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https://academiadeletrasdobrasildeminasgerais.blogspot.com/2018/10/medalha-cultural-saul-alves-martins.html
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O presidente Cel. Klinger Sobreira de Almeida e sua esposa
Acadêmica Silvia Araújo Motta dão boas vindas aos Confrades, Confreiras e Convidados.
MEDALHA
CULTURAL “ACADÊMICO SAUL ALVES MARTINS”*
As
instituições surgem, crescem e perenizam-se por ação de humanos. Realizações e
feitos pelos que nelas tiveram passagem.
A
bissecular Força Pública Mineira tem suas raízes no Regimento Regular de
Cavalaria de Minas, 1775.
Da
Colônia, atravessando o Brasil Império, até a República, em todas suas fases –
algumas cruentas – teve SOLDADOS em letras maiúsculas. Nas intempéries,
guerras, revoluções e, no cotidiano do combate ao banditismo, deram-lhe
sustentação, edificaram-na e projetaram-na no porvir como luz da mineiridade.
O
saudoso estadista Milton Campos, quando Governador do Estado, em mensagem
enviada à Assembleia Legislativa, 26Jul1947, em breve mas substancioso texto, assinalou
a Força Pública “Em sua tríplice
atividade – policial, militar e educativa...” Enfatizando seu papel na construção
de uma comunidade sadia e altaneira pelo viés educativo, expressou:
“Quanto as suas atividades
educativas, cumpre ressaltar o esforço da Polícia Militar na difusão e no
desenvolvimento dos Esportes e da Educação Física por todo o Estado. Em sua
quase totalidade, as chefias das Praças de Esporte estão a cargo de elementos
da Corporação, cabendo-lhes ainda a função de instrutores de Educação Física
nos ginásios do Estado e em grande número de colégios particulares, religiosos
ou não.”
“Merece ainda alusão especial o que
realiza a Polícia Militar no terreno esportivo-social. Especial colaboração e
auxílio vêm sendo dados, de sua parte, à aviação civil, no Estado, bastando
notar que, desde 1940, o quadro de instrutores do Aero Clube de Minas Gerais é
integrado por vários elementos da Corporação, e de suas fileiras também saíram
instrutores para o mesmo gênero de esportes, em Diamantina, Curvelo, Itabira e
Pirapora, assim como, ainda hoje, em Lavras e Barbacena...”
Naquela
época, quando grandes e inexcedíveis companheiros pontilhavam em feitos nas
áreas policial, militar e educativa, constatamos a atuação de um jovem tenente que,
além de miliciano intimorato, desde o ingresso como soldado em 1935, despontava
na seara cultural. Ao lado da nata intelectual de Minas Gerais, fundava a
Comissão Mineira de Folclore e pela imprensa, em jornais diários e na Revista
Libertas, era o vanguardeiro em defesa da cultura nativa. Mas não só: refulgia
como educador, pregando e praticando o “fazer polícia” com modernidade e
respeito à dignidade do ser humano. Foi um precursor da Polícia Comunitária. E
mais: somou-se ao grande coronel Manoel José de Almeida, na obra monumental das
Escolas Caio Martins.
Este
homem – escritor e poeta - que injetou sangue à veia cultural da PMMG, que
abriu as veredas universitárias como Professor de nossa Academia de Polícia
Militar e da UFMG, que se elevou a ícone nacional, com projeção internacional,
na defesa da cultura nativa, foi a estrela de maior grandeza, dentre 11
pensadores que, em 1995, fundaram a Academia de Letras João Guimarães Rosa, da
PMMG, ocupando a Cadeira Areopagítica nº
30.
Coronel
Saul Alves Martins que, em 10 de dezembro de 2009, encantou-se, no dizer de
Guimarães Rosa, foi um dos sustentáculos deste Sodalício Rosiano. O Mestre. O Impulsionador.
