http://www8.tjmg.jus.br/institucional/desembargadores/des_apos/aluizio_alberto_cruz_quintao.html
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TROVADORA SILVIA ARAÚJO MOTTA DA UBT-BH PARTICIPA DO JANTAR DE GALA E DO SALÃO DO LIVRO EM PARIS-FRANÇA-De 11 a 20-3-2012.
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Carversos- informativos-trovadores nº 4358
Por Sílvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil
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01-Em Beagá, Capital,
na REUNIÃO da UBT,
mês de abril, fato real
vim contar para você.
02-No dia 13 de março,
Jantar de Gala, em Paris,
um breve relato faço
de um SONHO que tanto quis.
03-Bela Condecoração
recebi da ACADEMIA,
lá da França aprovação
registrou minha alegria.
04-Comprovei em tantas LEIS
da Arte e da Literatura...
-Dias: treze a dezesseis...
SALÃO DO LIVRO é cultura.
05-A Coletânea Mineira
foi escrita em Português
e de forma prazenteira
foi traduzida ao francês.
06-A maior festa que vi:
SALÃO DO LIVRO, na França!
Honra...alegria senti.
Hoje, só resta a lembrança.
07-Cinco Diplomas guardei,
cinco Medalhas e Pin,
até Troféu eu ganhei!
Felicidade, sem fim!
08-Embaixadora da Paz
sou da Suíça e da França.
Veja o que a cultura faz:
das duas trouxe aliança.
09-Agora, vou terminar
Carversos à REUNIÃO,
a todos vim desejar
FELIZ PÁSCOA e UNIÃO.
10-Sou a Sílvia Professora,
bem feliz, aposentada,
violonista e Trovadora
pela vida apaixonada.
11-Mensageira da alegria
cativa da Arte e Cultura
vivo a divulgar poesia
Música e Literatura.
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Belo Horizonte,MG, UBT
9 de abril de 2012.
1-Diplôme, Médaille d´ARGENT. Carteira Nº 41 284 .Certificado de Membro da l´Académie Internationale Le Mérite et Devouement Français,
(Paris, le 13-3-2012).
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2-Diplôme Lamé Nouveau Honneurs-Fondée Nov.1,1988, dans Le continent européen.(Paris, 15, Mars,2012).(Diploma, Medalha e Pin).
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3-Diplôme de l´Academia de Letras do Brasil-Inter-Suíça, Cadeira 16-Membro Correspondente.(14, Mars, 2012).(Diploma, Medalha e pin)
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4-Diploma, Medalha e Pin da Ordem Federativa de Honrarias ao Mérito-(Paris, França,14,Mars,2012).
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5-TROFÉU, MEDALHA, PIN e DIPLOMA Comemorativo dos 123 anos da TORRE EIFFEL. 1889/2012. GUIADATAS-Registrado sob o nº 1286530.CNPJ.01.417.449/0001-12.
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http://www.recantodasletras.com.br/trovas/3602794
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Silvia Araujo Motta
Enviado por Silvia Araujo Motta em 09/04/2012
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DECÁLOGO DE
METRIFICAÇÃO E DIDÁTICA DA TROVA
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DECÁLOGO
DE METRIFICAÇÃO - Autor: Luiz Otávio (fundador e 1º Presidente
Nacional da UBT - União Brasileira de Trovadores)
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Regras
a serem obedecidas na composição de trovas
1) – As
sílabas são contadas até a última tônica do verso.
2) – As
pontuações não impedem as junções de sílabas.
3) –
Não se deve fazer o aumento de uma sílaba métrica nos encontros consonantais
disjuntos, (ou seja: não usar “suarabacti”).
Exemplo: “ig-no-ro” e não “i-gue-no-ro”
4) –
Uma vogal fraca faz junção com a vogal fraca ou forte inicial da palavra
seguinte.
§ único – Aceitam-se exceções a esta regra no sentido de evitar a formação de
sons duros e desagradáveis.
Exemplo: Ventura única – venturúnica.
5) –
Uma vogal forte, pode ou não, fazer junção com vogal fraca da palavra seguinte,
no entanto jamais deve fazê-la com vogal forte.
§ único
– Nos casos em que se prefira a junção “forte + fraca”, deve-se ter sempre o
cuidado de evitar sons desagradáveis: “mais que tu/ardo” ou formar novas
palavras: vi/a moça
6) –
Pode haver a junção de três vogais numa sílaba métrica.
§- Não
deve haver mais de uma vogal forte.
§- No
caso em que a vogal forte não esteja colocada entre as vogais fracas e sim em
1* e 3* lugar, para que seja correta a junção, as duas vogais fracas devem
juntar-se por crase ou por elisão, e não por sinalefa (ditongação). Assim,
estará certo:
“é a ambição que nos prende”, e não se pode unir as três vogais de “e a /
intima palavra”.
§- Deve
ser usada com cuidado a junção de mais três vogais, embora haja casos corretos
de quatro e até de cinco vogais.
7) – Os
ditongos aceitam as pré-junções com vogais fracas: “E eu”.
As
post-junções são aceitas somente nos ditongos crescentes (encontros instáveis):
“a distância infinita”, e são repelidas nos ditongos decrescentes: “Eu sou/a
que no mundo …
§ Único
– Há casos de uso facultativo de pré-junção de vogais fortes aos ditongos,
quando essas vogais são as mesmas dos iniciais dos ditongos e não forem as
tônicas das palavras.
Aceita-se: “será auspiciosa”, e é inaceitável: “terá/auto”.
– Nos
encontros vocálicos ascendentes (formados por vogais ou semivogais tônicas), a
sinérese é de uso facultativo.
Exemplo: “ci/ú/me” ou “ciú/me”; “po/e/ta” ou “poe/ta”.
§ Único
– Há neste grupo, excepcionalmente, encontros vocálicos que não aceitam a
sinérese. Geralmente, são formados pela vogal “a” seguida das vogais “a”, “e”
ou “o”. Exemplo: Sa/ara, a/éreo, a/orta, ou, em alguns casos, da mesma vogal
“a” seguida das semi-vogais “i” ou “u” tônicas, como em: “para/íso, “ba/ú”.
9) –
Nos encontros vocálicos descendentes (formados por vogais ou semivogais
tônicas) seguidas de vogais ou semi-vogais átonas) não se aceita a sinérese
(“tua”, “lua”, “frio”, “rio” etc., e sim, “tu/a”, “su/a”,”fri/o”, “ri/o”, etc.)
§ Único
– Em algumas regiões do Brasil é usada a sinérese nestes encontros vocálicos,
com base na fonética local. No entanto, não será aceita na Metrificação, em
benefício da uniformidade, uma vez que na maioria dos Estados é feita a
separação dessas vogais.
10) – 0
uso da aférese (“inda”, etc), síncope (“pra”, etc), apócope (“mui”, etc) e de
ectilípse (com a, com o, com as, com os) é facultativo.
§ 1º –
A junção de “com” mais palavras iniciadas com vogais átonas é correta mas pouco
usada. Acompanhando a maioria dos poetas, sempre que possível, deve ser
evitada.
