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MENSAGEM DO CRONISTA:
2021! Setembro vai chegando ao seu final. 2º ano da terrível epidemia que vem assolando a humanidade.
Não obstante os avanços científicos para dominá-la, ela ainda persiste: sutil e traiçoeira.
Mesmo contida em seu poder, ainda comete estragos, e com grande incidência no campo psíquico. Pessoas estão abaladas, e, às vezes, cogitam o pior.
O tema metafórico – As Estações da Vida – comporta, a meu ver, sua difusão neste momento de reerguimento.
Klinger Sobreira de Almeida – Militar Ref.
Membro Fundador-Efetivo da ALJGR/PMMG
AS ESTAÇÕES DA VIDA
Crônica de Klinger Sobreira de Almeida*
A natureza, em sua magia, move-se num ciclo de estações. Primavera: exuberância, florescimento. Verão: esplendor máximo do Sol. Outono: natureza murchando. Inverno: dias frios e penosos.
A vida, numa metáfora da natureza, tem suas estações. Sua trajetória não se faz tão somente por campinas verdejantes, águas mansas, prados floridos, vales sedosos, montes suaves, brisas acariciantes... Ora há sítios agrestes, pedregosos; desertos inclementes, montanhas escarpadas, abismos colossais; vendavais e tufões; secas cruéis. É uma sucessão de Primaveras, Verões, Outonos e Invernos, de durações incertas.
Iludem-se os que - às vezes bafejados por benesses de nascimento ou êxitos em negócios, ou alçados ao poder - pensam na perenidade do prazer, veem a travessia terrena pela ótica da eterna Primavera. Quando menos esperam, a queda estrondosa, o mergulho no abismo. Não há escapatória, ninguém, pessoa alguma atravessa os sítios da vida somente se deparando com bonança. Tropeços virão, adversidades o assolarão. Ora ganhos, ora perdas, eis o ciclo inexorável.
Então?! Como se preparar? Como fazer a travessia? Como chegar ao final da jornada?
Em seu poema “SE”, Rudyard Kipling enuncia que não há distinção entre o triunfo e o desastre. Ao longo da trajetória humana, são dois impostores.
A preparação do ser humano para a travessia da vida deveria ter início na infância. Educar o espírito infantil no equilíbrio. Nem tudo se dá. Sem provocações ou traumas, incutir, na criança, a consciência do mundo: o acessível e o inacessível, a euforia do desejo alcançado e a frustração da negação. Ao jovem, mostrar-se-ia que os sonhos não podem fugir, porém, às vezes, são irrealizáveis; que, na luta para a conquista, não raramente se cai, mas não se pode permanecer estatelado; reerguer-se, e seguir em frente e pro alto, é o fanal. Todavia, a marcha não é solitária, há o dever dos mais fortes estenderem as mãos aos mais fracos. E em cada posição alcançada, maior é o perigo da queda. Olhar-se, vasculhar e espancar as trevas interiores, que ainda persistem, são deveres imperiosos a serem impregnados na mente jovem...
Se o adulto alimentar a enganosa crença de que a vida é uma sucessão tão somente de Primaveras e Verões, ver-se-á, em determinado estágio, atolado numa crise existencial. Pessoas em crise existencial têm a conduta da desistência. Param. Tombam. Buscam vias de fuga: álcool, tóxico, delinquência... Ou, mais simplesmente, apelam para o ilusório suicídio. Porém, se ele veio de uma formação de caráter bem alicerçada, ou teve, tempestivamente, seu despertar interior, não se apegará às ilusões. Viverá cônscio de sua potência. Não se inebriará nos triunfos nem se liquidará nas derrotas. Agilizará seu potencial interior quando necessário. Será um viajor em ascensão; concluirá sua jornada cósmica de crescimento, apesar das estações adversas.
A meta é a felicidade. Alcançada esta, então a Primavera Eterna.
*Escritor, membro da Academia de Letras João Guimarães Rosa/PMMG
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