Esta Academia, homenageando-o, deu-lhe a tutela da Cadeira Areopagítica 34, e,
associando-se ao Clube dos Oficiais, instituiu a Medalha Cultural “Acadêmico
Saul Alves Martins”.
A
Comenda é concedida, anualmente, a no máximo 15 personalidades ou instituições
que tenham se destacado na seara cultural, segundo os ideais de Paz, Honra e Liberdade, fundo essencial
da obra de Saul.
No
corrente ano, dentre dezenas de indicações, a Comissão Mista – ALJGR e COPM – embora
louvasse a todos, distinguiu as seguintes personalidades e instituições:
1.
Cel. BM Edgar Estevo da Silva –
Chefe do Estado Maior do Corpo de Bombeiro Militar de Minas Gerais. Oficial de
escol, segundo o padrão da escola inspirada em figuras como Moltke, George
Marshall e outros luminares de estado-maior na Europa e América. Competência, Inteligência, Humildade e
Liderança. Encontramo-lo sempre em espírito comunitário, alinhando a corporação
de bombeiros militares como modelo no Brasil. A ALJGR tem recebido seu
incentivo e apoio.
2.
Cel. BM Cleberson Pereira Santos – Cmt. da Academia de Bombeiro Militar.
Educador de primeira linha, segue a tradição legada pelo Cel. Saul: formar
profissionais de alto quilate. Este ano, proporcionou aos alunos dos diversos
cursos da ABM a participação plena na 1ª Sessão Literária, realizada no
Auditório da Escola de Engenharia da UFMG, em 13Jun18, quando o Acadêmico
Efetivo-Curricular TC BM Eli Chagas de Oliveira proferiu uma palestra de cunho
profissional. O Cel. Cleberson faz da ABM uma universidade de elevado conceito.
3.
TC PM QOR José Marinho Filho – Homem de letras, antigo e renomado
professor de gerações de PM. Acadêmico Efetivo-Curricular, ocupa a Cadeira
Areopagítica nº 06. Além de presidir o
Conselho Fiscal, estruturando-o e normatizando-o com rara proficiência,
encontra-se sempre disponível para tarefas no campo da finalidade do Sodalício.
4.
Cel. PM QOR Antônio Fernando de Alcântara – Historiador e Pesquisador da
História Militar, é Acadêmico Efetivo deste Silogeu, Cadeira Areopagítica nº 51,
e da Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa. Cognominado
Paleontólogo Literário da Força Pública – devemos a ele o desvendamento de
pontos relevantes da carreira de João Guimarães Rosa.
5.
TC BM QOR Eli Chagas de Oliveira – entusiasta da atividade de bombeiro,
desde tenente na década de 70, pratica, instrui e escreve manuais didáticos,
principalmente na área de salvamento. Na década de 1980, foi um dos
articuladores da reativação do Centro de Instrução de Bombeiros da APM. Mais
tarde, no CBM, desempenhou papel relevante na construção da doutrina e
elaboração do planejamento estratégico. Acadêmico Efetivo-Curricular, ocupa a
Cadeira Areopagítica nº 38.
6.
Designer Alexandre Rodrigo Alves – funcionário graduado do COPM, é
Acadêmico-Parceiro da ALJGR, onde chefia setor ligado à Diretoria
Administrativa. É o esteta das organizações e eventos solenes do Sodalício.
Incentivador do desenvolvimento cultural.
7.
TC PM Cláudia Herculana Ferreira Glória – Vice-Presidente da AOPMBM,
criou e dirige o Departamento Feminino Militar, no qual desenvolve notável trabalho de coesão, desenvolvimento
profissional-cultural e afirmação da mulher na atividade policial-militar.
8.
Cap. PM Steevan Tadeu Soares de Oliveira – Acadêmico Efetivo-Curricular,
Cadeira Areopagítica nº 49. Autor da magnífica obra doutrinária “A Tropa de
Choque e as Manifestações de Rua”, quando aborda, em profundidade, o exercício
do poder de polícia pela tropa de choque. Bacharel em Direito, Mestre e autor
de inúmeros artigos especializados. Representa a pujança da nova geração de
policiais-militares que alia a prática à teoria.