Exemplo: “com amor”.
§ 2º –
A junção de “com” mais palavras iniciadas com vogais tônicas não será aceita.
Exemplo: “com esta”.
§ 3º –
A junção de fonemas anasalados “am”, “em”, “im”, etc., com vogais átonas ou
tônicas não será aceita.
Exemplo: “formaram” / idéias”, “cantaram / hinos” etc.
§ 4º –
É preciso cuidado com o uso de aféreses, síncopes e apócopes que, por estarem
em desuso ou por formarem, geralmente, sons desagradáveis, irão ferir a
sensibilidade dos leitores e dos ouvintes.
**********
DIDÁTICA DA TROVA
NILTON
MANOEL DE ANDRADE TEIXEIRA
Trabalho
de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Claretiano para
obtenção do título Pós Graduado em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa Orientador:
Prof. Ms. Renato Alessandro dos Santos - BATATAIS - 2008
Dedico
para a Comunidade Claretiana, aos trovadores de todos os tempos e entidades
culturais, aos ubeteanos em especial, aos professores, aos estudantes em geral
e aos poetas de todos os recantos.
RESUMO
Neste
trabalho procuro oferecer ao leitor um pouco da Trova e de animação no
Movimento de Brasileiro de Trovadores. Temos aqui os detalhes da trova popular
e da trova literária no contexto da pluralidade cultural de nossa terra. O
passado e o presente deste rico gênero poético engrandecem a literatura através
dos séculos. Apoiei-me em livros de autores consagrados, publicações da União
Brasileira de Trovadores – UBT e livros de Jogos Florais para ressaltar as
fases desta composição poética de quatro versos heptassílabos com rimas ABAB ou
ABCB em conceito atual de trova literária. As trovas com rimas ABAB são as que
se exigem em concursos literários do Brasil e do exterior. Busquei em
dicionários escolares a definição de trova e trovador e reforcei a definição
estatutária da União Brasileira de Trovadores. A UBT maior entidade literária
do país e com textos de autoria de Luiz Otávio ofereço ao leitor material que
revela a magnitude do movimento da trova literária criado por Luiz Otávio de
forma espontânea e compartilhada. Temos 101 anos de coletas contínuas de
trovas, considerando como marco inicial o volume Descantes. de Adelmar Tavares.
No entanto, de épocas distintas temos, Bocage. Fernando Pessoa, Castilho, Olavo
Bilac, Emílio de Menezes, Belmiro Braga, Luiz Otávio entre outros que,
enriquecem a crônica social com trovas literárias, circunstanciais ou de
conveniência. Os epigramas e sátiras têm fases marcantes em nossa literatura
consagrando a trova através dos séculos. A estrutura poética da trova anima nos
dias de hoje a vida literária do Brasil. Como fazer trovas e ser trovador
laureado é a preocupação da grande maioria de poetas de nossos dias. O ensaio
Meus Irmãos, Os Trovadores, de autoria de Luiz Otávio, propiciou o surgimento
de uma corrente denominada Movimento Brasileiro de Trovadores. No entanto, a
trova, ainda não vive como movimento poético no ensino oficial. O trovador e a
trova são donos do universo. Espero que deixemos de ser terráqueos diante de
cantante e rica fonte da cultura brasileira e tenhamos nas salas de aula, à luz
da história, alunos e professores envolvidos na arte de escrever e declamar
trovas.
-
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1.
A TROVA ATRAVÉS DE SÉCULOS
2.
A ESTRUTURA POÉTICA DA TROVA
2.1 SOBRE A DEFINIÇÃO DA TROVA
2.2 ORIENTAÇÕES E CUIDADOS QUE AJUDAM
3.
PRÁTICA DA TROVA EM SALA DE AULA
3.1 AINDA
SE FAZEM TROVAS COMO ANTIGAMENTE
3.2 COMO FAZER TROVAS E SER TROVADOR CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS
1. Entrevista
2. Projeto de trovas
3. Como participar
de concursos
4. Declaração de
princípios da UBT
-
INTRODUÇÃO
A
literatura brasileira solidificou-se através das escolas literárias.
Nos almanaques e nos livros literários, a trova está presente em todos os
estilos: lírica, humorística, política e, sem precisar de erudição, filosófica
do jeito que o povo gosta. Na vida escolar, a Trova popular aparece de forma
ilustrativa em projetos pedagógicos como em Escola nas Férias (SEESP, 2001,
p.49) e Ler e Escrever – Livro de Textos do Aluno (da Educação paulistana,
2005, adotado em 2008 pelo Governo Paulista), revelando a importância da poesia
de forma fixa e rimada na aprendizagem dos estudantes
Didática da Trova procura movimentar a importância histórica e literária da
trova neste momento em que a poesia ganha força na Educação brasileira. Os
quatro versos da trova continuam a buscar maior aceitação escolar. No interesse
pelo gênero, novos poetas aparecerão. O Brasil clama por jovens poetas.
O Movimento Literário de Trovadores revela que a trova mantém-se acesa, mas que
a produção moderna do gênero, distante dos livros. Os autores de livros
didáticos, ainda, desconhecem a definição editada em Meus Irmãos, os Trovadores
há mais de cinqüenta anos.
Lembramos que, sem interrupção, há mais de 100 anos, a Trova vem sendo coletada
por estudiosos. A trova bem elaborada enobrece a vida de todos nós. Nos anexos,
encontramos a fartura cultural dos trovadores, os meios de aprendizagem e
envolvimento literário. Como afirma BELTRÃO (1975, p.18): A trova é, em
verdade, sinônimo de amor.
-
CAPÍTULO
I
A
TROVA ATRAVÉS DOS SÉCULOS
Desde
a infância convivemos com a poesia. Inicialmente, com os versinhos do
cancioneiro escolar, quando as meninas à frente da classe exercitavam a
oralidade com movimentos teatrais.
Eu
pedi um copo d´água,
e
trouxeram na caneca
Isto
mesmo que eu queria,
cinturinha
de boneca.
(anônima)
Esta
é uma quadra muito conhecida entre nós os brasileiros!. Os estudiosos
popularizaram a definição: “composição poética de quatro versos de sete
sílabas, rimando pelo menos o segundo com o quarto e tendo sentido
completo”. A redondilha maior é conhecida em algumas localidades como
versinhos, quadrinha ou verso.
Em
recorte de jornal, sem data, tendo apenas iniciais S.S. por assinatura,
em Vida Social, Penas de Papagaio (Quadras antigas) revela:
Estas
quadrinhas foram compostas por mim, há quinze annos, numa noite em que eu e
vários amigos e admiradores de Belmiro Braga lhe oferecemos um jantar modesto,
no Hotel Garcez, no Rio de Janeiro.
Ó
Belmiro das quadrinhas,
cantor
de Minas Geraes;
deixa
as máguas, que são minhas,
por
favor, não cantes mais...
Meu
coração tambem sente
tudo
isto que te magôa...
Meu
coração é doente,
meu
coração chora atôa...
