XXVIII JOGOS FLORAIS DE BANDEIRANTES-PR/2014
JUBILEU DE CARVALHO DE BANDEIRANTES
JUBILEU DE CARVALHO DE BANDEIRANTES
TROFÉU "LUIZ OTÁVIO"
TÍTULO:PERSONALIDADE DA TROVA
TITULADA:DOMITILLA BORGES BELTRAME
TITULADA:DOMITILLA BORGES BELTRAME
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VER DOMITILLA BELTRAME
NOSSA PRESIDENTE NACIONAL DOS TROVADORES
RECEBENDO HOMENAGEM. MERECIDOS APLAUSOS.
Facebook: Silvia Motta Araújo Motta-BH-MG
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DOMITILLA BELTRAME
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Um rouxinol chamado Domitilla!
UM ROUXINOL CHAMADO DOMITILLA BORGES BELTRAME
Nascida em Minas Gerais, Domitilla há muitos anos reside na capital paulista. Conheceu a UBT na década de 80 e desde então, “abduzida” pela magia da Trova, tornou-se uma Trovadora de renome em todo o país, produzindo intensa e belamente.
Quando entrei na UBT – Seção São Paulo em 1997, Domitilla era a Presidente da Seção já há algum tempo, cargo que ocupou até 2006, quando fez de Selma Patti Spinelli sua sucessora no comando da Seção. Atualmente é Vice-Presidente de Finanças da Seção e Presidente da UBT – Estado de São Paulo, em sucessão a José Valdez de Castro Moura.
Recentemente, em uma reunião, Selma chamou Domitilla de rouxinol, em alusão à sua voz doce, afinada e delicada como cantora. , de fato, como um rouxinol, Domitilla nos encanta com o tom diáfano e delicado de suas trovas. Uma de minhas trovas preferidas de “saudade” é de Domitilla.Na minha humilde opinião, contém um dos melhores “achados” que já vi, sentir saudade da própria saudade:
Depois do agrado, é verdade,
apressado ele partia...
Mas hoje tenho saudade
da saudade que eu sentia...
apressado ele partia...
Mas hoje tenho saudade
da saudade que eu sentia...
E por falar em saudade, Domitilla é dona de metáforas de notável sutileza e encantamento, ao nos envolver na sua atmosfera de saudade:
Quando a lembrança me invade
no porto da vida – e quanto!
- brilha o farol da saudade
sob a neblina do pranto!
no porto da vida – e quanto!
- brilha o farol da saudade
sob a neblina do pranto!
Eu ergo a taça a brindar
a noite que o quarto invade
e, no cristal do luar,
bebo o vinho da saudade!
a noite que o quarto invade
e, no cristal do luar,
bebo o vinho da saudade!
Com altivez, disse um dia:
- “Ir procurar-te? Jamais!”
Mas a saudade vadia
não respeita o “nunca mais”...
- “Ir procurar-te? Jamais!”
Mas a saudade vadia
não respeita o “nunca mais”...
Quando a vida, num desmando,
fecha a porta da esperança,
vem a saudade, arrombando,
as janelas da lembrança !...
fecha a porta da esperança,
vem a saudade, arrombando,
as janelas da lembrança !...
Li teu bilhete: "Lembranças!".
E, na emoção que me invade
um carrilhão de esperanças
desperta minha saudade !
E, na emoção que me invade
um carrilhão de esperanças
desperta minha saudade !
E esta que não fica a dever a nenhuma das trovas antológicas que conhecemos e tanto amamos:
Vem a noite e, sem tardança,
esta saudade se espalma
e acorda tua lembrança
adormecida em minha alma !
esta saudade se espalma
e acorda tua lembrança
adormecida em minha alma !
Nem sempre, porém, a palavra “saudade” aparece claramente em um dos quatro versos, embora se insinue nas entrelinhas:
Vou carregar vida afora
esta dor que mortifica,
por eu não ter tido agora
coragem de gritar: Fica!
esta dor que mortifica,
por eu não ter tido agora
coragem de gritar: Fica!