9.
Advogado Raimundo Alves de Jesus – Presidente da Academia
Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa. Titã no culto à obra e memória de
Guimarães Rosa, aliou-se a este Sodalício em defesa dos ideais maiores do ícone
da literatura brasileira. Sempre presente em nossos empreendimentos, tem
propiciado nossa participação na Semana Rosiana de Cordisburgo.
10.
Cel. PM QOR Lúcio Emílio do Espírito Santo – Acadêmico
Efetivo-Curricular, Cadeira Areopagítica nº 39. Ao escolhê-lo, a ALJGR e o COPM
rendem sua homenagem a um oficial que, ao longo dos anos, elevou o nome da
Força Pública nas searas Acadêmicas do interior e capital, através de uma
produção literária de amplo alcance. Constituiu sempre, além de profissional
impecável, uma referência do idioma pátrio.
11.
Sra. Madalena Maria Diniz Bastos
– Diretora da Federação das FOLIAS DE REIS de Minas Gerais – trabalhou muitos anos ao
lado de Saul Martins na divulgação e preservação dos valores do folclore.
Continua ligada em atuação proficiente às atividades que notabilizaram Saul.
12.
Museu do Folclore Saul Martins, representado pela Secretária de Cultura
de Vespasiano Mônica Regina da Cruz. Em 19 de maio de
1991, o município de Vespasiano, através de convênio com a Comissão Mineira de
Folclore, acolheu o Museu Mineiro de Folclore, denominando-o, num preito à
figura máxima da preservação e estudos da cultura nativa, Museu do Folclore
Saul Martins. Esta Academia e o COPM não poderiam deixar de reconhecer o
desprendimento e a visão cultural de Vespasiano.
13. Cel. PM Welerson Conceição Silva, Diretor de
Comunicação Organizacional/PMMG. Oficial da nova geração de comandantes que, no
exercício de comandos – EFSd e 16º BPM – e agora na DCO, alinha-se no esforço
de desenvolvimento cultural da Força Pública. Nessa coerência de conduta, tem
sido um suporte nas atividades finalísticas do Sodalício Rosiano.
14.
Jornalista Luís Gonzaga Góes – Acadêmico Efetivo-Curricular, Cadeira
Areopagítica nº 50 – autor de obras que trazem à tona a história de Belo
Horizonte, destaca-se na preservação das tradições do Bairro Santa Tereza.
Reverenciando seu genitor – o saudoso sargento Otávio Góes – escreveu uma
substanciosa história do 5º Batalhão de Infantaria (hoje, 5º BPM).
15.
Faculdade de Sabará – vinculada à “Sociedade Educacional e Cultural de
Sabará – SOECS – aqui representada pelo Magnífico Reitor Dr. Mário de Lima
Guerra. A escola, além de sua amplitude qualitativa no campo educacional
superior, mantém uma cátedra denominada “História da Cultura Mineira”, a qual,
dentre diversas manifestações e estudos, valoriza o FOLCLORE. A Comissão
reconheceu o papel da instituição na preservação dos valores cultuados por
Saul.
Saudando
os agraciados com a comenda que simboliza um ideal sublime, sentimos que o
Espírito de Saul Alves Martins, do plano astral em que se encontra, nos inunda
de luz por este momento de reconhecimento e enaltecimento à cultura.
PAZ,
HONRA e LIBERDADE, eis a nossa divisa.
·
Discurso proferido por Klinger Sobreira de
Almeida – Cel. PM Ref. - Presidente ALJGR/PMMG – saudando os agraciados com a
Medalha Cultural “Acadêmico Saul Alves Martins”, na Sessão Solene do 23º
Aniversário ALJGR, em 10/10/2018.