Tu
que zombas da Saudade
que
me faz tanto soffrer,
pagarás
tua maldade:
de
saudade hás de morrer...
Patativa
regateira,
que
hoje choras na gaiola,
a
saudade brasileira,
também
chora na viola...
Podemos
sentir na ortografia a antiguidade destas quadrinhas em homenagem ao trovador
Belmiro Braga, natural de Juiz de Fora (MG) 7/1/1872 e falecido a 31/03/1937.
Belmiro Braga, entre outros livros, é autor deMontezinas (1902)
e Redondilhas (1934).
Encontramos
em Goldstein (1991,p.51)
O
verso de sete sílabas, heptassílabo ou redondilha maior, é o mais simples, do
ponto de vista das leis da métrica. Basta que a última sílaba seja acentuada,
os demais acentos podem cair em qualquer outra sílaba. Talvez por isso ele seja
predominante nas quadrinhas e canções populares. O verso tradicional em língua
portuguesa, já era freqüente nas cantigas medievais.
Os
livros didáticos dos anos trinta a sessenta viviam cheios de quadrinhas que
eram lidas e declamadas com freqüência. Naqueles tempos todos sabiam de cor a
trova de Jerônimo Guimarães:
Até
nas flores se encontra,
a
diferença de sorte!
umas
enfeitam a vida,
outras
enfeitam a morte!.
No Almanaque Saúde (Serviço Nacional de Educação Sanitária) -
(DF) encontramos esta trova de Gustavo Khulmann:
Quero
aprender na virtude,
a
honrar a pátria querida,
conservar
minha saúde,”
para
ser útil na vida!. (1949, p.30)
Na
vida escolar, ampliamos as leituras poéticas e as noções de versificação.
Envolvemo-nos com trovas populares e literárias. Procuramos descobrir novas
formas de declamar um mesmo texto. Colecionamos almanaques e revistas.
Garimpamos, ainda, nos sebos, quadrinhas da seção humorística Garotas
da revista O Cruzeiro. À luz da ortografia, FERREIRA,
informa com esta quadrinha de Castilho, que, alguns poetas usam, à espanhola,
minúscula no princípio de cada verso, quando a pontuação permite:
Aqui,
sim, no meu cantinho,
vendo
rir-me o candeeiro,
gozo
o bem de estar sozinho
e
esquecer o mundo inteiro. (1964, p.XXXI)
Verificamos
aqui, a preocupação literária quanto à forma (corpo) do poema. Na mensagem
(fundo)o poeta fala do bem de estar só, no seu canto, com a chama do
candeeiro (antigo aparelho de iluminação, alimentado por óleo) quando esquece
do mundo.
Cândido
de Oliveira, em seus livros,divulga trovas com exemplos gramaticais. No
Admissão ao Ginásio (IBEP anos 60, p 21), comenta:
Imaginem
que Aleixo, o trovador português analfabeto que tanto admiro, certo dia
foi ridicularizado por um homem que se dizia doutor e que dava a entender que
quem não o fosse não poderia ombrear com ele. Aleixo não conversou e improvisou
esta:
Uma
mosca sem valor
Pousa
com a mesma alegria
Na
cabeça de um doutor
Como
em qualquer porcaria.
(Pedro
Bloch)
O filólogo José Marques da Cruz, também trovador tem
trovas de sua autoria, como esta:
São
guarda-chuvas de porte,
os
amigos que eu conheço:
-quando
o vento é muito forte,
viram
logo do avesso. (1966, p.377)
Vários
prosadores têm quadrinhas em suas obras. José de Alencar tem diversas, como
esta em O Sertanejo:
Corra,
corra camarada,
Puxe
bem pela memória;
Quando
eu vim de minha terra.
Não
foi p’ra contar história. (p.173)
A
poesia hoje tem maior espaço no ensino fundamental e plenitude no ensino médio.
No curso de Formação de Professores de Educação Básica, nos jornais e revistas,
nos livros didáticos, nas videoconferências, encontramos textos em literatura
de cordel, haicai e soneto. Entretanto, mesmo antiga e dinamizada por dezenas
de concursos anuais, a trova literária, mantém-se distante do quotidiano
pedagógico. Cremos que a maioria dos professores desconhece como se
produz poemas de forma fixa. É preciso investir mais no professor,
propiciando-lhe meios para aplicar em suas aulas, a poesia presente em todas as
áreas do conhecimento. Sabemos que a arte poética requer estudos, é útil e
agradável. A trova é um poema de quatro versos em redondilha maior, rimas ABAB
e de sentido completo. Neste imenso clamor contra a violência, escolas gastam
mais com ferragens do que com bibliotecas.
Esperamos
que se invista em arte-poética e que recordemos em salas-de-aula, trovas
populares e literárias. Os jornais não trazem espaços para os poetas da terra
editarem suas produções. Têm de tudo; menos a poesia que, busca oralidade e
vida cidadã. Isto tem deixado nos últimos anos, imensa lacuna histórica. O
malefício tem sido amenizado com o pluralismo da internet.
Luiz
Otávio, príncipe dos trovadores brasileiros, diz:
Haveria
paz na terra
não
seria a vida inquieta
se
a criança em vez de guerra
brincasse
de ser poeta.
As
crianças não brincam mais de guerra, mas também não brincam de ser poetas. Na
mensagem popularizada de Agmar Murgel Dutra sentimos as mudanças da
vida;
Criança
– brinquei de guerra
com
bonecos e confeitos...
mas,
hoje, por toda a terra
brincam
de guerra homens feitos...
A
definição de Trova, bem como a de Trovador, vêm da Idade Média. O Trovadorismo
é a primeira escola literária de Portugal. A trova como forma fixa
mantém-se através dos tempos, como esta do português Antônio Correia de
Oliveira:
Sino,
coração da aldeia,
coração,
sino da gente.
Um
a sentir quando bate.
outro
a bater quando sente. (CRUZ,1944, p.77)
Nesta
conceituação, a Trova é responsável pela animação social, cultural e
turística promovida há mais cinqüenta anos pelos trovadores brasileiros e
consagra Nova Friburgo, (RJ.) o título de berço dos Jogos Florais Brasileiros.
O escritor Jorge Amado define: Não pode haver criação literária mais popular,
que fale mais diretamente ao coração do povo do que a trova. É através dela que
o povo toma contato com a poesia e sente a sua força. Por isso mesmo, a trova e
o trovador são imortais. (JFRP,2008,p.3),Judith Coelho Maciel reforça: A trova
é uma epopéia em quatro versos (BELTRÃO,1975,17). Nilton da Costa Teixeira
conclui “Quem faz trovas não vive só, tem a alma repleta de ilusões”.
Trova
é poesia!
-
POESIA: Arte de criar imagens, de sugerir emoções por meio
de uma linguagem em que se combinam sons, ritmos e significados. Composição
poética de pouca extensão. Caráter do que emociona, toca na sensibilidade. POEMA: Obra
em verso ou não, em que há poesia. Composição poética de certa extensão, com
enredo. ( FERREIRA,2001,p. 541, )
Sabemos
que literatura é o conjunto de produções intelectuais de um povo com finalidade
de educar, como “arte literária é o conjunto de preceitos que regulamentam a
expressão artística do pensamento” (TORRES,1951, p.15). Procuramos aqui
revelar a importância da trova literária e como motivar textos poéticos em
salas de aula.