Em minha varanda, a sós,
vendo os ganchos na parede,
eu choro a falta dos nós
que amarravam nossa rede!
vendo os ganchos na parede,
eu choro a falta dos nós
que amarravam nossa rede!
Eu não te esqueço e confesso:
No calvário da lembrança,
teu corpo ficou impresso
no sudário da esperança!...
No calvário da lembrança,
teu corpo ficou impresso
no sudário da esperança!...
Como percebemos até aqui, Domitilla Borges Beltrame é uma trovadora de intensa vocação lírica e, nesse lirismo envolvente, sua pena abre um leque de sensações, falando de sentimentos profundos, como nas trovas a seguir:
Minha mágoa se retrata
neste porto... Junto ao cais,
pois, na espera, me maltrata
o medo do “nunca mais”...
neste porto... Junto ao cais,
pois, na espera, me maltrata
o medo do “nunca mais”...
Para o encontro dos amantes,
o dia cerrou o olhar,
mas, indiscreta, em instantes,
a lua veio espiar!
o dia cerrou o olhar,
mas, indiscreta, em instantes,
a lua veio espiar!
Sou um pecador confesso.
Do teu castigo a alguns passos,
um só favor eu te peço:
- Crucifica-me em teus braços!...
Do teu castigo a alguns passos,
um só favor eu te peço:
- Crucifica-me em teus braços!...
Nossa união, em verdade,
é assim perfeita, eu suponho:
tu és sol da realidade.
Sou lua, carrego o sonho !
é assim perfeita, eu suponho:
tu és sol da realidade.
Sou lua, carrego o sonho !
O nosso amor escondido,
sem promessa de aliança,
tem o sabor proibido
da fruta da vizinhança!...
sem promessa de aliança,
tem o sabor proibido
da fruta da vizinhança!...
"Voltarei" dizes depressa
num agrado à despedida;
fica comigo, a promessa
e em tuas mãos, minha vida!
num agrado à despedida;
fica comigo, a promessa
e em tuas mãos, minha vida!
Que murmurem, não me importa ...
Pecado, nossos abraços?!
Deixo o mundo além da porta ,
faço meu céu em teus braços !
Pecado, nossos abraços?!
Deixo o mundo além da porta ,
faço meu céu em teus braços !
Conforme vimos, Domitilla é intensamente lírica. Em dados momentos, porém, Domitilla consegue um efeito poético que poucos conseguem: um entrecruzamento de gêneros, em trovas que são líricas e filosóficas ao mesmo tempo:
No alento para viver
mergulhando em teu olhar,
sou como um rio a correr
na eterna busca do mar...
mergulhando em teu olhar,
sou como um rio a correr
na eterna busca do mar...
Brigamos, mas a tormenta
em instantes se desfaz;
um grande amor sempre inventa
um arco-íris de paz!...
em instantes se desfaz;
um grande amor sempre inventa
um arco-íris de paz!...
É claro que o lirismo “incorrigível” de Domitilla cede lugar a trovas sentenciosas, filosóficas, que são Poesia em estado puro, além de inegáveis lições de vida:
A nossa fé é a virtude
que nos dá tanto otimismo,
que deixa ver, da altitude,
a flor nas trevas do abismo!
que nos dá tanto otimismo,
que deixa ver, da altitude,
a flor nas trevas do abismo!
Procure espalhar, na vida,
alegria em sua estrada,
que a alegria dividida
é sempre multiplicada!
alegria em sua estrada,
que a alegria dividida
é sempre multiplicada!
O talento poético de Domitilla se reparte, e a filosofia e o lirismo se fundem em trovas pictóricas, que representam verdadeiras aquarelas em quatro versos:
Rasgando o ventre da serra
num parto de luz e cor,
o sol vem brindar à terra
numa oferenda de amor!
num parto de luz e cor,
o sol vem brindar à terra
numa oferenda de amor!
Assim banhada de lua,
em um silêncio encantado,
a velha matriz da rua
guarda o perfil do passado!...
em um silêncio encantado,
a velha matriz da rua
guarda o perfil do passado!...