-
23º
ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO
TRAJETÓRIA
E PERSPECTIVAS
ORADOR:
ACADÊMICO CORONEL EURO MAGALHÃES
Cumprimentos, etc
Senhoras, senhores, confrades,
Épocas conturbadas são as que mais estimulam as
pessoas à reflexão sobre o futuro. Talvez pelo imponderável que o cerca, pelas
brumas que não permitem boa visibilidade, pela incerteza e até pelo receio de
sonhar acordado.
Falamos sobre o futuro? Estas épocas também nos levam
a refletir sobre o passado. A história sempre estimula a reflexão e a busca por
respostas afirmativas: afinal onde está o erro que nos conduziu ao momento
presente? Quem e quando errou? Por qual razão errou?
Mas eventualmente, e porque não, os acertos da
trajetória!
Colocam-se então, lado a lado, o presente que se vive,
o passado já vivido e o futuro ainda a se viver.
Ora bolas! Dirá o filósofo de plantão existente em
cada um de nós. Estamos mesmo é vivendo o presente; o passado nos interessa
muito pouco, a não ser conhecê-lo, e o futuro só nos permite mesmo algumas
especulações. Enfrentando esta dificuldade conceitual, no século V (A.D.),
Aurelius Augustinus (354 – 430), Bispo de Hipona, o Santo Agostinho conhecido
de todos nós, disse: “O passado já não é
mais e o futuro não é ainda.”
Até aqui nossas considerações sobre a proposta do
título: “ALJGR – TRAJETÓRIA E PERSPECTIVAS”. Iremos então refletir sobre o
passado – a trajetória – e também especular quanto ao futuro – as perspectivas,
sempre da ALJGR.
A TRAJETORIA
Pouco a ser acrescentado ao apresentado em outubro de
2017, em memorável palestra, do Acadêmico Jair Barbosa da Costa – do grupo de
fundadores e 1º Presidente desta Casa.
Ainda assim cabe-nos honrar aos idealistas que
souberam transformar em realidade o sonho de construir uma Academia de Letras
que congregasse os militares estaduais de Minas Gerais, policiais e bombeiros.
Sem dúvida que o solo era fértil e estava preparado para receber as sementes
que lhe foram lançadas. Eis que o semeador saiu a semear e copiosas sementes,
em pouco tempo, germinaram e deram frutos, produzindo “... 30,60 e até mesmo
100 vezes mais do que tinha sido plantado.”
Em tempo, como deixar de mencionar o semeador de ideias e de ideais, o
notável coronel Ari Braz Lopes. Assim hoje a ALJGR com seus _____ acadêmicos
fundadores, curriculares e parceiros se prepara para o exercício da maturidade,
alcançada e ensejada neste seu 23º aniversário.
A trajetória percorrida, da fundação aos nossos dias,
foi de desafios inumeráveis, enfrentados com cautela e discrição, qualidades a
que foram somadas a firmeza de propósitos e algo mais.
Idealistas e visionários sim, mas acima de tudo,
destemidos e corajosos, foram todos os nossos precursores que não se
intimidaram perante circunstancias adversas.
Mas deve ficar registrado também que, tal como dito, o terreno estava
fértil, houve entusiasmo e apoio por parte de muitos e a construção prosperou.
Honra, pois, aos 11 Acadêmicos fundadores; a eles todo
nosso respeito e preito de gratidão.
AS PERSPECTIVAS
Ainda antes de adentrar à sala escura das
perspectivas, peço licença aos presentes e proponho um pequeno exercício
mental:
- Em outubro de 1995, onde eu estava? Com quem? O que
estava fazendo? Com qual propósito?
Alguns poucos, dentre os presentes, estão com as
respostas prontas. Eis que os acadêmicos fundadores da ALJGR estavam empenhados
com as providências decorrentes de sua fundação, verificada poucos dias antes.
Mas 1995 já passou faz muito tempo; proponho então
2006, apenas 12 anos atrás.
