – desenvolver-se-á no auditório da EFAS,
Rua Dr. Gordiano,123, Prado, em 01Set17, 6ª feira, de 19h00 às 21h15, conforme
sequência detalhada no Convite que
acompanha este Memento. Observação: O convite, no seu conteúdo e
designer, foi desenvolvido pela Acadêmica Profª Sílvia Araújo Mota e pelo
Web-Designer Alexandre Rodrigo Alves.
Presença:
Considerando o interesse pedagógico do evento, estamos recebendo o apoio do
Cmt. da APM – Cel. Robson José de Queiroz - através da ação direta da
Coordenadora Geral de Ensino – TC Nirlane Barroso – e do Cmt. da EFAS – TC
Warley Gomes. Conforme acordado, estarão presentes 200 alunos da EFAS e 60 do
CHO. Além dos alunos, contaremos com o abrilhantamento de convidados da PMMG,
músicos da OSPM e dos Acadêmicos da ALJGR.
Organização
do Auditório da EFAS: Nosso Setor Logístico – Acadêmico
Arquiteto André Ricardo de Souza e
Parceira-Funcionária Ana Maria – e Acadêmica Sílvia de Araújo Motta apoiarão o
comando da EFAS na organização e decoração do auditório.
Apoio
Logístico: (1) Nosso Setor Logístico, via Acadêmico Cel. José
Guilherme, demandará o que for necessário em material e transporte do COPM; (2)
O Palestrante – Cel. Alcântara – demandará diretamente ao comando da EFAS suas
necessidades relativas aos meios audiovisuais para a palestra, bem como
auxiliares; (3) A Parceira-Funcionária Ana Maria providenciará suprimento de
água com auxílio da administração da EFAS (recepção e palestrante).
Apoio
Musical: O Acadêmico Cap. Marco Aurélio Lacerda providenciará,
conforme já solicitado formalmente (1) o Conjunto de Metais/OSPM para o Hino
Nacional Brasileiro, Canção “Avante! Camaradas” e Canção da PMMG; (2) o
Cantor-Guia do Hino e canções. A Acadêmica Profª Sílvia fará a distribuição da
letra das canções. Observação: A Acadêmica Profª Sílvia e a Parceira Ana
Maria providenciarão um backup de som, mormente para a Canção “Avante!
Camaradas”.
Cerimonial:
(1) A cargo do Diretor de Marketing
Cultural – TC Gilmar Luciano dos Santos - que coordenará sua equipe para recepção e
registro de autoridades, encaminhamento ao auditório e condução da cerimônia consoante as
formalidades de praxe e o especificado no convite em anexo. Se necessário,
solicitará à TC Nirlane e ao TC Warley apoio em recursos humanos. (2) Os cartões
de registro de autoridades devem estar ao alcance do Mestre de Cerimônias (que
será definido pelo Diretor de Marketing Cultural) e do Presidente da Academia.
Vídeo/Fotografias:
(1) Competirá à Diretoria de Marketing Cultural, via Assessoria de Jornalismo –
Subtenente Deiwson Ferreira de Magalhães – atendendo ao interesse
pedagógico/didático de repetição da palestra para alunos e milicianos em geral,
providenciar um vídeo completo da palestra. (2) A cobertura fotográfica é fundamental.
Além dos meios da DCO, sugere-se solicitar apoio ao COPM que dispõe de
excelente fotógrafo contratado.
Difusão
dos Convites: (1) A Acadêmica Profª Sílvia e a
Parceira Ana Maria, em conjugação com a Secretaria – TC Eli Chagas e TC Mirian
- Diretoria de Marketing Cultural, Acadêmico Cel. Sérgio Henrique e colaboração
dos demais Acadêmicos, providenciarão a difusão dos convites às áreas de
interesse: Alto-Comando da PMMG e CBMMG, Comandantes de Unidade da RMBH,
Presidentes de entidades da categoria: AOPMBM, ASPRA, Centro Social de Cabos e
Soldados, Presidente UMMG etc; Secretário de Segurança Pública e Assistentes;
Presidentes de entidades congêneres: AMULMIG, ARCÁDIA, IHGMG, AML, ACLGR, FJGR,
áreas de interesse do PALESTRANTE etc. (2) A Diretoria de Mkt Cultural
solicitará apoio à DCO para difundir o evento na PMMG e CBMMG.