Dificilmente algum de nós riria ouvindo o cantar de um pássaro, principalmente diante de um rouxinol. Mas Domitilla é um rouxinol eclético. Também nos brinda com trovas humorísticas de bom gosto e bem construídas. As trovas a seguir, ambas premiadas em Nova Friburgo quando o tema era livre, nos revelam um senso de humor que também não deixa a desejar aos mestres do gênero, sendo a última simplesmente perfeita!:
Em Lisboa, zero grau
anuncia o aviador.
- "Que bom, exclama o Lalau,
não é frio nem calor!"
anuncia o aviador.
- "Que bom, exclama o Lalau,
não é frio nem calor!"
O marido agonizante,
insistindo quer saber :
"- Fui traído ?" E ela hesitante:
"- E, se você não morrer?!"
insistindo quer saber :
"- Fui traído ?" E ela hesitante:
"- E, se você não morrer?!"
Domitilla publicou um livro de trovas, chamado “Trovas, gotas de ternura”, atualmente esgotado. Apreciando de relance sua poética, somos levados a concluir que é um privilégio termos nas hostes da UBT uma Trovadora de tamanha grandeza. Esperamos sinceramente que ela continue produzindo maravilhas como estas que lemos aqui e que o nosso Criador lhe dê anos de vida, saúde e inspiração!
Fonte:
http://www.falandodetrova.com.br/rouxinoldomitilla
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Correspondências para j.ouver@gmail.com
O "Falando de Trova" é um site que nasceu de uma idéia que surgiu em meados de 2002, quando o poeta e trovador José Ouverney e seu filho José Ouverney Junior criaram o informativo impresso "Trovajambo", que divulgava trovas e concursos nacionais e internacionais. Devido às circunstâncias este informativo teve vida curta, mas deixou sementes. Mesmo com o fim do informativo, José Ouverney continuou seu trabalho de divulgação com uma coluna no Jornal Tribuna do Norte (a qual ainda existe) intitulada "Falando de Trova". Inspirado pelo nome de sua coluna e ainda no ímpeto de divulgar a trova, surgiu a idéia de transformar isso em um site pessoal, e aqui estamos...
Este é um trabalho sem fins lucrativos, que tem por principal objetivo a divulgação e propagação de uma das mais belas manifestações poéticas já inventadas, a TROVA. Trabalho de pai e filho, vem se mantendo desde Maio/2005, e já passou por três mudanças de visual desde sua criação. DADO IMPORTANTE: embora a alguns possa parecer que o trovador responsável pelo site visa algum benefício pessoal com a realização deste cansativo, porém prazeroso trabalho, fique bem claro que a palavra IDEALISMO ainda existe, embora raramente seja cultuada. Não se cobra assinatura, tampouco se estampa patrocínio: o grande pagamento é o agradável retorno que os adeptos da Trova proporcionam.
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EU TENHO QUATRO OPÇÕES…
COLUNA FALANDO DE TROVA, POR JOSÉ OUVERNEY
Publicada dia 2 de outubro de 2014
Enganou-se o leitor que pensou que eu ia falar sobre eleições e candidatos. Não costumo me aprofundar em assuntos que desconheço. O que me ocorreu foi o seguinte: se houvesse uma rua chamada “Rua dos Trovadores”, como seria bom se eu pudesse nela residir! Ao postar uma carta, orgulhosamente faria constar: “Rua dos Trovadores, número tal”…
Tendo vindo a ideia, corri ao amigo Google e me pus febrilmente a procurar. E não é que encontrei? Não só uma, mas, quatro Ruas dos Trovadores, sendo duas em plagas paulistas e outras duas na “Terrinha”. Ora, alguns ativistas da Trova até poderão se surpreender: “Nossa, mas a Bahia nem é tão atuante assim no movimento trovístico!” Mas eu lembro, a quem alegar surpresa, que foi lá que surgiu o GBT (Grêmio Brasileiro de Trovadores), fundado em 19, por Rodolpho Coelho Cavalcante. E que a UBT (União Brasileira de Trovadores), idealizada por Luiz Otávio, nada mais é do que uma dissidência do GBT. Mas foi na Bahia que tudo começou.
