GILKA DA COSTA DE MELO MACHADO
*12/Março/1893-†11/Dezembro/ 1980
Acróstico-biográfico nº 5299 por Silvia Araújo Motta/BH/MG
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G-Gilka Machado, no Estácio/RJ, nascida;
I-Inesquecível, poeta reconhecida publicou:
L-Livro de poesia [Cristais Partidos],em 1915.
K-Kisses já garantia, por ser esposa querida:
A-Amor de Rodolfo de Melo Machado, poeta;
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D-Dedicação e sabedoria ortodoxa demonstrou
A-Aos silêncios, nos retratos dos sons da vida.
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C-Conferência [A Revelação dos Perfumes], em 1916;
O-Ousadia extrema percorria em sua veia arterial,
S-Sensualidade marcante, de forma bem natural;
T-Teve sucesso, os [Estados da Alma], em 1917;
A-A coleção [Poesias:1915/1918] lançou: 1918;
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D-Do começo do século XX, o erotismo literário
E-Expôs em versos escandalosos[Mulher Nua]:1922;
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M-Mãe de dois filhos: Heros e Hélios. Viúva em 1923.
E-Em 1928: [Meu Glorioso Pecado] e [O Grande Amor];
L-Livro [Carne e Alma] fez publicação, no ano de 1931;
O-O ano de 1932, em Cochamba, na Bolívia, o lançamento
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M-Marcou sua obra prefaciada por Antonio Capdeville:
A-Antologia [Sonetos y Poemas de Gilka Machado];
C-Concurso da Revista [O Malho/RJ] rendeu-lhe a bela
H-Homenagem: [A Maior Poetisa do Brasil], em 1933.
A-Assinou:[Sublimação/1938][ Meu Rosto/47][Velha Poesia/68];
D-Da ABL, mereceu o Prêmio Machado de Assis]:1979.
O-[Obras Completas] edição de 1978, reedição em 1991.
Breve Curriculum Vitae:
Silvia de Lourdes Araújo Motta, Profa. Dra. em Filosofia, Língua Portuguesa e Inglesa; Pedagogista, Comendadora, Chanceler, Presidente-Fundadora do Clube Brasileiro da Língua Portuguesa desde 17-02-2000; Presidente Fundadora da Academia de Letras do Brasil-Seção Minas Gerais e da ANICAL. Autora de seis mil acrósticos, 400 sonetos clássicos, 4mil Trovas. Autora de quatro dezenas de livros-solo, em 4 idiomas. 80 Antologias. 600 Premiações nacionais e internacionais no Brasil, Portugal, França, Itália, Chile, Suisse, Espanha, Venezuela, Argentina, USA/IWA, New York.Casada.Três rapazes, uma enteada, um genro, 4 netos. Membro Titular e Correspondente de várias Academias de Ciências, Letras de Artes no Brasil e exterior. Embaixadora da Paz:Suisse/França.Email: clubedalinguaport@gmail.com
SENSUALIDADE E
EROTISMO
EM GILKA MACHADO
(Conto)
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Silvia Araújo
Motta/BH/MG
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Celina era minha
companheira, aluna do Curso de Magistério, que assentava na primeira fila de
carteiras da sala de aula, bem ao meu lado.
Na hora do
recreio, raramente ela participava de nossas recreações estudantis, sob a orientação
da monitora Inês, do Colégio com regime de internato para vinte e cinco moças com
famílias, no interior de Minas Gerais.
A
jovem ficava sempre no último banquinho de cimento, do pátio, lendo o mesmo
livro da capa desconhecida para nós.
De
repente, ela dava risadas ou às vezes, cheia de espanto, levava as mãos à boca!
Quanta exclamação!
Não
resisti à curiosidade:
-Celina, vamos
participar da gincana de hoje?
Ela sorrindo, respondeu-me:
-Estou lendo um
excelente livro, mas as freiras não podem saber. Trago-o escondido, debaixo do
meu colchão. Quer vê-lo?
Imediatamente, li
que a autora chamava-se GILKA MACHADO e foi publicado em 1928.
-Veja, como a
poeta fala claramente de suas emoções, sensações e desejos eróticos. Então
começou a ler pequenos parágrafos...Rimos juntas! Gostei!
-Quando terminar
sua leitura, quer emprestar-me esta publicação? Quero ler todos os poemas!
-Não diga nada a
nenhuma colega, pois estas leituras são proibidas!!! Rsrsrsrs!
-Está bem e não
é pecado? Teremos de confessar com o Padre Márcio para que ele nos dê a
absolvição?
Mais uma vez,
Celina sorriu...