Na
antiguidade havia um significado entre trovador e segrel. Na atualidade
temos: “todo trovador é poeta, mas nem todo poeta é trovador. Quanto ao gênero
as trovas podem ser: líricas, filosóficas, promocionais, formativas,
humorísticas, sarcásticas ...
· Filosófica, de
A A Assis, Maringá (PR), colhida na revista Trevo na Trova, nº 107, 2008, p.18,
Ano XIII, UBT de Taubaté,SP:
Trate
o velho com respeito;
dê-lhe
o amor que possa dar,
mas
não lhe roube o direito
de
a si mesmo governar.
· Formativa, de
Cláudio de Cápua, Santos (SP) colhida na revista Trevo na Trova, nº 107,
2008, p 04, Ano XIII, UBT, seção de Taubaté,SP:
Jovem...
tenha fé na terra,
seja
valente e viril,
Suba
monte, desça serra,
Não
desista do Brasil!
· Promocionais: do trovador José Maria Morgade de Miranda, em agradecimento a um
dos patrocinadores do livro Jogos Florais em Quatro Tempos,1978, p.51,
Ribeirão Preto (SP).
Um
terno bom não tem preço
e
valoriza você;
anote
aqui o endereço:
Magazine
J.B.
· Humorística: O
trovador Ivan Augusto, nos XIII Jogos Florais de Ribeirão
Preto (SP) 1996 pegou a 4º menção especial, glosando o tema “
A
vida é mesmo um sabão,
tendo
o perigo da morte;
médico,
às vezes lambão...
ao
paciente pede sorte.
· Lírica: Juliana
Bossu Martins, classificada em terceiro lugar
nos Jogos Florais
Estudantis de Ribeirão Preto (SP),1996, com a trova:
Queria
te dar a flor,
mas
a flor tem muito espinho;
então
te dou muito amor
e
também muito carinho.
· Fundo metafísico: Na coluna Pif-Paf de Péricles e Vão Gogo da revista O Cruzeiro de
3/10/1953, colhemos esta trova:
As
quatro letras da Vida,
são
de seu mistério a escolta,
três
delas soletram ida,
mas
o V será de volta.
· Homenagem: O trovador Helvécio Barros, Bauru (SP), durante os
II Jogos Florais de Ribeirão Preto (SP) à despedida, emocionado declamou trova
a seguir que, passou a ser editada em diplomas de vencedores.
Ribeirão Preto é sucesso
é vida que se renova;
se canta ao sol do progresso,
vibra na festa da trova.
Em Poesia
do Tempo – memórias, Herman de Lima, Livraria José Olympio
Editora,RJ. 1967, encontramos este epigrama do poeta Antônio Sales:
A
fealdade é um direito,
por
isso ninguém a acusa,
mas,
ser feia deste jeito...
perdão,
a senhora abusa (p.108)
Quanto
às trovas promocionais, Raimundo de Menezes, em Emílio de Menezes, o último
boêmio, 1945, 3ª ed. da Livraria Martins Editora - SP, publica:
Bilac
chegou a receber cem mil réis dos industriais dos “Fósforos Brilhante”, por
esta quadrinha, diz Luiz Edmundo:
Aviso
a quem é fumante:
Tanto
o Príncipe de Gales,
Como
o dr. Campos Sales
Usam
“Fósforos Brilhante”! (p. 114)
Relendo Emílio
de Menezes - o último boêmio, no prefácio da primeira edição,
assinado por Davi Carneiro, 18 de junho de 1945, Curitiba (PR),
encontramos na p.10:
Quando
escreveu e publicou “A vida boêmia de Paula Nei” ainda morava em Ribeirão
Preto. Aí, longe do bulício excessivo, tomou gosto pelas pesquisas, fez-se
historiador e recebeu aplausos calorosos que lhe mandavam os grandes
centros pela obra perfeita que lhe havia saído a historia dessa
vida. Foi ainda em Ribeirão Preto, que começou a pensar neste outro
livro, nesta outra biografia que é o Emílio de Menezes – o último
boêmio.
O
que levou-nos a essa obra foram as diversas trovas circunstanciais de Emílio,
como esta:
A
laranja é fruta fraca,
não
sustenta como a canja,
mas
em dia de ressaca,
até
Deus chupa laranja. ( p. 180)
No opúsculo Trovas de Graça,
FERREIRA, revela-se humorista:
Tanta
ambição por dinheiro!
Somos,
na Terra, turistas
e
aqui tudo é passageiro...
-bem...
exceto os motoristas! (p.41)
Nos
concursos literários, em geral, têm predominado a trova filosófica e,
isto, às vezes, provoca comentários: “ fulano tem dificuldade em
lirismo e humorismo, escuda-se na filosofia e consegue
destaque às suas trovas”. Creio que o segredo está em produzir a trova
dentro das “exigências” literárias e da regulamentação do certame. O
estudo da história da trova, da movimentação literária pelo Brasil
e países de língua portuguesa é importante; mais, ainda, ler, reler
e refletir sobre os resultados finais dos concursos através dos textos
premiados. A trova deve ter o tema proposto e a mensagem clara do
concorrente ; ou seja, uma trova para competir precisa estar bem
elaborada tanto na forma como no fundo. O trovador é o técnico da síntese. O
fazer trovadoresco depende também do envolvimento que se tem no gênero. Carlos
Guimarães, em 1988, no VIII Concurso Nacional Inter-Sedes, editou folheto,
contendo Entrevista Simulada com Adelmar Tavares, onde temos a p.7, a
resposta a pergunta: “E falando do gênero poético. Qual é o que mais lhe
agrada:
A
trova foi sempre, das formas de poesia, a que mais me tocou a sensibilidade,
porque foi a poesia dos lavradores de meu velho engenho pernambucano, a poesia
daquelas violas inesquecíveis que fizeram o engenho da minha meninice”.
“A
trova quando é erudita demais não é propriamente trova... A trova não precisa
ter erudição profunda porque perde assim o seu espírito, aquele espírito de que
Luiz Otávio falava...
-
Os
escritores do passado faziam questão de ser poetas e em meio da prosa deixavam
versos para envolver o leitor. As Edições de Ouro,1.979,
publicaram Aprenda a Fazer Versos – contendo um Dicionário de Rimas
de autoria de Manoel Macedo. O índice tem na 1ª parte – como fazer
versos: poesia e verso, gêneros poéticos e generalidades poéticas; na 2ª parte
o Dicionário de Rimas. Neste livro uma frase de Machado de Assis.:”Uma coisa é
citar versos, outra é crer neles”.
Não
temos a data, mas colhida na seção humorística Garotas, da
revista O Cruzeiro de autoria de A. Ladino, em
1974, o Departamento de Educação e Cultura da Prefeitura do Município de
Ribeirão Preto (SP), colocou em volta da Fonte Luminosa diversas trovas
escritas em placas de lata, entre elas:
Garota,
tua bondade,
tonteia
qualquer parceiro
pedaço
de tempestade,
no
céu de rapaz solteiro.