Portanto, na certeza de estar prestando um serviço de utilidade aos “irmãos de sonhos”, eis aí, trovador, caso você queira mudar-se para um deles, os dados completos dos endereços por mim localizados:
Rua dos Trovadores, Cep 45.600-000, Bº Santo Antonio, Itabuna/BA;
Rua dos Trovadores, Cep 40.245-740, Bº Engenho de Brotas, Salvador/BA;
Rua dos Trovadores, Cep 04895-810, Jardim Represa/Parelheiros, São Paulo;
Rua dos Trovadores, Cep 12.053-300, Parque São Cristóvão, Taubaté.
Tendo vindo a ideia, corri ao amigo Google e me pus febrilmente a procurar. E não é que encontrei? Não só uma, mas, quatro Ruas dos Trovadores, sendo duas em plagas paulistas e outras duas na “Terrinha”. Ora, alguns ativistas da Trova até poderão se surpreender: “Nossa, mas a Bahia nem é tão atuante assim no movimento trovístico!” Mas eu lembro, a quem alegar surpresa, que foi lá que surgiu o GBT (Grêmio Brasileiro de Trovadores), fundado em 19, por Rodolpho Coelho Cavalcante. E que a UBT (União Brasileira de Trovadores), idealizada por Luiz Otávio, nada mais é do que uma dissidência do GBT. Mas foi na Bahia que tudo começou.
Portanto, na certeza de estar prestando um serviço de utilidade aos “irmãos de sonhos”, eis aí, trovador, caso você queira mudar-se para um deles, os dados completos dos endereços por mim localizados:
Rua dos Trovadores, Cep 45.600-000, Bº Santo Antonio, Itabuna/BA;
Rua dos Trovadores, Cep 40.245-740, Bº Engenho de Brotas, Salvador/BA;
Rua dos Trovadores, Cep 04895-810, Jardim Represa/Parelheiros, São Paulo;
Rua dos Trovadores, Cep 12.053-300, Parque São Cristóvão, Taubaté.
Ah, pode ser que nessas ruas não resida nenhum poeta e você seja o primeiro, já pensou? Pensando bem, a ideia começa a me atrair!
Pesquisa feita, senhores,
o resultado é incomum:
nas Ruas dos Trovadores
não há trovador algum.
Pra contornar essa falha,
em uma ação das mais belas
vou juntar a minha tralha
e mudar-me pra uma delas.
Itabuna e Salvador
são longe… São Paulo estressa,
mas posso ser morador
de Taubaté. Vamos nessa???
Pesquisa feita, senhores,
o resultado é incomum:
nas Ruas dos Trovadores
não há trovador algum.
Pra contornar essa falha,
em uma ação das mais belas
vou juntar a minha tralha
e mudar-me pra uma delas.
Itabuna e Salvador
são longe… São Paulo estressa,
mas posso ser morador
de Taubaté. Vamos nessa???
CULTURA | OUTRAS NOTÍCIAS:
Fonte:
http://jornaltribunadonorte.net/noticias/eu-tenho-quatro-opcoes/
A TROVA
A Trova é uma composição poética de quatro versos setessílabos, rimando o 1º com o 3º, o 2º com o 4º, tendo um sentido completo.
A UBT - União Brasileira de Trovadores é uma entidade que congrega duas centenas de cidades do Brasil e Portugal, onde as Seções e Delegacias divulgam a Trova, com a realização de Oficinas e Concursos. A UBT Nacional existe há 50 anos.
A UBT Seção São Paulo convida para reuniões no segundo sábado de cada mês. Das 15 às 17 hs, no salão do 2º andar do Museu Casa das Rosas, Av. Paulista, 37 - Estação Brigadeiro do Metrô - Entrada Franca. Entre em contato conosco.