Difusão
Pós-Evento: O Palestrante fornecerá ao Acadêmico Jornalista
Deiwson Magalhães uma cópia do material da Palestra, visando elaboração de
matéria para o jornal eletrônico Cinco Ponto Cinco, jornal do COPM, jornal da
UMMG e sites das entidades de classe: AOPMBM, ASPRA...
Elaboração
da ATA: Caberá ao 1º Secretário auxiliado pela 2ª Secretária. O Palestrante,
a fim de facilitar a elaboração da ATA, fornecerá um resumo de sua apresentação
ao Secretário.
Livros
de Registro de Presença: A Secretaria, com apoio da Parceira
Ana Maria, disponibilizará dois livros (1) Presença de Acadêmicos, Parceiros-Assessores
e Beneméritos; (2) Presença de convidados com registro das autoridades e
respectivos cargos. Observação: No tocante à presença de alunos,
registrar no livro de convidados, no fechamento da página – número de alunos
por curso.
Pós-Evento:
Diretoria de Marketing Cultural e Secretaria, entrosando-se com a Parceira Ana
Maria, indicarão as presenças que devem ser objeto de agradecimento formal do
Presidente, via correspondência.
Klinger
Sobreira de Almeida – Cel. PM Ref.
Presidente
ALJGR/PMMG
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Prezados confrades e confreiras,
Pela presença, participação e repercussão, podemos asseverar que nossa 3ª Sessão Literária, realizada ontem, de 19h00 às 21h30, no auditório da EFAS, teve absoluto êxito.
O palestrante – Acadêmico Cel. Antônio Fernando de Alcântara – abordou um tema polêmico – Alferes FELÃO→Um Retrato Sem Retoques – com muita propriedade e conhecimento de causa. Durante cinco meses, viajou por localidades onde Felão fizera sítio, pesquisou em arquivos e vetustos exemplares de jornais, conversou com pessoas, examinou e releu obras literárias diversas, e nos trouxe um Retrato Sem Retoques do polêmico Alferes que, sem dúvida alguma, foi um homem providencial para uma época e marcou sua presença, tornando-se um mito da segurança pública . Como ser imperfeito – e todos nós o somos! – a par das grandezas, deixou um rastro de violência.
Além da presença de parcela do corpo discente da APM (quase 300 alunos), com ênfase aos alunos da EFAS, prestigiaram-nos companheiros e pessoas de relevância: (1) Ten. Cel. Cláudia Herculana e Cap. Pantoja, representando a AOPMBM; (2) Cel. PM Dorgival Olavo Guedes Jr., Ex-Chefe Estado-Maior PMMG; (3) Major BM Laércio de Oliveira Ferreira e esposa Gilda Tosta, Cap. BM Andiara Beatriz e Ten. BM Igor Rafael – representando do CBMMG; (4) Cel. Zeder Gonçalves do Patrocínio, Presidente da UMMG; (5) TC Zilton Ribeiro do Patrocínio, representante da Fundação Guimarães Rosa; (6) Dr. Raimundo Alves de Jesus, Presidente da ACLGR, e esposa, e o Acadêmico José Maria, que encenou um conto de Guimarães Rosa; (7) Dr. Wagner Colombarolli, ex-Presidente do IHGMG e Arcádia; (8) Cel. BM José Honorato Ameno, representando o Presidente COPM; (9) TC Hélio Hiroshi Hamada, representante Cmt. APM; (10) Cel. Áurea dos Santos Silva Araujo, do Conselho de Orientadores AOPMBM; (11) Jornalista e Escritor Luis Góes, autor de A História do 5º Batalhão; (12) Ten. Cel. Warley Oliveira Gomes, Cmt. da EFAS e nosso anfitrião; (13) Ten. Alexandro de Sousa Rosse, escultor ligado à nossa Academia; além de militares da ativa/reserva e outras pessoas gradas.