A incerteza plantada com tais questões é razoável.
Isto porque algum tempo já é passado e uma certeza perdura, pelo menos uma.
Éramos mais jovens exatamente 12 anos. Talvez não seja grande coisa, para
alguns, mas pelo menos temos esta certeza. Absoluta.
Agora outro exercício. Dispensados de responder;
apenas pensar um pouco...
E em outubro de 2030? Onde estarei? Com quem? Fazendo
o que? Com qual propósito?
A absoluta certeza que sempre nos restará é que
estaremos 12 anos mais vividos, mais envelhecidos. Certeza mesmo? Não confundam
certeza com hipótese, melhor ainda, com desejo.
Outra certeza é que a ALJGR estará completando os 35 anos de sua
fundação.
Irrevogável é que a perspectiva para os próximos anos
será de intensas mudanças. É bom lembrar que Alvin Toffler já mencionava, faz
algum tempo, que uma certeza que nos envolve é a de mudanças, algumas radicais,
outras nem tanto. Acrescentava que esta não deveria ser a única certeza desde
que era certo também que as mudanças seriam, cada vez mais, aceleradas. Mas
mudanças para onde? Aí entra o imponderável pois, dito antes, a única certeza é
a de que haverá mudanças.
Podemos nos aventurar a especular que algumas virão
para melhorar a convivência social e reduzir as desigualdades sociais e econômicas;
outras ainda virão para reduzir a chaga da violência em todos os níveis. Mas
podemos também especular que algumas mudanças não serão oportunas porque nem
todos estarão preparados para recebê-las.
E daí...?
Cibernética, instagran, whats app, robótica, internet,
web, google, I. A. (inteligência artificial) todas elas palavras e expressões
carregadas de significados que já estão por aí, ao nosso dispor, com utilização
cada vez mais disseminada.
Desde que estamos em uma Academia de Letras cabe a
pergunta: O que virá então?
Livros, às pamparras, disponíveis “on line” graças à
internet mas também no formato impresso, tradicional. Serão teses, artigos,
resenhas, informações de interesse técnico-científico mas também romances, crônicas,
narrativas.
O “áudio - livro” não será mais novidade. Este formato
já está disponível.”
Corre - se apenas o grande risco de tornar verdadeiro
o fado proferido por Einstein, aquele
gênio mal humorado que se divertia pondo a língua para fora sempre que algum
fotógrafo se aproximava. Ele nos advertiu que:
“Cada dia saberemos mais e entenderemos menos.”
E as bibliotecas, aqueles espaços sagrados,
repositórios de cultura e de saber, onde se respira o mais puro ar que existe,
como serão? Onde estarão? Existirão?
Aqui vale rememorar a “Biblioteca de Alexandria”, no Egito antigo,
inestimável centro de saber ... mas que desapareceu.
E os escritores? Ainda existirão os que manuscrevem
romances, antes de datilografá-los. Confundi-me, perdoem-me; antes de
digitá-los?
O órgão governamental próprio nos mostra, que a
população brasileira está envelhecendo. Estudos dos demógrafos indicam que, em
2030, 28% da população brasileira terá idade acima de 50 anos. Se em 2010
éramos 190.732.694 (IBGE) em 2030 seremos
228. 663. 251. Seremos mais de 45 milhões
de brasileiros com idade acima de 50 anos. As informações utilizadas para tais
conclusões são as obtidas em censos, a partir dos quais são construídas as
pirâmides etárias. A população brasileira ainda não estará encolhendo mas
deixará de manter a expansão que tem sido sua característica desde os tempos do
império. A conclusão é que teremos mais, digamos assim, maduros, do que jovens.
E daí? Talvez tenhamos que reformular o próprio conceito de idoso...
Em recente incursão por uma publicação mensal deparei
com algumas palavras que me levaram a ter saudades de, imaginem, “- nonada -”!
Nonada!