Presidente: Selma Patti Spinelli (11) 5561-2730
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POSTADO POR
ELISABETH DOUZA CRUZ:
https://www.facebook.com/elisabeth.souzacruz?fref=nf
IMPORTANTE
Neste dia sete de outubro, às 11 da manhã, a Câmara de Nova Friburgo aprovou, por unanimidade, a TROVA como patrimônio cultural de Nova Friburgo, num projeto de autoria do vereador Wanderson Nogueira.
A UBT-NF está honrada com mais este reconhecimento para a importância da Trova.
No dia 24 de setembro, por inciativa do vereador Gustavo Barroso,
foi instituído o Dia Friburguense de Amor à Trova.
Já somos, por Lei Municipal, a Cidade da Trova - desde 2003.
É isso! Estamos felizes e logo mais, à noite,
darei mais informações sobre mais este fato histórico para o movimento trovadoresco.
* O vereador Wanderson Nogueira, que apresentou o projeto da
Trova como Patrimônio Cultural - acabou de ser eleito Deputado Estadual por Nova Friburgo.
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PALESTRA SOBRE TROVAS
A Trova na Academia
Maria Nascimento Santos Carvalho
Autoridades presentes,
minhas senhoras, senhores,
renomados Presidentes,
meus bons irmãos – Trovadores.
A Academia da Trova
que nos acolhe tão bem
a cada dia comprova
o valor que a Trova tem...
Permitam-me apresentar
A Trova na Academia
que, agora vai ocupar
um pouquinho do seu dia.
A palestra que apresento,
humilde e quase sem brilho,
nesta Academia ostento
feito a mãe que ostenta um filho.
Abrindo o meu sentimento
eu confesso, agradecida,
que este momento é um momento
de vitória em minha vida.
Permitam-me lhes dizer
com infinita humildade
que nem sei como conter
meu grau de felicidade...
E em meio a tanta afeição
a minha emoção é tanta
que as frases de gratidão
morrem presas na garganta.
Meus amigos :
Gostaríamos, neste momento, de poder dizer Trovas de todos os nossos irmãos de sonhos, mas são tantos e tão queridos que passaríamos horas e horas fazendo desfilarem seus versos, razão porque, pedimos desculpas àqueles que, por limite de tempo, não estão incluídos em nosso modesto trabalho, o que muito nos entristece.
Como estamos na Academia Brasileira da Trova, procuramos focalizar o tema TROVA e deixar alguns esclarecimentos sobre ela : gênero, forma, metrificação, ritmo etc.
Para ilustrar o nosso trabalho, registramos a opinião abalizada do grande escritor JORGE AMADO a respeito da Trova.
“ Não pode haver criação popular que fale mais diretamente ao coração do povo do que a Trova. É através dela, que o povo toma contacto com a poesia e sente a sua força. Por isso mesmo, a Trova e o Trovador são imortais”.
Jorge Amado (Revista Coquetel = Bronze)
A TROVA
Na antiguidade, Trova era considerada uma canção, uma quadra popular que tinha origem nas composições dos Trovadores medievais.
Na poesia trovadoresca, ou provençal que começou a partir do século XIII, a Trova podia ser :
Uma “ Cantiga de Amigo “, quando a mulher contava ao amado suas mágoas de amor. (Eram de fundo folclórico e as mais antigas e mais belas).
“ Cantiga de Amor “, quando o namorado se dirigia à amada e “Cantiga de escárnio“, com poesia satírica e picante.
As Trovas eram cantadas pelos Trovadores, geralmente nobres empobrecidos que as compunham e pelos jograis, homens do povo que se limitavam a interpretar as canções dos Trovadores.
A partir do século XVII, essas composições passaram a se chamar de Trova e foram reunidas em três cancioneiros : Cancioneiro da ajuda, Cancioneiro da Vaticana e Cancioneiro da Biblioteca de Lisboa. (Universo, vol. X, pág. 5000).
