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EQUILÍBRIO EMOCIONAL
Fundamento da Profissão Policial
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Soneto nº 7494 - Noneto nº 260
Por Sílvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil
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Em mês de junho, vídeo mostra o mal
comportamento; fato que comprova
prisão em texto, foto no jornal;
as agressões, a Tropa não aprova.
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Toda emoção expõe ação real,
mas descontrole, sempre a Lei reprova;
pede equilíbrio, calma, voz ideal.
Nesta lição flagrante, luz renova.
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Na Formação, Polícia ensina bem,
sem violência traz rigor mantido;
na disciplina e ordem crê também.
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Profissional que é sério, nunca chuta;
bem preparado leva o ser detido...
O Militar aprende ter conduta.
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Belo Horizonte, Minas Gerais, junho, 2021
https://www.recantodasletras.com.br/sonetos/7284784
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Soneto nº 7494 - Noneto nº 260
Por Sílvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil
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Em mês de junho, vídeo mostra o mal
comportamento; fato que comprova
prisão em texto, foto no jornal;
as agressões, a Tropa não aprova.
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Toda emoção expõe ação real,
mas descontrole, sempre a Lei reprova;
pede equilíbrio, calma, voz ideal.
Nesta lição flagrante, luz renova.
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Na Formação, Polícia ensina bem,
sem violência traz rigor mantido;
na disciplina e ordem crê também.
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Profissional que é sério, nunca chuta;
bem preparado leva o ser detido...
O Militar aprende ter conduta.
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Belo Horizonte, Minas Gerais, junho, 2021
https://www.recantodasletras.com.br/sonetos/7284784
https://academiadeletrasdobrasildeminasgerais.blogspot.com/2021/06/equilibrio-emocional-soneto-n-7494.html
-Mensagem do Cronista:
Há profissões que constituem verdadeiro sacerdócio. Implicam em doação total em favor do próximo, inclusive, conforme as circunstâncias, sacrifício da própria vida. A profissão policial é um exemplo típico. O policial não tem tempo nem hora. Sua prioridade é a segurança pública, à qual se dedica de corpo e alma.
Dentre os muitos fundamentos que lastreiam a profissão policial, abordamos, nesta oportunidade, com fulcro numa recente ocorrência, o aspecto da emoção. Esta, não raras vezes, constitui fator interveniente nos acontecimentos do cotidiano que exigem interferência do policial. Então, o condicionamento profissional deverá preponderar, para que sua atuação se faça em equilíbrio e dentro da legalidade.
O tema que ora coloco à apreciação dos que me honram com a leitura, sujeito, como sempre, ao contraditório, intitula-se: EQUILÍBRIO EMOCIONAL – Fundamento da Profissão Policial.
Klinger Sobreira de Almeida – Cel PM Veterano
Membro Academia de Letras João Guimarães Rosa/PMMG
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EQUILÍBRIO EMOCIONAL
– Fundamento da Profissão Policial –
“...PM DÁ DOIS TAPAS NO ROSTO DE DETIDA (...) Uma mulher levou dois tapas no rosto de uma policial militar no centro de Formiga (...) As imagens mostram a detida exaltada. Três militares – dois homens e uma mulher – a levam para perto de um banco, e ela começa a xingar a policial, dizendo que a odeia, e a manda calar a boca. Neste momento a PM dá um tapa no rosto da vítima (...) Em seguida, a policial dá outro tapa no rosto da detida...” – SUPER NOTÍCIA, 16Jun21, p. 4.
O evento acima, descrito na imprensa escrita, falada e televisada, foi fotografado e filmado em vídeo; assistido e comentado por numerosos populares.
Fatos dessa natureza – reação violenta do policial ofendido! – têm sido noticiados com certa frequência pela imprensa do Rio de Janeiro e São Paulo. São exceções no torvelinho de milhares de ações corretas executadas por policiais brasileiros. Porém as boas ações, por rotineiras (e dever policial!), passam despercebidas, enquanto algum desvio eventual toma proporções de repúdio perante a opinião pública.
Quando ingressei na plenitude da vida policial, o velho e experiente sargento Machado, meu genitor, alertou-me sobre algumas peculiaridades: – “A profissão que você escolheu é espinhosa. Encontrará muitas reações ao lidar com desordeiros contumazes e bêbados; receberá, não raramente, ofensas morais. Nunca reaja com agressões ao ofensor. Empregue a força necessária, prenda em flagrante delito por desacato ou desobediência, se for o caso. Leve-o para a delegacia...”