-
Nessa
ocasião, a têmpera humorística de Alcy Ribeiro Souto Maior, Rio de Janeiro ( RJ
) provocou polêmica, com um sócio do Clube da Velha Guarda, por causa desta
trova premiada em 1º lugar nos XV Jogos Florais de Nova Friburgo-
(RJ), 1974:
Ao velho diz o Brotinho:
“Quero
fugir com você”
Indaga
o pobre velhinho:
-“Fugir?
Mas... Fugir pra quê?
A
trova acabou retirada do local. A comissão nomeada pelo Departamento de Cultura
da Prefeitura Municipal, concluiu mais ou menos assim: - “ o que fica bem num
livro, pode não ficar bem, num local público, como a Fonte Luminosa da praça XV
de Novembro, marco zero da paulista São Sebastião do Ribeirão Preto.
Na
mesma solenidade de premiação de Nova Friburgo,(RJ) Jacy
Pacheco, Niterói ( RJ ) autor de trovas antológicas, obteve o quarto lugar com
esta trova em pleno lançamento da palavra paquera em nossos
dicionários:
Pobre
do velho que abusa
em
paquera com mulher:
sofre
quando ela o recusa
e
sofre mais se ela quer.
No
encanto do humorismo, outras trovas, em exposição, na praça XV, tiveram a
visita de alunos de várias escolas, sob a orientação de professores de
Língua Portuguesa. Nessas ocasiões, contavam com a presença de trovadores da
municipalidade. A trova a seguir corria solta entre os estudantes .
Meu
filho, por acaso,
és
filho do Zé-Cereja?
Acaso,
não, vim no prazo ,
e
meu pai casou na igreja.
José
Lucas Filho
-
Relendo
a revista O Cruzeiro de 1952, encontramos:
Com
seus dotes estonteantes
e
atitudes majestosas,
as
garotas fascinantes,
são
sempre as mais perigosas.
Na
edição (6 de agosto de 1955,ano XXVII, nº 43, p.62-63, desenho de Alceu Pena e
texto de A. Ladino) destacamos duas quadrinhas da seção humorística Garotas . Ei-las:
Garota,
que os olhos turvas,
teu
lindo destino alinhas,
nas
linhas de tuas curvas
nas
curvas das tuas linhas.
Desde
as eras mais remotas
Que
este conceito é profundo;
Está
nas mãos das garotas
todo
o destino do mundo.
Alcy
esteve em Ribeirão Preto quando, glosando o tema Pátria, recebeu o troféu e a
certificação da municipalidade pelo primeiro lugar, em âmbito
nacional/internacional, dos II Jogos Florais de Ribeirão Preto,1976.
Pátria,
perdão, só agora,
só
depois que te deixei,
caminhando
mundo a fora,
dentro
de mim te encontrei...
-
Neste
evento, o poeta Nilton da Costa Teixeira, mereceu o primeiro lugar em âmbito
municipal com a seguinte trova:
Neste
abraço em que te aperto
com
a beatitude de um monge,
sinto
meu amor tão perto,
minha
esperança tão longe!
O
trovador conseguiu na síntese de quatro versos glosar o tema
abraço e realçar o significado da palavra beatitude: gozo de alma dos que se
absorvem em contemplações místicas.
(FERREIRA,2001,p.93)
No
ano seguinte, 1977, era lançado o I Concurso de Jogos Florais para o
Estudante de Ribeirão Preto”. Entre os 30 classificados, o primeiro lugar coube
a Sérgio Bianchi Campos, do Colégio Marista, com esta trova sob o tema
“Fraternidade:
Fraternidade
é sofrer
por
todos os semelhantes.
É
amar, e assim quase ser
Jesus,
por breves instantes!”
Na
sessão solene de premiação, realizada no salão nobre da Sociedade Legião
Brasileira de Civismo e Cultura, o poeta Ciro Armando
Catta Preta, proferiu belíssima oração, saudando os estudantes laureados:
(...) “ O poeta que se preza, deve estudar a fundo a língua, pois
sem o idioma, seu meio de comunicação, não poderá jamais gravar,
por meio de palavras, a beleza, a poesia, que somente os poetas têm o dom de
captar”.
Os
Jogos Florais Estudantis acontecem, anualmente, apoiados na lei 360/78
que, introduz a Trova como atividade curricular dos estabelecimentos de ensino
do município. No mesmo ano, ocorre a oficialização dos Jogos Florais de
Ribeirão Preto, pela lei 3404/78. Outras leis garantem o movimento da poesia na
cidade: Dia Municipal do Trovador (18 de Julho), Dia Municipal da Poesia ( 3 de
maio) e Dia Municipal da Literatura de Cordel. (12 de março). As
datas homenageiam o natalício dos poetas Luiz Otávio, Nilton da Costa Teixeira
e Rodolfo Coelho Cavalcante.
As
trovas deixaram de circundar a fonte da praça XV, depois da reforma
de regressão para tombamento Histórico, mas existe o Recanto do Trovador (lei
3217/76), na área cultural do município.
Neste
capitulo conhecemos a força e o encanto da trova através séculos.
Verificamos a conceituação antiga e moderna sentindo a força de sua mensagem,
recordando textos de antigos livros, revistas e almanaques e os gêneros
comumente explorados. Os concursos escolares, as trovas na praça, as datas
significativas e a confraternização dos Jogos Florais. Neste próximo capítulo,
falaremos sobre a estrutura poética da trova.
-
CAPITULO
II
A
ESTRUTURA POÉTICA DA TROVA
“Pelo
tamanho não deves
medir
valor de ninguém;
-Sendo
quatro versos breves
como
a trova nos faz bem”.
(Luiz Otávio)
Nos
dicionários, ainda, a antiga definição de trova:
1.Composição
lírica ligeira e mais ou menos popular. 2. Quadra de tom
popular.TROVADOR:-Designação dos poetas líricos dos séculos XII e XIII, do sul
da França, especialmente da Provença.2. Designação dos poetas líricos
portugueses que, nos últimos séculos da Idade Média, seguiam o estilo dos
poetas provençais.3. Aquele que trova;poeta (1). 4. Poeta medieval; menestrel.
(FERREIRA, 2001,p.690).