Atualmente, de acordo com a definição de LUIZ OTÁVIO, o Príncipe da Trova Brasileira,
TROVA é uma composição poética contendo quatro versos setissílabos, rimando o primeiro verso com o terceiro e o segundo com o quarto, com sentido completo, como :
Ó linda Trova perfeita
que nos dá tanto prazer !
Tão fácil – depois de feita.
- Tão difícil de fazer ...
Adelmar Tavares - Rei da Trova Brasileira
As Trovas podem ser , líricas, filosóficas, lírico filosófica ao mesmo tempo, humorísticas , brejeiras, as de humor leve, cívicas, religiosas etc.
Até há mais de meio século passado, as Trovas, na maioria, eram compostas com rimas simples, ; rimando apenas o segundo verso com o quarto, o que até o presente, ainda é utilizado por um número muito reduzido de autores, não valendo esta prática para os Concursos de Trovas e Jogos Florais.
É de José Alberto da Costa, de Maceió - AL, a Trova de rima simples que diz :
Tentei fazer uma trova
e vi que não é moleza.
Se dizer tanto em tão pouco
com graça e muita beleza.
Muitas composições musicais foram feitas com versos de sete sílabas, entre elas, as mais costumeiras são as cantigas de roda e as cantigas de ninar, geralmente com rimas simples, que até hoje são exaustivamente cantadas, como :
O cravo e a rosa
O cravo brigou com a rosa
debaixo de uma sacada ...
O cravo saiu ferido
a rosa, despetalada.
O cravo ficou doente
a rosa foi visitar...
O cravo teve um desmaio
a rosa pôs-se a chorar...
O cravo tem vinte anos,
a rosa tem vinte e um ...
A diferença que existe
é que a rosa tem mais um !
Quanto às Trovas perfeitas, aquelas que rimam o primeiro verso com o terceiro e o segundo com o quarto e com rimas consideradas rimas ricas, temos :
De Luiz Otávio, o Príncipe da Trova Brasileira :
Trovador, grande que seja,
tem esta mágoa a esconder :
a trova que mais deseja
jamais consegue escrever ...
Sérgio Bernardo , de Nova Friburgo - RJ
Sem a trova, que o completa,
como aos sonhos dar vazão
o coração do poeta,
num mundo sem coração?!
Edmar Japiassú maia – Rio de Janeiro - RJ
Quatro folhas: sortilégios...
Quatro versos: quadras novas ...
E ao poeta os privilégios
de cantar trevos e trovas!
Elisa Flores - Rio de Janeiro - RJ
Dos fios de luz dispersos
sob a prata do luar,
escrevo em trova meus versos
e os deponho aos pés do altar.
Antônio Siécola Moreira - Santa Rita do Sapucaí - MG
A Trova, que eu idolatro,
pois me encanta e me extasia,
é um "retrato três por quatro"
que tiramos da Poesia.
Em A Banda, de Chico Buarque de Holanda, com exceção da primeira estrofe, todas as demais podem ser consideradas como Trovas simples, também, por serem compostas com rimas simples, rimando apenas a o segundo com o quarto versos : Ouçamos na voz do excelente cantor Antônio Moreira.
A BANDA
Estava à toa na vida,
o meu amor me chamou
pra ver a banda passar
cantando coisas de amor.
A minha gente sofrida
despediu-se da dor
pra ver a banda passar
cantando coisas de amor.
Mas para meu desencanto
o que era doce acabou,
tudo tomou seu lugar
depois que a banda passou.
E cada qual no seu canto,
em cada canto uma dor
depois da banda passar
cantando coisas de amor.
Estão aqui presentes Trovas de excelentes Trovadores paulistas que nos brindaram com suas composições, tais como :
José Valdez de Castro Moura - Pindamonhangaba – SP
Bendigo a Trova que aflora
na minh' alma ! Que alegria !
E, sinto luzes da aurora,
no final de cada dia !
Marina Bruna – São Paulo - SP
A Trova, que lembra a rosa
no emblema dos trovadores,
é tão pura e majestosa
quanto a rainha das flores.