Como oficial, comandando tropa, ou no exercício de delegacias especiais e capturas, tive não só de amoldar meu comportamento impetuoso e, principalmente, dedicar-me a preparar meus comandados que, vez ou outra, excediam-se em violência arbitrária, mormente quando ofendidos moralmente.
Quando assumia uma Delegacia Especial, a primeira providência era reunir todo o destacamento, ou contingente, e orientar a tropa sobre os princípios que norteariam nossa ação. Dentre eles, dois pontos eram bem claros: não admitiria corrupção nem violência arbitrária. Se tais desvios ocorressem, seria implacável na aplicação da lei e dos regulamentos.
Em primórdios de 1970 – Cmt do Contingente e Delegado Especial de Ipatinga – ao chegar, à noite, na repartição policial, numa das minhas rondas rotineiras, surpreendi um soldado da guarda de cadeia espancando um bêbado que fora detido na Zona Boêmia. Minha presença interrompeu a sanha do policial, que tentou se justificar: – “Sô capitão esse vagabundo estava fazendo algazarra e ofendeu minha mãe”. Incontinenti, desarmei- o e mandei autuá-lo em flagrante delito por violência arbitrária e lesões corporais. Na manhã seguinte, encaminhei-o preso à sede do 6º Btl/Governador Valadares, com a devida comunicação disciplinar. A ação de comando repercutiu como exemplo.
Na estruturação do Batalhão de Choque/1980, demos ênfase, no treinamento da tropa, à questão do controle emocional em ação, e respeito à dignidade humana. Eis pequeno trecho de meu livro de memórias: “.... Espantar, dissolver... Mas nunca agredir. Nas situações estáticas de proteção ou impedimento de invasões, tolerar os insultos e nunca reagir (...)Com BPChq em ação, situações melindrosas surgiram. Uma delas, protegendo o Palácio da Liberdade, sob ameaça de invasão numa greve de professoras, alguns soldados do choque foram provocados, insultados e até cuspidos, mas todos eles permaneceram impolutos, não reagiram, e impediram invasão à sede do governo, sem nenhuma prática de força, ou arbitrariedade...”
Em Minas Gerais, diga-se, são raros esses casos deprimentes de repulsa com emprego de violência arbitrária. Entretanto, impõe-se, nos eventuais desvios, averiguar as causas e o “porquê”. Um único deslize pode indicar que temos de rever formação e treinamento de tropa, dando-se mais ênfase ao embasamento de controle emocional, ou mesmo a questão da assistência psicológica ao policial, porquanto a profissão (sequência variada de ocorrências de todos os tipos!) costuma, com facilidade, levá-lo ao stress.
O episódio em epígrafe recebeu a devida análise e providências do escalão competente da PMMG. Todavia, dentro do objetivo desta série de crônicas, reportamo-nos a ele no sentido de alerta.
O policial, desde a seleção e formação, prosseguindo-se ao longo da carreira, deve, na sua contextura interior, possuir condicionamento psíquico para enfrentar, de forma iterativa, situações espinhosas e adversas, guiando-se sempre no paralelo das normas legais, sem jamais perder a calma e a sensatez.
Equilíbrio Emocional constitui fator fundamental no exercício da profissão policial.
Klinger Sobreira de Almeida – Militar Veterano/PMMG
Membro da Academia de Letras João Guimarães Rosa
Há profissões que constituem verdadeiro sacerdócio. Implicam em doação total em favor do próximo, inclusive, conforme as circunstâncias, sacrifício da própria vida. A profissão policial é um exemplo típico. O policial não tem tempo nem hora. Sua prioridade é a segurança pública, à qual se dedica de corpo e alma.
Dentre os muitos fundamentos que lastreiam a profissão policial, abordamos, nesta oportunidade, com fulcro numa recente ocorrência, o aspecto da emoção. Esta, não raras vezes, constitui fator interveniente nos acontecimentos do cotidiano que exigem interferência do policial. Então, o condicionamento profissional deverá preponderar, para que sua atuação se faça em equilíbrio e dentro da legalidade.
O tema que ora coloco à apreciação dos que me honram com a leitura, sujeito, como sempre, ao contraditório, intitula-se: EQUILÍBRIO EMOCIONAL – Fundamento da Profissão Policial.
Klinger Sobreira de Almeida – Cel PM Veterano
Membro Academia de Letras João Guimarães Rosa/PMMG
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EQUILÍBRIO EMOCIONAL
– Fundamento da Profissão Policial –
“...PM DÁ DOIS TAPAS NO ROSTO DE DETIDA (...) Uma mulher levou dois tapas no rosto de uma policial militar no centro de Formiga (...) As imagens mostram a detida exaltada. Três militares – dois homens e uma mulher – a levam para perto de um banco, e ela começa a xingar a policial, dizendo que a odeia, e a manda calar a boca. Neste momento a PM dá um tapa no rosto da vítima (...) Em seguida, a policial dá outro tapa no rosto da detida...” – SUPER NOTÍCIA, 16Jun21, p. 4.
