O PADRÃO REBANHO-Série O COTIDIANO-
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Soneto decassílabo-sáfico-heroico n. 7512
Noneto-cantante-clássico número 272
Por Sílvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil.
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Sobre o Rebanho, Herman Hesse escreve
em Demian, sentido para a Vida,
busca constante, sobre a trilha breve
na submissão, que impõe real saída.
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No matadouro, o gado pisa leve;
ouve o berrante, vez de ser traída
a confiança... Afeto não obteve
da liderança, agora, bem doída.
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Manipuláveis homens nas falácias
são seduzidos; agem por coação;
as aparências negam tais estâncias...
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Sem livre-arbítrio, [cegos] seguem, cito,
mui destrutiva, a ação sem ter opção:
Padrão Rebanho foca o líder-mito.
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Belo Horizonte, 22 de agosto de 2021.
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https://www.recantodasletras.com.br/sonetos/7326152
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Metodologia deste Soneto clássico:
Dez versos, sons fortes: 4ª ,6ª ,8ª,10ª sílabas.
1-RIMAS: ABAB, ABAB, CDC, EDE
2-Ritmo principal, sons fortes: 4ª, 6ª, 8ª,10ª sílabas.
3-Noneto-Poético-Teatral Nº 272
Coro do Noneto-Versos :
1,5,9,12,14 [A,A,B,C,C]
Rima dos SOLOS do Noneto:
BAB-BAB-DC-C [2,3,4-6,7,8-10,11-13]
4-Mensagem com sentido completo no 14º verso,
com sujeito claro, verbo e complementos.
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O
PADRÃO REBANHO
“...
nossa aspiração era chegar a uma vigília
ainda mais perfeita, enquanto que a aspiração e a felicidade dos demais
consistia em ligar cada vez mais estreitamente suas opiniões, seus ideais e
seus deveres, sua vida e sua fortuna, aos do rebanho...” (personagem Demian, de Herman Hesse)
REBANHO,
segundo os léxicos, é, genericamente, grande número de animais da mesma
espécie, agrupados e controlados pelo homem. Exemplos: o pastor conduziu seu
rebanho de ovelhas para as planícies baixas; o guia encaminhou o rebanho bovino
para o abate no matadouro. Usa-se também o termo para caracterizar religiosos
que seguem piamente os dogmas e ordens dos pastores religiosos. Figuradamente,
o termo é popularmente utilizado para definir grupo de pessoas sem vontade
própria e facilmente manipuláveis.
A
humanidade, como temos reprisado em algumas crônicas, ainda patina, por uma
maioria considerável, em baixo nível consciencial. Essa maioria vincula-se,
rotineiramente, enquanto não se eleva, ao Padrão Rebanho. De outra parte, ao
longo dos séculos, o grupo de pessoas que cultiva as potências da alma –
pensamento, vontade e livre arbítrio – tem, em suas individualidades, ora como
filósofos, ou cientistas, ou políticos, ou pensadores, ou guerreiros, ou
empreendedores, ou mestres de profissões, impulsionado o progresso e a ascensão
civilizacional...
A
vinculação do Ser Humano ao Padrão Rebanho pode ser enfocada em diversas
facetas: ora sem implicações com a caminhada da comunidade (normalmente, no
supérfluo), ora com influências até mesmo danosas ou destrutivas (ideologias
exóticas, império do vício...). Entretanto, o Padrão Rebanho, quando em área
religiosa sadia (sem vinculações ao fundamentalismo), tende a ser benéfico,
porquanto faz emergir nas individualidades um paradigma de comportamento
moral/espiritual. O vinculante sempre foca um líder que, conforme a força de
suas ideias ou modus operandi, domina
a mente dos seguidores, torna-se um mito.
Na
seara do supérfluo, a “moda de vestir”, variável no tempo, é bem sugestiva. Nos
últimos anos, os líderes da moda lançaram as vestes com rasgos imensos. A
adesão tem sido imensa. Quando circulamos na cidade, deparamo-nos com grande
número de jovens e até idosos, usando roupas plenas de rasgos. É o charme, a
imposição da moda que o “rebanho” segue.
No
âmbito do danoso, assistimos a libertinagem da toxicomania, que inicia
arrebanhando a juventude no mergulho à maconha, cocaína, craque e outros
entorpecentes, inclusive o álcool. A intensidade do vício vai enfraquecendo o
corpo, a mente e o caráter daqueles que seriam o futuro da pátria. As famílias
e a sociedade sofrem, enquanto a rede do tráfico fortalece e expande-se em
crime organizado. Os líderes desse Padrão Rebanho são, via de regra, os
artistas famosos que aderem e lançam a mensagem pelo exemplo.
No
campo destrutivo, que atrai massas, situa-se a Ideologia nefasta, que tem sua
fonte em modelos políticos extremistas (tradicionalmente denominados de
esquerda ou direita), e destoam do ponto
de equilíbrio das ideias,
Para
não alongar, pois os exemplos históricos jorram, abordemos dois casos
dramáticos: de um lado Hitler; de outro, Stalin.
No
ângulo da esquerda, Stalin apossou-se, com a morte de Lenin, da Revolução Bolchevique.
Magnetizou as massas, depois sufocou-as, sepultou a liberdade, e passou a
eliminar os que não se curvavam subservientes, inclusive os luminares da
revolução. Seduziu o mundo pelas aparências, tornando-se adorado, até que, após
sua morte, os novos líderes desmascararam-no, exibindo a farsa de sua
liderança. E, ao final, o comunismo soviético sucumbiu. Contudo, até os dias de
hoje tem seguidores que infelicitam algumas nações.
No
polo da direita, Hitler, no bojo de sua mensagem da supremacia da raça Ariana,
empolgou o povo alemão, que se metamorfoseou em rebanho a apoiar e aplaudir
políticas de conquistas territoriais e perseguição às minorias raciais. Era o
mito; coitado de quem ousasse contestá-lo, mesmo na surdina. Praticou absurdos
de eliminação em massa de judeus, ciganos e prisioneiros. Sua ideologia Nazista
inspirou ditadores, tornando-se o cerne do fascismo, que ainda amedronta alguns
povos.
Quem
participa do Rebanho Ideológico – da esquerda ou da direita – venera e idolatra
seus mitos. Cegos mentalmente, não admitem o contraditório. São veementes;
perseguem, caluniam, difamam e destroem.
A
humanidade ainda trilhará, por muito tempo (talvez séculos!), a convivência com
o Padrão Rebanho Destrutivo. Dele, só se livrará via elevação consciencial e
espiritual da maioria absoluta.
Klinger Sobreira de Almeida – Militar
Veterano
Membro Efetivo-Fundador ALJGR/PMMG