-Ah! Que
bobagem! Ele é idoso, moralista e conservador! Podemos ler tudo e depois vamos
pedir perdão ao vigário. Rsrsrs!
À medida que fui
lendo e comentando com Celina, vimos que havia uma bela descrição sobre o {universo
feminino}. Vi nas entrelinhas, uma realidade que a autora falava naturalmente, das
suas emoções naqueles beijos proibidos e apaixonados...
Os conselhos
dados pelas freiras do Colégio, deveriam ser cumpridos, porque os maus pensamentos eróticos,
não agradavam ao Senhor Deus!
Apesar de todas
as recomendações, eu não via nada demais e também passei a ler os poemas
proibidos para mulheres! Gostei tanto que passei a copiar os pensamentos mais
bonitos:
{Beija-me e todo o corpo meu gorjeia
e toda me suponho uma árvore alta,
contando aos céus, de passarinho cheia...}
A autora GILKA MACHADO tinha
sensibilidade e erotismo à flor da pele:
Quero amor, quero ardência! A ti me exponho.
Verão, sou toda fecundidade!
– O calor me penetra, o Sol me invade o senso,
e tudo em torno a mim se torna mais extenso,
tudo em que os olhos ponho:
o céu, o oceano, a mata...
E enquanto em gestação a Terra se dilata,
Dilata-se minha alma à gestação do Sonho.
Verão, sou toda fecundidade!
– O calor me penetra, o Sol me invade o senso,
e tudo em torno a mim se torna mais extenso,
tudo em que os olhos ponho:
o céu, o oceano, a mata...
E enquanto em gestação a Terra se dilata,
Dilata-se minha alma à gestação do Sonho.
Gilka Machado preocupava-se
com os preconceitos:
{Ser
mulher, desejar outra alma pura e alada
para poder, com ela, o infinito transpor;
sentir a vida triste, insípida, isolada,
buscar um companheiro e encontrar um senhor...}
[...]
{Ser mulher, e, oh! atroz, tantálica tristeza!
ficar na vida qual uma águia inerte, presa
nos pesados grilhões dos preceitos sociais!}
para poder, com ela, o infinito transpor;
sentir a vida triste, insípida, isolada,
buscar um companheiro e encontrar um senhor...}
[...]
{Ser mulher, e, oh! atroz, tantálica tristeza!
ficar na vida qual uma águia inerte, presa
nos pesados grilhões dos preceitos sociais!}
Que lindeza! O que
eu lia, dava-me vontade natural de repetir tudo, silenciosamente, para não
esquecer !
Passei a copiar
alguns poemas nas últimas páginas do meu caderno de Português...
Em pouco tempo,
as colegas foram descobrindo o {livro do segredo} até que a Madre Superiora
tomou conhecimento do rebuliço que se formava na hora do recreio! Ninguém
queria participar das brincadeiras com Inês.
Os versos de
GILKA MACHADO mudaram os rumos de nosso recreio, com aquela gincana tão sem
graça...
As alunas
passaram a comentar os poemas que despertavam sonhos em nossa adolescência tão
pura:
Amo as noites de luar porque são de veludo,
delicio-me quando, acaso, sinto, pelos
meus frágeis membros, sobre o meu corpo desnudo
em carícias sutis, rolarem-me os cabelos.
delicio-me quando, acaso, sinto, pelos
meus frágeis membros, sobre o meu corpo desnudo
em carícias sutis, rolarem-me os cabelos.
Aquela obra
prima foi apreendida e ficamos de castigo, sem participar do recreio durante
uma semana; mais importante que a gincana era ler sobre as particularidades femininas.
-Valeu?
-Sim, claro que
valeu nossa experiência poética simbolista! A professora de Português, Dona
Maria Raimunda, aproveitou a oportunidade e, diante dos nossos comentários, ela
trabalhou em sala de aula, alguns poemas de GILKA MACHADO.
Eu nunca me esquecerei
da naturalidade das explicações reais, sem culpa pela vivência de tantas
emoções...
Tudo ficou tão
normal que no domingo, antes da missa, resolvemos ir em grupo, falar com o
Padre Luís! Ele tinha a {cabeça boa} e nos orientou como devia! Na idade certa,
no momento adequado, durante noivado e casamento, precisaríamos conhecer as
reações de nosso corpo! Conhecimento nunca é demais! Depende da prática
esclarecida em tempo hábil.
-Moças
assanhadas?
-Não! Nada
disso! Apenas simbolismo literário!
Quanta saudade sinto
daquele tempo estudantil!
Se possível
fosse, retornaria tudo outra vez!
Quanta saudade!
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