Como
nas trovas apresentadas no capítulo I, todas têm a mesma forma, ou seja, a
definição literária“composição poética de quatro versos com sete sílabas,
rimando pelo menos o segundo com o quarto e tendo sentido completo”. A
definição está em Meus Irmãos, os Trovadores, de Luiz
Otávio, pág. 12, Vecchi,1956, considerado como o início do Movimento
Literário de Trovadores. A trova é síntese; é um micro-poema que encanta
tanto que, o trovador, com arte transforma célebres sonetos (dois
quartetos e dois tercetos) em uma “quadrinha” apenas. Em Língua e
Literatura-Luso Brasileira, Delson Gonçalves Ferreira, afirma;
“Djalma
de Andrade escreve:
“Carlos
Góis, grande professor de português que aqui viveu cerca de trinta anos,era,
com muita razão,admirado e querido. (...) Quando colecionava cantigas populares
para seu livro de mil trovas, acreditava que o “Mal Secreto” de Raimundo
Correia fora inspirado na seguinte quadra sertaneja:
“De
muita gente que existe
E
que julgamos tão ditosa,
Toda
ventura consiste
Em
parecer venturosa”. (*)
Engano
do mestre. A trova não é popular. Medeiros e Albuquerque a compôs, entre
outras, quando quis sintetizar em poucos versos os sonetos de célebres poetas
brasileiros.” ( Estado de Minas 5 - 6- 1959 ). (*) No rodapé da página,
encontramos; 10 - C.Góis – Mil quadras populares brasileiras- RJ.1916.
Sonetos
inesquecíveis são reduzidos a 28 sílabas de uma Trova.
Há
quem me julgue perdido,
porque
ando a ouvir estrelas...
Só
quem ama tem ouvido
para
ouvi-las e entendê-las.
Apresentamos
aqui, o soneto XIII, de Olavo Bilac: Ouvir Estrelas, para que possamos
verificar em cada verso, três sílabas a mais do que os setissilábicos da Trova.
Este tipo de poema é composto de duas quadras e dois tercetos. Temos os
sonetos heróicos com dez sílabas poéticas e os alexandrinos com doze sílabas poéticas.
O soneto e a trova têm história secular. Na feitura, o poeta, precisa
cuidar do entrelaçamento dos versos para fortalecer a oralidade da
mensagem.
OUVIR
ESTRELAS
Ora
(direis)ouvir estrelas! Certo
Perdeste
o senso! ” E eu vos direi, no entanto,
Que,
para ouvi-las. Muita vez desperto
Abro
as janelas, pálido de espanto...
E
conversamos toda a noite, enquanto
A
via láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao vir do Sol, saudoso e em pranto
inda
as procuro pelo céu deserto.
Direis
agora:” Tresloucado amigo
Que
conversas com elas? Que sentido
Tem
o que dizem, quando estão contigo?
E
eu vos direi: Amai para entendê-las!
Pois
só quem ama pode ter ouvido
Capaz
de ouvir e de entender estrelas.”
Nos
concursos literários em geral, exigem-se rimas ABAB,
ao
estilo deste feliz achado de Adelmar Tavares
Que
linda trova perfeita,
que
nos dá tanto prazer;
-Tão
fácil depois de feita.
-Tão
difícil de fazer!
Sentimos
na mensagem que a produção literária requer cuidados especiais de “ corpo
(forma) e alma (fundo)”. Isto lembra Olavo Bilac em “Profissão de Fé”:
Quero
que a estrofe cristalina,[...]
dobrada
ao jeito [...]
do
ourives, saia da oficina[...]
sem
um defeito.[...]
Alguns
trovadores, por vezes, descontentes com o produto final de seus textos,
como justificativa, usam da mensagem de Somerset Maughan: “ eu não
escrevo como quero; escrevo como posso”. (LOUREIRO, p.17,1976).
-
2.1 SOBRE A DEFINIÇÃO DE TROVA
“É
uma composição monostrófica, formada de 4 versos que condensam todo o
pensamento ou emoção. É a forma preferida pela lírica popular, mas também cultivada
largamente por poetas de renome.”
Mas
o que é uma trova?
É
apenas um pequeno poema, de 4 versos, medindo cada verso 7 sílabas. Eis uma
forma que se fixou pela consagração popular.
Há
quadras com qualquer número de sílabas, de 1 a 12.
Não
são trovas,entretanto.
A
trova é uma redondilha maior, ou seja, em versos de 7 sílabas. ( TAVARES,1974,
p 309).
-
A
definição está nos parâmetros da UBT, e não podemos considerar trova, mas
quadra, esta produção de Laurindo Rabelo:
Cabeça!
Que desconsolo![...]
Cabeça!
Força é dizê-lo:[...]
-
Por fora, não tem cabelo;[...]
por
dentro, não tem miolo.[...]
(CRUZ,1966,
p.369):
Exige-se
que na moderna trova, as rimas estejam dispostas em ABAB. Essa “quadra” tem as
rimas ABBA e, apesar da mensagem completa e de perfeição métrica, não é trova
literária.Os exemplos que apresentamos se concorrentes a certames literários,
seria na pré-seleção, excluída.
Mal
de amor raro se perde;[...]
é
como nódoa de amora:
Só
com outra amora verde[...]
A
nódoa se vai embora.
{Frederico
Brito, português)
-
Chamaste-me
a tua vida;[...]
E
eu tua alma quero ser;
A
vida acaba côa morte;[...]
A
alma não ode morrer.
Tomás Antônio
Gonzaga (CRUZ,1966,p.362)
Na
primeira há, as rimas “perde” - “verde” e na segunda seu esquema é
ABCB. Diversos outros fatores técnicos pesam na feitura de uma trova, como
GOLDSTEIN nos revela:
1-
A
Unidade do Poema:- “Como toda obra de arte, o poema tem uma
unidade, fruto de características que lhe são próprias.
2
O
Ritmo do Poema – “Toda atividade humana se desenvolve dentro
de certo ritmo.(...) O rítmo aparece também na produção artística do homem. De
um modo especial, na poesia’. (...) ‘A poesia tem um caráter de oralidade muito
importante: ela é feita para ser falada, recitada”.
3- O
rítmo como criação do poeta:- “ As noções de “metro, verso e ritmo”
estão estreitamente ligadas em nossa tradição literária”.
(GOLDSTEIN,1991, p.5-7-11)
O
poeta J.G. de Araújo Jorge, na introdução de Trovas,
editado pela Vecchi, dá conotação didática a esta trova de
Lilinha
Fernandes:
É
a trova em seu natural
mordaz,
alegre ou dolente,
lindo
trecho musical
de
quatro notas somente.
Os
poetas J.G. de Araújo Jorge e Luiz Otávio implantaram os Jogos Florais
Brasileiros. O que são Jogos Florais?
Os
Jogos Florais não tiveram suas origens na Idade Média; em verdade,
nasceram na Antiga Roma como grandes festas populares em homenagem
a Flora, deusa das flores. Flora era mãe da Primavera e as festas acabaram se
transformando em concursos poéticos onde os vencedores recebiam coroas de
flores.
Em
1323, na França, mais especificamente em Toulouse, sete poetas
organizaram a Academia dos Jogos Florais de Toulouse. O primeiro concurso
poético deu como prêmio ao vencedor uma violeta de ouro, isto em 1º de maio de
1324. Estes Jogos Florais se tornaram anuais e os vencedores recebiam como
prêmio jóias em forma de flores. Daí as duas versões sobre Jogos Florais:
-concursos
poéticos em homenagem a Flora;
-concursos
poéticos cujos prêmios tinham a forma de flores.
Em
1363, D. João I de Aragão criou, em Barcelona, um Consistório que
realizou os I Jogos Florais de Barcelona,onde, pela primeira vez, foi escolhida
a Rainha da Festa.
