segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

ALIENAÇÃO DAS ELITES CAUSA ESPANTO - Soneto-sáfico-heroico Nº 7425 Noneto Nº 236-Por Silvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil

ALIENAÇÃO DAS ELITES CAUSA ESPANTO

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Soneto-sáfico-heroico nº 7425
Noneto-Poético-Teatral Nº 236
Rimas: ABAB, ABAB, CDC, EDE.
Sons fortes:  4ª, 6ª, 8ª 10ª sílabas.
Mensagem do poema no 14º verso.
Por Sílvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil.
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Alienação de elites causa espanto;
oportunistas seguem vida afora...
Os privilégios levam sempre ao pranto
de quem só tem lixões reais, agora.
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Grandes empresas crescem mais, no entanto,
a corrupção prospera e o pobre chora:
a realidade perde seu encanto;
sem casa e pão, na rua eleita, mora.
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Toda a esperança chega na eleição;
a maioria vota e crê na história,
mas [via crucis] volta a ter traição.
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Impostos pagos ganham seus desvios;
Anos e anos fogem da memória.
Na classe média há bolsos mais vazios.
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Belo Horizonte, 14 de dezembro de 2020
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https://www.recantodasletras.com.br/sonetos/7135643
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https://academiadeletrasdobrasildeminasgerais.blogspot.com/2020/12/alienacao-das-elites-causa-espanto.html
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MAZELAS SECULARES

 

 Bradar, clamar, gritar, denunciar!!! Quem sabe (a esperança jamais fenece!), num porvir não distante, as mazelas seculares – pirâmide socioeconômica desnivelada, corrupção generalizada, aproveitamento egoístico no exercício da política... -  esmaeçam e passem a constituir exceção. Então, o Brasil encontrará seu decantado futuro. O povo, longe das cenas deprimentes da miséria, poderá cantar em orgulho cívico.

                                  Em cima de um “espanto” do dirigente da Caixa Econômica Federal, por ocasião de reunião no Palácio do Planalto, construí a crônica “Alienação das Elites”, que coloco à apreciação dos leitores. Acompanha-a, como sempre, um soneto da poetisa Sílvia Araújo Motta com interpretação do tema. 
                                  

                                                                                                           

Klinger Sobreira de Almeida – Cel PM Veterano

Efetivo-Fundador Academia de Letras João Guimarães Rosa/PMMG

 

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ALIENAÇÃO DAS ELITES

 

O espanto do presidente da Caixa (...) nessa quinta-feira (03/12), ao se deparar com pessoas morando nos lixões...” (jornais de 04 e 05/12/20).

Esse espanto do nobre presidente da CEF saiu retratado nas mídias do dia seguinte. Amplamente explorado, inclusive pelo viés ideológico:

Bom dia, minha gente! Eu não sei se vocês viram, mas, ontem, numa cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente da Caixa Econômica disse que só agora ficou sabendo que tem brasileiros morando em lixões...”

Dentre os diversos comentários, um deles:  “... o presidente da Caixa descobriu, AGORA EM PLENO 2020, que no Brasil pessoas vivem nos lixões? Típico exemplo da elite alienada que temos neste país.

Pessoas não só moram nos lixões, ou em barracos de situação aflitiva. A população de rua, imensa, vive e passa fome debaixo de viadutos e marquises; morre de inanição, ou de frio... Isto não deveria ser ignorado pelas elites dirigentes!

Para constatar essa ignomínia, basta andar pelas ruas. Passar debaixo ou ao lado dos viadutos. Caminhar, olhando. Não sentir pejo nem medo, ou vergonha. Conversar e dialogar com os “ infelizes desafortunados”. Ter um mínimo de empatia.

Esta, a realidade das grandes e médias cidades brasileiras. Não precisava ser assim. O Brasil é um país rico. Além da pujante agricultura e reservas minerais, industrializou-se a partir da Era Vargas, seguida pelo impulso JK.

Contudo, atravessando os séculos e décadas, arraigados num modelo colonial de exploração gananciosa das riquezas, opressão aos nativos e subjugação cruel de escravos importados, construímos uma pirâmide econômico-social sui generis. No topo, bem afunilado, os contemplados com a terra, os amigos do “rei’, os servis, os lacaios do poder... Na base, excessivamente alargada, os despossuídos, os miseráveis, os descobertos das benesses... A partir daí um aclive difícil e massacrante para alcançar patamares compatíveis com a dignidade humana. Apesar das barreiras, alguns chegam.

No contexto dessa tessitura iníqua, tivemos lampejos de desenvolvimento econômico e social (a industrialização chegou com atraso de 150 anos!), em decorrência do incremento da imigração e os movimentos insurgentes, mormente a partir dos “tenentes” da década de 1920.

A Era Vargas, o esplendor do governo JK e o impulso evolutivo dos quinze anos da revolução/64 foram importantíssimos na arrancada do Brasil. Todavia, a cultura elitista não se desfez. Na década de 1980, mostrou-se ávida, inclusive no tocante à seara trevosa da corrupção, que se agigantou nos últimos 30 anos (vide períodos do cruzado, anões do orçamento, mensalão, lavajato...), minando segmentos proeminentes do topo político, empresarial, sindical e administração pública.

Paradoxalmente, quando se pensava que a exclusão econômico-social tenderia a desaparecer, via execução de políticas públicas em obras de infraestrutura, saúde e educação, aconteceu o contrário. Segmentos das elites dirigentes – políticos, empresários, agentes públicos... – aprofundaram-se numa corrupção despudorada. Desvios de bilhões que, além de inviabilizar a emancipação das massas, quase liquidaram as empresas públicas, estatais, fundações...  

Há condições de aliviarmos essa estrutura secular de desníveis socioeconômicos? Sim! Desde que, em primeiro lugar, erradiquemos a “Cultura da Corrupção”. O emprego correto dos recursos públicos – imensos quando não sonegados nem desviados criminosamente! – em melhoria das condições de vida da população: moradia, água, energia, esgoto, saúde, educação...

A Educação – raiz do desenvolvimento! – que poderia ter sido tirada do atoleiro em que se arrasta há anos, continua sua “via crucis”. Entra governo, sai governo, e nada!

           No início deste século, um governo que se intitulava “salvador da pátria”, escolheu alguém que planejara implantar o “ensino horário-integral” da base ao médio, com alimentação gratuita. No entanto, foi, por imoral pragmatismo político, defenestrado, após alguns meses no cargo de Ministro da Educação (via telefone, quando estava no exterior). Perdemos a oportunidade de copiar o exemplo positivo de países que se desenvolveram: Coreia do Sul, Finlândia, Chile.... Para não falar nos EEUU, e outros.

Feitas estas sucintas considerações, nesse torvelinho de degradação ético/moral que predomina há séculos, é possível entender o “espanto” de um membro da elite dirigente, o presidente da CEF, ao tomar conhecimento de uma absurda realidade nacional: pessoas morando nos lixões. Certamente, cresceu nas camadas privilegiadas, com formação de elite – a maioria educada no “Ter” com desprezo do “Ser”. Assim, desconhece o que acontece ao lado dos luxuosos condomínios ou gabinetes: miséria, fome, ausência de moradia, desemprego, inacessibilidade educacional, morte infame...

Se esse bando da elite dirigente resolvesse descer do pedestal e sentir o “cheiro de povo”, o “espanto” seria colossal. Talvez, redimiriam em arrependimento!

 

Klinger Sobreira de Almeida – Militar Ref.

Escritor: membro da Academia de Letras João Guimarães Rosa/PMMG

Série O COTIDIANO – 13Fev2021




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