Palavra enigmática, síntese, expressiva, que tem o
condão de nos levar a pensar e refletir.
Mas palavras incomuns passarão a ser de uso comum e
frequente, ainda que sem qualquer sopro de beleza:“tardígrados”,
“interferometria”!
Desafio para os pósteros: criar palavras novas,
expressivas, mas sobretudo adocicadas, bonitas.
Os próximos anos, sem dúvida, apresentarão inúmeros
obstáculos à ALJGR, todos eles a exigir trabalho, criatividade, abnegação,
inteligência e muita coragem. Tudo isto alicerçado em base sólida que só pode
ser propiciada pela SABEDORIA. Mas como construir este alicerce indestrutível?
A sabedoria!
Vale dizer aqui que “Quem, para
possuí-la, levanta-se de madrugada, não terá trabalho, porque a encontrará
sentada à sua porta.” Sab.6.
Mas é necessário que sejamos pragmáticos; precisamos
responder, cada um de nós, a algumas perguntas:
- Teremos sede própria?
- Publicaremos, com regularidade, coletâneas de
trabalhos dos acadêmicos?
- Seremos capazes de manter produtivos contatos com
nosso público alvo – os militares estaduais de Minas Gerais, Policiais e
Bombeiros?
- Seremos capazes de extrapolar da esfera dos
militares estaduais de Minas Gerais, enquanto nosso público de leitores?
Mas há uma pergunta síntese de todas, que deve ser
considerada também: A ALJGR estará aí?
Quanto a isto fala alto o coração e permitimo-nos a
certeza de que a resposta é sim! Estará muito viva, produtiva e respeitada
porque vivos estarão os ideais de todos os patronos. O semeador a que nos
referimos ao início, sem dúvida que não semeou uma singela hortaliça, seja um
pé de alface, muito útil e valioso para nossa alimentação, mas de vida efêmera
e que no espaço de doze meses cumpre todo o seu ciclo de vida. Ele semeou um jequitibá. Compete-nos cuidar
desta arvore que será frondosa e abrigará gerações de escritores policiais
militares e bombeiros militares de Minas Gerais. Mas que dependerá de cuidados permanentes
para ter vida produtiva.
Enfim, para ter vida produtiva, cabe considerar, o
ensinamento deixado por um homem simples, mineiro como nós, que nos legou a
seguinte advertência e conselho. Ele disse-nos
que:
“O
correr da vida embrulha tudo, a vida é assim; esquenta e esfria, aperta e daí
afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.” G.
Rosa, G. S. e Veredas.
Belo Horizonte, 10 de outubro de 2018
Euro Magalhães, Cel PM Ref
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ESTADO-MAIOR
Sessão Solene Comemorativa do 23º
aniversário do Sodalício Rosiano e agraciamento com a Medalha Cultural
“Acadêmico Cel. Saul Alves Martins”.
Senhoras e senhores, boa noite!
Ao momento que recebi a
indicação dessa fecunda academia como recipiendário da Medalha Cultural
“Acadêmico Saul Alves Martins”, fui também convidado por esta respeitável casa
a proferir algumas palavras em nome dos agraciados. Confesso que embora
lisonjeado com o gentil convite, abateu-me a preocupação por ter que manifestar-me
para uma platéia que faz da palavra, obra-prima, que magistralmente trabalhada,
pelos dedicados acadêmicos desse liceu, transfigura-se de forma sublime,
extraindo significados e sensações tão peculiares, capazes de despertar no
interlocutor, de forma quase mágica, aquilo que para a maioria dos “comuns”,
classe em que me enquadro, seria impensável.
Contudo, o respeito e a
admiração que dispenso a essa Academia impelem-me a realizar esse esforço e
humildemente, exprimir-me nesta noite memorável.