Tivemos a presença de 19 (dezenove) Acadêmicos (as), alguns com sacrifício, como o TC Gilmar que, encerrando o expediente no 48º BPM, em Ibirité, veio direto, no meio de um trânsito caótico, e foi o nosso Mestre de Cerimônia. Presente, também, Branca, esposa do confrade Marinho, e a nossa Acadêmica Sílvia e Ana Maria, suportes do evento.
Foi relevante a participação do Conjunto de Metais/OSPM. Todos se destacaram, mas ressalte-se o Sgt. Narciso conduzindo o canto do Hino Nacional Brasileiro, Avante Camaradas e Canção da PMMG.
Cremos que a ALJGR, no que tange à sua finalidade (artigo 2º do Estatuto), está no caminho certo: ressaltando os personagens que marcaram a história da instituição; espanando a poeira do tempo; levantando valores que sedimentaram as instituições militares mineiras.
Agradecemos a todos os confrades e confreiras que apoiaram esta exitosa 3ª Sessão Literária, e, em especial, o Pesquisador-Palestrante Acadêmico Cel. Antônio Fernando de Alcântara, cujo desempenho foi impecável. Na verdade, foi o “astro” da noite.
Por derradeiro, ressaltamos e agradecemos o COPM - na pessoa do Cel. Piccinini, do Acadêmico Cel. José Guilherme e dos dedicados funcionários – e a Academia de Polícia Militar, cujo Cmt. Cel. Robson José de Queiroz entendeu o alcance estratégico das iniciativas da ALJGR e tem sido nosso parceiro integral, bem como seus escalões de ensino: TC Nirlane Barroso e TC Warley Gomes.
Avante, Camaradas! Com saudações rosianas, continuemos na trajetória ascensional desta Academia!
Klinger Sobreira de Almeida – Cel. PM Ref.
Presidente ALJGR/PMMG
JORNAL CINCO PONTO CINCO
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Terceira Sessão Literária:
1º. DE SETEMBRO DE 2017.
ACADEMIA DE LETRAS JOÃO
GUIMARÃES ROSA
da Polícia Militar de Minas
Gerais.JornalCincoPontoCinco.
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1º
de setembro, 6ª feira, 19h00, auditório da Escola de Formação e Aperfeiçoamento
de Sargentos-EFAS, com quase 300 alunos de curso de oficiais e de sargentos,
convidados civis e militares, e acadêmicos rosianos. Superlotação! 3ª Sessão
Literária/2017, da Academias de Letras João Guimarães Rosa/PMMG. Êxito absoluto!
O
Cel. Klinger Sobreira de Almeida, Presidente da Academia, ao lado do anfitrião
Cmt. da EFAS – Ten. Cel. Warley Gomes -
e do Diretor Cultural, Ten. Cel. Acadêmico Gilmar Luciano, recebia os
convidados.
Destaques:
Dr. Raimundo Alves de Jesus – Presidente da Academia Cordisburguense de Letras
Guimarães Rosa – e esposa, além de acadêmicos de seu Sodalício; Cel. Zeder
Gonçalves, Pres. UMMG; Ten. Cel. Zilton, da Fundação Guimarães Rosa; Cel.
Dorgival Olavo Guedes, ex-Chefe do Estado-Maior; Ten. Cel. Cláudia Herculana e
o Cap. Pantoja – Diretores da AOPMBM; Cel Áurea dos Santos, Conselho
Orientadores AOPMBM; Cel. José Honorato Ameno, representando o Presidente COPM,
Cel. Piccinini; Dr. Wagner Colombarolli, ex-Presidente do IHGMG e ARCÁDIA; Ten. Cel. Hélio Hiroshi Hamada, Chefe CPP/APM
e representando Cmt. APM; Jornalista Luis Góes, festejado autor da História do
5º BPM; Major BM Laércio de Oliveira Ferreira e esposa Gilda Tosta, Cap. BM
Andiara Beatriz e Ten. BM Igor Rafael – representando o CBMMG.
Com
as formalidades tradicionais – Hino Nacional Brasileiro, conduzido pelo Sgt.