O evento acima, descrito na imprensa escrita, falada e televisada, foi fotografado e filmado em vídeo; assistido e comentado por numerosos populares.
Fatos dessa natureza – reação violenta do policial ofendido! – têm sido noticiados com certa frequência pela imprensa do Rio de Janeiro e São Paulo. São exceções no torvelinho de milhares de ações corretas executadas por policiais brasileiros. Porém as boas ações, por rotineiras (e dever policial!), passam despercebidas, enquanto algum desvio eventual toma proporções de repúdio perante a opinião pública.
Quando ingressei na plenitude da vida policial, o velho e experiente sargento Machado, meu genitor, alertou-me sobre algumas peculiaridades: – “A profissão que você escolheu é espinhosa. Encontrará muitas reações ao lidar com desordeiros contumazes e bêbados; receberá, não raramente, ofensas morais. Nunca reaja com agressões ao ofensor. Empregue a força necessária, prenda em flagrante delito por desacato ou desobediência, se for o caso. Leve-o para a delegacia...”
Como oficial, comandando tropa, ou no exercício de delegacias especiais e capturas, tive não só de amoldar meu comportamento impetuoso e, principalmente, dedicar-me a preparar meus comandados que, vez ou outra, excediam-se em violência arbitrária, mormente quando ofendidos moralmente.
Quando assumia uma Delegacia Especial, a primeira providência era reunir todo o destacamento, ou contingente, e orientar a tropa sobre os princípios que norteariam nossa ação. Dentre eles, dois pontos eram bem claros: não admitiria corrupção nem violência arbitrária. Se tais desvios ocorressem, seria implacável na aplicação da lei e dos regulamentos.
Em primórdios de 1970 – Cmt do Contingente e Delegado Especial de Ipatinga – ao chegar, à noite, na repartição policial, numa das minhas rondas rotineiras, surpreendi um soldado da guarda de cadeia espancando um bêbado que fora detido na Zona Boêmia. Minha presença interrompeu a sanha do policial, que tentou se justificar: – “Sô capitão esse vagabundo estava fazendo algazarra e ofendeu minha mãe”. Incontinenti, desarmei- o e mandei autuá-lo em flagrante delito por violência arbitrária e lesões corporais. Na manhã seguinte, encaminhei-o preso à sede do 6º Btl/Governador Valadares, com a devida comunicação disciplinar. A ação de comando repercutiu como exemplo.
Na estruturação do Batalhão de Choque/1980, demos ênfase, no treinamento da tropa, à questão do controle emocional em ação, e respeito à dignidade humana. Eis pequeno trecho de meu livro de memórias: “.... Espantar, dissolver... Mas nunca agredir. Nas situações estáticas de proteção ou impedimento de invasões, tolerar os insultos e nunca reagir (...)Com BPChq em ação, situações melindrosas surgiram. Uma delas, protegendo o Palácio da Liberdade, sob ameaça de invasão numa greve de professoras, alguns soldados do choque foram provocados, insultados e até cuspidos, mas todos eles permaneceram impolutos, não reagiram, e impediram invasão à sede do governo, sem nenhuma prática de força, ou arbitrariedade...”
Em Minas Gerais, diga-se, são raros esses casos deprimentes de repulsa com emprego de violência arbitrária. Entretanto, impõe-se, nos eventuais desvios, averiguar as causas e o “porquê”. Um único deslize pode indicar que temos de rever formação e treinamento de tropa, dando-se mais ênfase ao embasamento de controle emocional, ou mesmo a questão da assistência psicológica ao policial, porquanto a profissão (sequência variada de ocorrências de todos os tipos!) costuma, com facilidade, levá-lo ao stress.
O episódio em epígrafe recebeu a devida análise e providências do escalão competente da PMMG. Todavia, dentro do objetivo desta série de crônicas, reportamo-nos a ele no sentido de alerta.
O policial, desde a seleção e formação, prosseguindo-se ao longo da carreira, deve, na sua contextura interior, possuir condicionamento psíquico para enfrentar, de forma iterativa, situações espinhosas e adversas, guiando-se sempre no paralelo das normas legais, sem jamais perder a calma e a sensatez.
Equilíbrio Emocional constitui fator fundamental no exercício da profissão policial.
Klinger Sobreira de Almeida – Militar Veterano/PMMG
Membro da Academia de Letras João Guimarães Rosa
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