A Academia de Letras João Guimarães
Rosa da Polícia Militar de Minas Gerais, fundada em 1995, sob os auspícios da
Polícia Militar de Minas Gerais, desempenha com louvor sua função precípua,
qual seja, firmar-se como a casa do saber e da erudição, permanente templo de
culto à memória de seu Patrono-Príncipe – Capitão-Médico da Força Pública
Mineira, João Guimarães Rosa.
Para nós militares mineiros,
essa Academia, é fonte de grande orgulho, vez que permite aos bravos milicianos
revelar talentos outros, tão nobres e respeitáveis quanto aqueles
rotineiramente exibidos na lida da caserna. Eivados dos preceitos mais caros da
profissão policial e bombeiro militar, percebe-se na obra dos filiados dessa
casa o espelhamento desses princípios, que se apresenta, sob outro enfoque,
como instrumento de luta, manifestação de respeito e reduto de preservação dos valores
das instituições militares do nosso estado, a exemplo do nosso grande escritor
João Guimarães Rosa.
Na mesma esteira o Coronel
da Polícia Militar, “Acadêmico Saul Alves Martins”, um dos fundadores desta
Academia de Letras, e cuja medalha que hoje honrosamente recebemos, confere-lhe
o nome, foi um desses notáveis milicianos, que, transpôs os umbrais da caserna,
presenteando o mundo acadêmico e os leitores sensíveis com uma vasta obra tanto
poética, quanto antropológica. Para termos uma superficial noção da
grandiosidade desse soldado de escol, diante de sua importância como
antropólogo e folclorista, dentre outros feitos e títulos, empresta seu nome ao
Museu do Artesanato de Vespasiano, categorizado como um dos cinco melhores
museus de cultura popular do Brasil, motivo de orgulho de todos os companheiros
de farda.
Nesses dias difíceis pelos
quais passa a nossa pátria, imperioso relembrar os feitos de heróis como o
Capitão-Médico e escritor-ícone João Guimarães Rosa bem como o Coronel PM, professor
universitário, antropólogo, folclorista e poeta Saul Alves Martins, que
seguidos por outros tantos renomados militares dessas Minas Gerais representam
os pilares das nossas instituições militares estaduais esculpindo valores para
nós inarredáveis como a ética, o respeito e o amor ao trabalho, valores esses,
todavia, aviltantemente atacados por alguns que pretendem a desestabilização
social.
A defesa da educação, do
desenvolvimento cultural e dos direitos humanos, visceralmente defendidos pelo
Coronel Saul Alves Martins são também ideais a serem perseguidos por todos os
cidadãos que esperam viver em uma sociedade justa e igualitária.
Envolvido por essa
atmosfera, misto de pertencimento, espírito de luta e esperança parabenizo a
todos os agraciados com a Medalha Cultural “Acadêmico Saul Alves Martins”,
concedida aos cultores dos ideais de paz, honra e liberdade conforme descrito
no convite por todos nós recebido. Que esse agraciamento seja, para além de um
regozijo do ego, mais um estímulo ao trabalho em prol do crescimento individual
e da atuação efetiva na construção da paz social.
Aos acadêmicos dessa
prolífica casa literária, dedicados artesãos da palavra, ao seu emérito
presidente, Coronel Klinger Sobreira de Almeida, e ao Presidente do Clube dos
Oficiais da Polícia Militar, Coronel Edvaldo Piccinini Teixeira meu sincero
agradecimento pela concessão de tão honrosa condecoração.
Para finalizar saúdo a todos
os presentes, agraciados, acadêmicos, amigos e entes queridos e peço permissão
para transcrever, nosso grande arquiteto da literatura mundial, João Guimarães
Rosa em uma frase curta, mas tão cheia de significado para os dias atuais: “Quem elegeu a busca não pode recusar a
travessia! ”.
Com
esse chamamento me despeço e desejo a todos uma ótima noite e uma vida de muita
coragem nas travessias!
Belo Horizonte,
10 de outubro de 2018.
Edgard
Estevo da Silva, Cel BM
Chefe
do Estado-Maior
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