Narciso e acordes do Conjunto de Metais/OSPM, e invocação acadêmica – o Mestre
de Cerimônias, TC Gilmar, dá as boas-vindas a todos e passa a palavra ao
Presidente da Academia para a apresentação do palestrante que, logo após,
inicia sua exposição.
O
ACADÊMICO CEL. ALCÂNTARA RESPONDE AO DESAFIO QUE LHE FOI DADO HÁ CINCO MESES:
“ALFERES
FELÃO -
UM
RETRATO SEM RETOQUES”
Diz
o Cel. Antônio Fernando de Alcântara que, durante cinco meses, desdobrou-se.
Viajou a cidades por onde há mais de cem anos andou Felão. Conversou com
pessoas que rememoravam Felão, por curiosidade, admiração ou reconhecimento.
Desencavou velhos alfarrábios e jornais locais. Garimpou arquivos públicos e
trouxe à tona despachos governamentais. Descobriu documentos esquecidos na
poeira do tempo. Estudou obras que
falavam sobre a vida real de Felão ou interpretavam ficções popularizadas e
sedimentadas no tempo pela “voz do vulgo”. Enfim, pesquisou em extensão e
profundidade.
Respondendo
ao desafio, Alcântara, “sem sacralizar nem demonizar”, desenhou o “Retrato do
Verdadeiro Felão”. Vejamos, numa síntese, o que contém o volumoso “caderno de
pesquisa”, de 151 páginas, base da palestra, cuja cópia entregou ao Presidente
da Academia.
Guimarães
Rosa, ao lado de seu tio Vicente Guimarães (apenas dois anos mais velho), quando
criança ouvia as lendas sobre o mito Felão. Associou-o à maldade. Quando jovem
diplomata, em 1936, com rica passagem pela Força Pública mineira, lançou o
famoso poema BATUQUE – um enredo que
reproduz o folclore nativo, no qual Felão é figura central pelo temor que provocava.
Felão, sinônimo da perversidade humana, ressurge em personagens de grande
escritor.
Alcântara
inicia a palestra exibindo em tela e declamando o Batuque. O auditório mexe-se!
1870.
Nascia no agreste baiano, filho do casal Cândido Rodrigues da Silva/Flausina,
aquele que, em pia bastimal, receberia o nome de FÉLIX RODRIGUES DA SILVA.
Cresceu no meio agreste, tornando-se um mulato espadaúdo que, um dia, na rotina
dos nordestinos, trocou o sertão de lá pelo de cá. Aportou em terras mineiras.
1888
– Assentou praça no Corpo Policial, destacamento de Paracatu.
1892
– Promovido a Cabo de Esquadra.
29
de março de 1894, o escrivão de um dos cartórios de Ouro Preto faz os proclamas
de casamento do Cabo de Esquadra Félix com a senhorita Emília da Rocha Andrade,
da sociedade ouropretense.
1896
– Promovido a Furriel.
1897
– Promovido a 2º Sargento.
1890
– Por ato governamental, em julho, é promovido ao primeiro posto do oficialato:
ALFERES.
Até
galgar o oficialato, Félix, já conhecido por Felão, por seu avantajado físico,
disposição para o trabalho e impetuosidade no combate aos delinquentes, o
graduado sobressaíra-se entre seus pares e se tornara o homem de confiança do
célebre Cap. Antônio Lopes, Delegado de Polícia de Curral Del Rey no período de
construção da nova capital mineira.
A
crônica ancestral dá notícia de que naquele período crucial – de 1895 a 1898 –
de edificação de uma novel cidade, no meio da leva de trabalhadores, vinham
também marginais e aventureiros. Pediu-se ao governo reforço para o destacamento
pioneiro do Cap. Lopes. Eis que, no início de 1897, chega, comandando um
piquete de cavalaria, o sargento Félix, o Felão. A ordem se implantou, e
inaugurada a capital, uma favela surgira na Floresta. Coube ao sargento Felão
comandar o destacamento da primeira favela de Belo Horizonte, levando segurança
e tranquilidade aos seus habitantes ao mesmo tempo em que espantava os
delinquentes.
