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Chega aos palcos a ópera
O guarani, de Carlos Gomes
(1836-1896). Inspirada em romance homônimo de José de Alencar
(1829-1877), é considerada um marco da cultura brasileira, tanto pela
importância do escritor como do compositor para a cultura nacional. A
trama, ambientada no Brasil do século 16, onde os índios aimorés e
guaranis estão em guerra, é atravessada por atos de heroísmo, traições e
redenções. A montagem, que fica em cartaz de quinta-feira (10) ao dia
20 (em dias intercalados), no Palácio das Artes, conta com a Orquestra
Sinfônica e Coral Lirico de Minas Gerais sob a regência do maestro
Sílvio Viegas e tem direção cênica de Walter Neiva.
O guarani
coloca no palco um dos casais românticos mais famosos do imaginário do
Brasil: o índio Peri (Richard Bauer) e a filha de portugueses Ceci
(Marina Considera). E o amor dela por ele, já que, para os cantores, a
iniciativa da “paquera” foi de Ceci. “É um amor difícil que, na peça, se
faz possível. Ceci é uma menina que se descobre uma mulher corajosa”,
observa Marina, suspeitando que Ceci viu em Peri um homem bonito e
corajoso. “A beleza de Ceci, diferente para um índio, atrai Peri. Existe
atração física e eles se apaixonam. Sé é amor não sei”, pondera
Richard. A relação tem significado simbólico: “É uma metáfora do que
seria o início da cultura brasileira. Somos, apesar de todos os
preconceitos, uma mistura de muitas etnias”, recorda Marina.
“Há
uma dimensão heroica, no sentido romântico, nesta paixão”, observa
Richard. O cantor explica que a peça tem como tema uma consideração
sobre o amor (o platônico, o físico e o cristão), posta a serviço de um
olhar sobre dramas humanos que fazem parte das grandes obras do período.
Richard recorda ainda que a permanência do casal no imaginário
brasileiro deve-se ao fato de que, até a primeira metade do século 20, a
ópera era um gênero popular. Tanto que Ceci e Peri são evocados na
marchinha de sucesso Touradas em Madri, de Braguinha. “É um casal
icônico da arte brasileira”, brinca o cantor, acrescentando que se trata
da peça mais famosa de Carlos Gomes, “o único compositor das Américas
de ópera italiana”, que fez sucesso inclusive no exterior.
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