Em
1964, os Jogos Florais, na França, tinham o patrocínio da Academia de Belas
Artes.
No
Brasil houve os Jogos Florais de Santos (SP) em 1914,1915 e 3 1.916,promovidos
pelo Liceu Feminino de Santista, com gêneros poéticos que não a Trova.
Em
1958, J.G. de Araújo Jorge e Luiz Otávio foram vencedores de um concurso
da Casa da Bahia,no Rio de Janeiro,tendo como prêmio uma viagem a Salvador. Na
volta surgiu a idéia de realizar Jogos Florais no Brasil,exclusivamente
de Trovas, e que os primeiros seriam em Nova Friburgo. E foi assim em 1960, sob
o tema Amor; e o primeiro lugar coube ao trovador Rodrigues Crespo.
Logo
em seguida,em 1961, foi a vez de Pouso Alegre (MG) realizar seus primeiros
Jogos Florais,com o tema Esperança e, o 1º lugar coube a José Maria Machado de
Araújo , trovador de inúmeras premiações, falecido recentemente, no Rio de
Janeiro (RJ) onde residia. (Texto do Boletim Informativo da UBT- Nacional,nº
440,2005,p.3)
Os
Jogos Florais tem como sustentáculo a Trova e, as festividades são
desenvolvidas com atividades variadas, durante três dias; palestras e premiação
solene, a Missa em Trovas de A. A . Assis, são pontos referenciais. O papa João
Paulo II prestou significativa homenagem ao autor que é de Maringá (PR)
Os
XXII Jogos Florais de Ribeirão Preto e Nova Friburgo têm já divulgados os temas
para 2009.
A
Câmara Municipal de Nova Lisboa, Serviços Culturais, editou o Boletim Cultural
de Huambo, nº 29, agosto de 1974, onde à página 5, ressalta os XXV Jogos
Florais de Nova Lisboa, na ocasião comemorando 62 anos de criação da cidade de
Huambo, a partir de 1928 designada Nova Lisboa. Nas festividades comemorativas
ao aniversário, os Jogos Florais que, anualmente, desde 1.948, realiza a
aproximação dos povos irmãos de Angola, Portugal e Brasil.
Neste
evento, bastante concorrido tivemos dez trovas premiadas dentro dos
parâmetros internacionais da promoção. Vamos aqui nos prender a três delas que,
de algum modo nos lembra outros trovadores aqui
citados;
Ei-las,
Devido
à gente apressada
quantas
vidas se consomem!
o
homem constrói a estrada
e
a estrada destrói o homem.
Dimas
Lopes de Almeida
Em
seu labor, a Vaidade
e
o guarda-sol são iguais.
toda
a sua actividade
é
por na sombra os demais.
Luiz
Santos Costa
A
União Brasileira de Trovadores (U.B.T) foi fundada a 21 de agosto de 1966, na
cidade do Rio de Janeiro, e teve três presidentes nacionais: Luiz
Otávio, (1967 -1969), Carlos Guimarães
(1970-1995), João Freire Filho (1996-2003) e atualmente, em Pouso Alegre-MG.,
desde 2004, Eduardo Toledo.
São
finalidades da UBT: o estudo, cultivo, divulgação da trova e congraçamento
entre os trovadores. (artº 3º) no § 1º Sem desconsiderar como trova “ a
composição poética de quatro versos setissílabos rimando pelo menos, o 2º com o
4º e com sentido completo”, a UBT determina como trova, para Concursos,
“a
composição poética de quatro versos setissílabos rimando o 1º com o 3º, o 2º
com o 4º e com sentido completo”; § 2º Para efeito no disposto neste artigo,
considera-se trovador o autor da trova.
(
Estatuto Nacional da UBT, 2005, p. 8)
Os
trovadores são afilhados de São Francisco e seu poema é a “oração do trovador”.
O Hino dos Jogos Florais, letra e música de Luiz Otávio, em sua I parte é
envolvente:
Salve
os Jogos Florais Brasileiros!
a
cidade se enfeita de flores!
corações
batem forte, fagueiros,
a
saudar meus irmãos trovadores!
Os
trovadores, têm, também, Hino do Trovador e o Hino da UBT, todos apresentados
em reuniões administrativas ou festividades literárias. Os trovadores são
irmãos na trova, inspirados em
Meus
Irmãos,os Trovadores.
Na
sua estrutura, a trova tem quatro versos de sete silabas poéticas que perfazem
28 silabas. O poeta-trovador deve conhecer versificação. Na internet, em sítios
de busca, encontramos o Tratado de Versificação de Olavo Bilac
e Guimarães Passos, RJ, 1905, considerado de primordial grandeza
didático-histórica. As noções primárias de versificação são encontradas
em livros de língua portuguesa e as figuras de linguagem, na Minigramática de
Cegalla, ofertada aos alunos pelo MEC-FNDE em 2005.
A
UBT realizou pesquisas sobre metrificação. O ensaio de Luiz Otávio,
consagra-se específico como forma de orientação técnica. A medida dos versos,
preocupa os poetas através dos séculos. Na trova de Castilho, constatamos isto na
escansão de cada linha poética;
A/qui/,
sim/, no/ meu/can/ti/nho,
1 2 3
4 5 6 7
ven/do/
rir/-me o /can/de/ei/ro,
1 2 3
4 5 6 7
go/zo
o / bem /de es/tar/ so/zi/nho
1 2
3 4
5 6 7
e
es/que/cer/ o / mun/do in/tei/ro.
1 2 3
4 5
6 7
(FERREIRA, 1964, p.XXXI)
O estudo de Luiz Otávio, confirma que as sílabas são contadas até a última
tônica de cada verso. As pontuações não impedem as junções
silábicas.
-
2.2
ORIENTAÇÕES E CUIDADOS QUE AJUDAM
Acreditamos que, o texto a seguir seja oportuno
para quem lê, recita ou declama um poema:
“Aprender
a pontuar não é aprender um conjunto de regras transmitidas através de um
discurso sobre o que são e para o que servem os sinais de pontuação.
Aprender
a pontuar é aprender um conteúdo procedimental de natureza complexa. E como
todo conhecimento procedimental, pontuar se aprende pelo uso.
O
sistema de pontuação não é composto apenas pelos sinais que conhecemos – ponto
final,dois pontos, travessão, virgulas etc.... Dele fazem parte os brancos que
centralizam o título, o branco que indica parágrafo, a letra maiúscula, os
sublinhados, negritos, itálicos etc.
A
função da pontuação no texto escrito não é indicar pausas para respirar. Sua
função é separar, traçar as “fronteiras que” vão indicar ao leitor como o texto
deve ser lido.
A
pontuação é um atributo do texto e recurso da textualidade e não um elemento da
frase.
Textualidade
é aqui entendida como conjunto de relações que se estabelecem à partir da
coesão e coerência.
(
CENP, Letra e Vida, 2005, Mod.III, M3U6T8, p.1-2)
-
É
necessário e importante conhecer rimas; porém, não podemos empregar uma rima
que não combine a mensagem que está sendo desenvolvida no poema.