Alcântara,
na sua vasta pesquisa, mostra o rol de inverdades de alguns escritores que,
inclusive, taxavam Felão de um brutamontes analfabeto. A promoção a Alferes
desmente a mentira desses falsos historiadores. A ascensão ao oficialato,
àquela época, além da competência profissional incontrastável e bravura, exigia-se avançada cultura intelectual. Felão
possuía-a, o que demonstra o exercício da função de Delegado Especial de
Polícia – presidência de inquéritos e flagrantes; elaboração de relatórios
etc.., O palestrante exibe manuscritos
de Felão: caligrafia e redação escorreitas.
Nos
primórdios do Séc. XIX, predominavam no interior do Estado, os Delegados de
Polícia leigos, nomeados politicamente. Minas fora dividido, para efeito de
segurança pública – Portaria do Chefe de Polícia - em 32 circunscrições policiais – uma cidade
sede e os municípios periféricos. Em cada uma delas, seria mantido um Delegado
Especial de Polícia, via de regra, oficial da Força Pública.
O
palestrante reporta-se àqueles tempos. O castigo físico era um método
pedagógico. Começava-se no lar. A mãe corrigia a criança com chineladas ou vara
de marmelo, e o pai, com umas boas sovas de correia. Na escola, ajoelhar-se em
grãos de milho ou palmatórias. A Marinha abolira a lei da chibata, como sanção
disciplinar, em 1910. O Sertão Mineiro era o império dos jagunços, que tinham
sua própria lei. A polícia reagia à altura. Vale a pena recordar uma conduta
que se transformara em dito popular de cunho pedagógico: “A criança que não
apanha no lar, para se corrigir, vai apanhar da polícia quando chegar a
adulto”.
1900Julho.
Foi este o teatro de operações em que Felão iniciou sua saga como Delegado do
Chefe de Polícia, ao qual a Força Pública era subordinada. O destacamento
policial, empregado pelo Delegado de Polícia, cumpria suas ordens.
“
- Felão veio?
-
Não veio não.
-
Por que ele não veio?
-
Não sei, não.”
Esta
quadra ficou famosa e varou os tempos. Em muitas cantorias, no meio da orgia
proibida por lei, Felão chegava, como aconteceu em Curralinho. Então, a dança
forçada – A Ronda dos Nus - que foi incrementada com situações inverossímeis.
Já era o mito se delineando.
O
Alferes, promovido a Tenente, em 29 de junho de 1912, foi nomeado, de 1900 a
1914, Delegado Especial de Polícia 30 vezes: Alto do Rio Doce, Tiradentes,
Pitangui, Abaeté, Santo Antônio do Monte, Jacuí, Monte Santo, Sacramento,
Curvelo, Sete Lagoas, Santa Luzia, Conceição do Serro, Diamantina, Bocaiuva,
Montes Claros, Januária, São Francisco, Minas Novas, Vila Brasília...
Era
o oficial para resolver qualquer situação perigosa em que outros relutavam.
Assim foi prestigiado por todos os Chefes de Polícia. Recebeu, ao longo dos
anos do Séc. XX, 16 elogios dos Chefes de Polícia, Juízes de Direito e Comandantes. Poucas sanções disciplinares
naquela época de rigorosos Regulamentos. Por duas vezes esteve em Conselho de
Justiça, mas resultou absolvido.
Delegado
de Polícia de Curvelo, em 1905, foi retirado sob a acusação de arbitrariedades.
Porém, em 2007, abaixo-assinado das forças vivas do município pleitearam sua
volta para por ordem na cidade, e ele retornou. Saiu e voltou em 2009. O clamor
público o exigia.
Em
2013, após tentativas frustradas por duas diligências designadas pelo Chefe de
Polícia para combater o perigoso marginal Antônio Dó, coube-lhe a tarefa.
Viajando por estradas ínvias e navegando pelo São Francisco, à frente de quase
100 milicianos, localizou e travou combates com o facinoroso, que era acoitado
em algumas vilas. Não logrou prendê-lo, pois o bandido fugiu antes da
sucumbência, indo homiziar-se em Goiás. Livrando-se do bandido, castigou os que
o acoitavam no povoado de Vargem Bonita.
