sábado, 12 de novembro de 2016

ÓPERA O GUARANI EM BELO HORIZONTE-VALE A PENA CONFERIR

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Chega aos palcos a ópera O guarani, de Carlos Gomes (1836-1896). Inspirada em romance homônimo de José de Alencar (1829-1877), é considerada um marco da cultura brasileira, tanto pela importância do escritor como do compositor para a cultura nacional. A trama, ambientada no Brasil do século 16, onde os índios aimorés e guaranis estão em guerra, é atravessada por atos de heroísmo, traições e redenções. A montagem, que fica em cartaz de quinta-feira (10) ao dia 20 (em dias intercalados), no Palácio das Artes, conta com a Orquestra Sinfônica e Coral Lirico de Minas Gerais sob a regência do maestro Sílvio Viegas e tem direção cênica de Walter Neiva.

O guarani coloca no palco um dos casais românticos mais famosos do imaginário do Brasil: o índio Peri (Richard Bauer) e a filha de portugueses Ceci (Marina Considera). E o amor dela por ele, já que, para os cantores, a iniciativa da “paquera” foi de Ceci. “É um amor difícil que, na peça, se faz possível. Ceci é uma menina que se descobre uma mulher corajosa”, observa Marina, suspeitando que Ceci viu em Peri um homem bonito e corajoso. “A beleza de Ceci, diferente para um índio, atrai Peri. Existe atração física e eles se apaixonam. Sé é amor não sei”, pondera Richard. A relação tem significado simbólico: “É uma metáfora do que seria o início da cultura brasileira. Somos, apesar de todos os preconceitos, uma mistura de muitas etnias”, recorda Marina.

“Há uma dimensão heroica, no sentido romântico, nesta paixão”, observa Richard. O cantor explica que a peça tem como tema uma consideração sobre o amor (o platônico, o físico e o cristão), posta a serviço de um olhar sobre dramas humanos que fazem parte das grandes obras do período. Richard recorda ainda que a permanência do casal no imaginário brasileiro deve-se ao fato de que, até a primeira metade do século 20, a ópera era um gênero popular. Tanto que Ceci e Peri são evocados na marchinha de sucesso Touradas em Madri, de Braguinha. “É um casal icônico da arte brasileira”, brinca o cantor, acrescentando que se trata da peça mais famosa de Carlos Gomes, “o único compositor das Américas de ópera italiana”, que fez sucesso inclusive no exterior.
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