Pedro Ornellas - São Paulo - SP
De incompetência dão provas
os meus rabiscos bisonhos;
sobra sonho em minhas trovas,
falta a trova dos meus sonhos!
Domitilla Borges Beltrame – São Paulo - SP
A Trova, bem trabalhada
e que é feita com ternura,
é como jóia engastada
em nossa literatura !
Selma Patti Spinelli - São Paulo - SP
Recolhe o som do infinito
e a luz que a manhã renova,
prende num verso bonito,
e num milagre: eis a Trova!
Como dissemos, há muitas cantigas de roda feitas em forma de Trovas. Ora com rimas simples, ora com rimas duplas, ou perfeitas, mas todas lindas, como “ Terezinha de Jesus “, que, apesar de conter verso de pé-quebrado, como: “acudiram três cavalheiros” é tão apreciada pela garotada quanto por todos nós.
Teresinha de Jesus
Teresinha de Jesus
numa queda foi ao chão
acudiram três cavalheiros
todos três chapéu na mão.
O primeiro foi seu pai
o segundo, seu irmão,
o terceiro foi aquele
que à Teresa deu a mão.
Da laranja quero um gomo,
do limão quero um pedaço,
da menina mais bonita
quero um beijo e um abraço.
Alguns Trovadores preferem utilizar o tema nas rimas, o que, muitas vezes, dificulta muito mais a feitura da Trova, quando há poucas rimas, como sejam : Palavra, mãe, tempo, quarto etc.
Vejamos Trovas com rimas na temática: Trova :
Josafá da Silva Sobreira - Rio de Janeiro - RJ
Quem dera que minha Trova
fosse um hino de louvor
que um anjo ao meu lado aprova
e leva aos pés do Senhor !
Gislaine Canales – Porto Alegre - RS
A minha vida é uma trova,
trova de ilusão perdida,
pois a vida é grande prova,
que prova a trova da vida!
Kleber Leite - Itaocara - RJ
"Verdade!.. não faço trova...
Sou um mero Beija-flor...
Levando ao mundo, o que prova
ser ela o meu grande Amor..."
Jane Azevedo – Mauá - RJ
Quanto mais eu faço trova
mais trovas quero fazer,
parece até uma prova
de amor ... com muito prazer.
Prof. Garcia - Caicó - RN
No amor tudo se renova,
não seja escravo da dor;
faça do ódio uma trova,
do tédio um verso de amor!
Outra composição que muito nos encanta, que também é feita em forma de Trova é “Samba lelê”, mas além de se apresentar com rima simples, em seu primeiro e segundo versos encontramos a palavra TÁ, em vez de ESTÁ, e a junção de “ com a “, com a contagem de uma sílaba apenas, o que só é permitido através de “licença poética “.
Isto tornaria impossível uma classificação num Concurso de Trovas, no gênero lírico - filosófico, por entender a maioria dos julgadores que há uma imperfeição inaceitável (tá), em dois versos e uma apenas protegida por licença poética, (com a) o que caracteriza total falta de recurso para a composição perfeita da Trova.
Deliciemo-nos com um trecho de Samba lelê na expressiva voz de Antônio Moreira.
Samba lelê
Samba lelê tá doente,
tá com a cabeça quebrada ...
Samba lelê, precisava
de uma gostosa palmada. (bis)
O Rio Grande do Sul também está presente em nosso modesto trabalho, representado por Trovadores de excepcional qualidade, como :
Mílton de Souza - Porto Alegre - RS
A quadra metrificada
chama-se "trova", hoje em dia.
E a trova é a raiz quadrada
da mais perfeita poesia...
Clênio Borges - Porto Alegre - RS
Nesta trova vou contar
o que um adeus faz sentir:
quem parte, almeja ficar,
e quem fica, quer partir.
Enriquecendo esta modesta palestra, também selecionamos Trovadores de vários outros estados, com Trovas de inspirações privilegiadas, tais como :
Antônio Augusto de Assis – Maringá - PR
Na tribo dos trovadores,
entre irmãos te sentirás.
Quanto mais fraterno fores,
melhor trovador serás!