O
episódio de Antônio Dó deu margem a diversas interpretações. Todas elas sem
fundo de veracidade. Alguns escritores
ou cronistas, especulando sem lastro em fontes escritas, dizem que Felão
incendiou barracos, matou 30, 20 ou 7, inclusive crianças. Ora, isso seria uma
matança sem precedentes! Haveria processo. Ação governamental drástica. E Felão
seria expulso. Ao que tudo indica a boataria dos “castigados”, por proteger e
acoitar o facínora e seu bando, ganhou foros de verdade no imaginário popular e
expandindo-se no tempo.
Na
verdade, de coragem indômita, Felão era “homem da lei”, como o demonstra o
episódio do Fórum de Montes Claros, em 1914. Felão, Delegado da cidade, para
garantir respeito à decisão do Juiz de Direito, enfrenta o temível Alferes
Maldonado.
O
palestrante exibiu dizeres de jornais da época que se referiam a Felão como
autoridade que se impunha pela competência e probidade: “O Curvelano”, de
Curvelo; “O Pirapora”, “A Penna”,
Januária; “O Reflexo”, Sete Lagoas; “O Cordisburgo”... Textos manuscritos com dezenas de assinaturas
dos abaixo-assinados de 1907/1909 de Curvelo, Curralinho e Lassance pleiteando
à Chefia de Polícia o retorno do “Xerife” que sabia impor a ordem e
proporcionar segurança à população.
Andarilho
do sertão. Nômade do dever. Pousos incertos. Noites indormidas à caça de bandidos.
Má alimentação e fome. Ausência da
esposa e filhos. Sacrifícios inauditos em prol das comunidades. Tudo isso
minava a saúde daquele sertanejo. Em maio de 1915, retira-se do serviço ativo,
e vem a óbito, aos 47 anos, em 05 de julho de 1917, no distrito de Joaquim
Felício, Diamantina. Causa mortis: Edema Agudo Pulmonar. Deixou viúva e quatro
filhos nominados em seu registro de óbito, no cartório da Comarca de
Buenópolis.
O
falecimento do bravo soldado foi objeto de Nota Social no Minas Gerais, órgão
oficial de 09/10 de julho de 1917, no seguinte teor: “Falecimentos. Telegrama endereçado ao Sr. Major Alfredo Furst, ajudante
de ordens do Chefe de Polícia, foi portador da triste notícia do falecimento do
Tenente reformado Sr. Félix Rodrigues da
Silva, em Buenópolis a 5 do corrente. O extinto, como oficial da Força
Pública, prestou, durante muitos anos, excelentes serviços à causa da
manutenção da ordem neste Estado. § Homem
de grande coragem, cumpridor de deveres, desempenhou cabalmente as mais
arriscadas diligências, recomendando-se também, entre seus superiores, colegas
e comandados, por bom procedimento, amor ao trabalho e espírito de disciplina.
§ A morte do distinto e brioso militar causou intensa mágoa no seio da Força
Pública, onde o finado contava muitos amigos. § O extinto que era cunhado de
nosso companheiro de trabalho da sala de máquinas Sr. Pedro Celso de Abreu
deixa viúva e filhos.”
Ao
final de sua palestra, o Cel. Alcântara foi vivamente aplaudido pelo auditório
que interagiu com perguntas e manifestações de elogio.
Questionado
por um dos presentes, se o palestrante respondera ao desafio, o Presidente da
ALJGR, respondeu: - “Sim. O Cel.
Alcântara, com sua pesquisa profunda e lastreada em documentos, desfez uma teia
de difamações que se plantara no tempo. Ofereceu-nos a imagem de um “Homem do
Dever” que sacrificou sua saúde em prol das comunidades mineiras. O Alferes
Felão, espanada as aleivosias a seu respeito, deve ocupar o lugar que lhe cabe
no Panteão dos Titãs da Força Pública Mineira. É a reposição da verdade
histórica”
-
JORNAL ELETRÔNICO-ESPECIAL PARA ALJGR-PMMG
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