Thereza Costa Val – Belo Horizonte - MG
Na trova, que é seu veleiro,
singrando temas diversos,
trovador é marinheiro
que navega em quatro versos.
Sarah Rodrigues / Salinópolis - PA
"Na paisagem desse sonho,
no contraste de um amor,
essas trovas que eu componho
sempre afogam minha dor."
ROBERTO RESENDE VILELA - Pouso Alegre - MG
Pelas veredas singelas
da Trova e da Poesia,
se difundem as mais belas
lições de Filosofia.
No Rio de Janeiro, estamos premiados com Trovas de renomados Trovadores, o que muito nos honra e nos envaidece:
Almerinda Liporage – Rio de Janeiro - RJ
Se uma Trova me entristece,
fazê-la, sei que não devo ...
Tristeza ninguém merece
e, por isso, eu não a escrevo...
Benedita Azevedo - Mauá - RJ
Fazer trova com carinho
faz bem ao nosso viver.
Fazer da trova um bom vinho,
é só questão de querer...
Maria Madalena Ferreira - Magé - RJ
Meu dia nasce risonho;
minha emoção se renova
sempre que acordo de um sonho
e trago pronta, uma Trova...
Renato Alves – Rio de Janeiro - RJ
A trova é pequena flor
que brota do sentimento...
Com redondilhas e amor
traz à vida um grande alento!
Agora, amigos, dadas algumas informações sobre a Trova, que esperamos tenham sido proveitosas, apresentamos, a Trova de autoria do saudoso irmão – Trovador, José Maria Machado de Araújo, que representa o desejo de todos nós, que diz :
“Trovadores, meus irmãos,
vamos viver que mãos dadas,
que onde há correntes de mãos,
não há mãos acorrentadas !
José Maria Machado de Araújo
Convidamos, agora, o “cantor – poeta” Antônio Moreira, para, homenageando à Academia Brasileira da Trova, seus associados e todos os Trovadores presentes, interpretar a mais bela canção já composta em homenagem aos Trovadores :
O Trovador
Jair Amorim e Evaldo Gouveia
Sonhei que eu era um dia um trovador
dos velhos tempos que não voltam mais
cantava assim a toda hora
as mais lindas modinhas
do meu Rio de outrora
Sinhá Mocinha de olhar fugaz
se encantava com meus versos de rapaz.
Qual seresteiro ou menestrel do amor
a suspirar sob os balcões em flo
na noite antiga do meu Rio
pelas ruas do Rio
eu passava a cantar
novas trovas em provas de amor ao luar
e via então com um lampião de gás
na janela a flor mais bela em tristes ais!!!
Como uma homenagem ao grande responsável pelo imenso movimento trovadoresco existente até os nossos dias, Luiz Otávio, o Príncipe da Trova Brasileira, registramos uma Trova de sua autoria, que todos nós os Trovadores aplaudimos e comungamos do seu louvável pensamento.
A Trova tomou-me inteiro
tão amada e repetida,
agora traça o roteiro
das horas da minha vida.
E, finalmente, agradecendo em meu nome e da União Brasileira de Trovadores, Seção Rio de Janeiro, à Trovadora Alba Helena Correia, membro da Diretoria da Academia Brasileira da Trova e demais associados pela oportunidade que nos foi concedida, acrescentamos :
Estou realmente encantada
por tudo que me fizeram
e levo na alma guardada
toda a atenção que me deram ...
Findando esta cerimônia
que me deixou encantada,
eu quero ter muita insônia,
para sonhar acordada.
Este conclave comprova
no calor humano infindo
que o mundo de quem faz Trova
é um mundo muito mais lindo ...
Pelo meu dom milagroso
agradeço enternecida
por Deus ser tão generoso
pondo a Trova em minha vida...
E entre amantes da Poesia
me felicito porque
trouxe para a Academia
lições de amor da UBT.
Maria Nascimento Santos Carvalho
Fonte:http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1002380
Postado em:Maria Nascimento
Enviado por Maria Nascimento em 23/05/2008
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