Rima
é a repetição de sons semelhantes no final de um verso. Pode ser consoante
(mesmo som a partir da vogal tônica) ou toante (rima com a vogal tônica
do verso). Na trova, as rimas são. Esquema ABAB.
O
poeta deve ser paciente; ler, reler, declamar e trabalhar o poema até que fique
pronto. Não devemos nos preocupar com o tempo gasto na feitura de um
poema, mas com o seu produto final.
O
trovador Adelmar Tavares deu-nos a avaliação de fácil e difícil e
Olavo Bilac no poema Profissão de Fé. A construção do saber é constante.
Começamos lendo com os olhos e depois com todos os órgãos dos sentidos.
As
conclusões ocorrem à medida que desenvolvemos a aprendizagem poético-literária.
Nos dicionários modernos todas palavras estão separadas em sílabas.
O
verso é feito com sílabas (poéticas) e, isto leva a aprofundar os
conhecimentos. O alfabeto é composto de 5 vogais e as demais são consoantes.
Lembremos que o H tem o som da vogal e junta-se na métrica com a sílaba anterior. Cada
vez que abrimos a boca, falamos um pedacinho de uma palavra e isto recebe o
nome de sílaba. Na forma fixa o poeta tem que ser exímio metrificador.
As
silabas gramaticais são apresentadas nos dicionários modernos, facilitando
professor e aluno na docência e na aprendizagem. Os encontros de vogais são
chamados vocálicos e os encontros de consoantes, consonantais. A palavra dia tem
um encontro vocálico, porém num verso metrificado é separada por ser
um hiato.
Com
relação aos encontros consonantais, devemos atentar-nos na ocorrência do
“suarabact”. Quanto a pronúncia da sílaba forte, oxítona,na última
(boné), paroxítona, penúltima (telefone), proparoxítona, antepenúltima (
bombástico). O acento agudo, serve para indicar que a sílaba é tônica e que a vogal
têm som aberto. O acento circunflexo, serve para indicar que a sílaba é
tônica e tem o som fechado. A sílaba tônica é vida na forma
poética. Diversos poetas têm produções com rimas em sons abertos e fechados. Já
assinalamos em trovas anteriores esta ocorrência. Quanto a classificação
das palavras quanto a sílabas tônicas, citamos boné,telefone e bombástico.
Quanto aos ditongos (encontro de duas vogais pronunciadas em uma mesma sílaba)
tem força na escrita de um verso.
O Decálogo
de Metrificação exemplifica-nos a importância.
O
hiato tem deixado muita trova sem premiação. As palavras dissílabas – lua, rua,
tua; as trissílabas – poeta, miolo, saúde; as polissílabas são
menos freqüentes nos versos heptassílabos.
Convém
não esquecer que verso é cada linha de um poema. Em algumas regiões do
Leste e do Nordeste, por verso, é conhecida a quadra popular sob a
influência das cantigas de roda.
Luiz
Vieira, trovador e cantor de sucesso, visitando o marco zero de Ribeirão Preto,
lendo as trovas que contornavam a Fonte Luminosa da Praça XV, assim escreveu,
em 17/5/85:
Quando
eu pude aqui chegar,
vi
tanto amor, tanta graça
que
resolvi vir plantar
um verso meu
nesta praça.
Luiz
Vieira, hoje cidadão ribeirão-pretano, homenageia a capital do Interior
paulista, com a Cantiga pra Ribeirão, de onde extraímos estes versos:
nas
praças pardais trovadores...
minha
Ribeirão da Poesia,
minha
capital do saber
Na
metrificação de um verso, as sílabas são contadas até a última sílaba tônica. O
que vimos neste capítulo reforça a estrutura da Trova, revê os conceitos
dicionarizados e prepara-nos para a prática pedagógica da trova.
-
CAPITULO
III
PRÁTICA
DA TROVA EM SALA DE AULA
Trovador,
grande que seja,
tem
esta mágoa a esconder:
-
a Trova que mais deseja
jamais
consegue escrever.
LUIZ OTAVIO
A
trova vem fazendo história através dos séculos. O intercâmbio com os
trovadores portugueses é frequente, principalmente, através dos concursos
anuais de trova. Fernando Pessoa, poeta, é autor do poema Psicografia, composto
de três quadras de onde, a primeira estrofe, tornou-se popularizada pela
imprensa trovadoresca, por estar na conceituação de trova
literária. Vejamos o poema:
O
poeta é um fingidor
finge
tão completamente
que
chega a fingir que é dor
a
dor que deveras sente.
E
os que lêem o que escreve,
na
dor lida sentem bem,
não
as duas que ele teve,
mas
só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
gira,
a entreter a razão,
esse
comboio de corda
que
se chama coração.
(27/11/1930)
Podemos
notar pelo “E” da segunda quadra ( quinto verso ) a dependência com a primeira.
O mesmo ocorre com a terceira quadra (nono verso) que se “amarra” a segunda
quadra com “e assim”. A primeira quadra não tem nenhuma dependência com
os versos posteriores, deixando-a livre no conceito de trova literária, aceito
por gramáticos e filólogos, mas, ainda, não incorporado no vocabulário da
literatura brasileira. A trova é um poema autônomo, monostrófico, em redondilha
maior (heptassílabo), com rimas alternadas e não tem titulação. Nesta
conceituação, Luiz Otavio, em Trovas e Trovadores, ano III,
nº 25, fevereiro de 1968, reporta-se ao poema Mãe de autoria de Barreto
Coutinho. Vamos ler o texto jornalístico do antigo órgão oficial da UBT-
Nacional?
EU
VI MINHA MÃE REZANDO.
Em
crônicas e introduções de livros tenho repetido que classifico a Trova quanto a
sua origem em: popular (anônima), literária (também chamada erudita) e
popularizada. (...) Desejo apenas relembrar que denomino de trova
popularizada a que é lida,repetida, algumas vezes até modificada pelo
próprio povo, e que, aos poucos, vai perdendo o nome do autor. Sofre um
processo de “folclorização”.
A
trova de Barreto Coutinho, por muito tempo, anônima, correu mundo, mas conforme
o texto de Luiz Otávio:
Nos
III Jogos Florais de Juiz de Fora, aos quais não pude comparecer, foi premiado
em 3º lugar o veterano poeta pernambucano, residente em Curitiba, Barreto
Coutinho e que este lhe mostrara um recorte de jornal pernambucano, no qual se
lia um poemeto intitulado “Mãe” em oito quadras setissilábicas, entre as quais
a quinta, era justamente a famosa trova, com o primeiro verso diferente:“Uma
vez vi-a rezando”, perfeitamente compreensível, pois havia o título (“Mãe”) e
as quadras anteriores falavam em mãe.
Adiante,
Luiz Otávio escreve.
Mas
o povo, que às vezes é um colaborador perspicaz e inteligente, destacou essa
quinta quadra que é de tal valia, de tanta riqueza de sentimento e de força de
expressão, que teria mesmo de se libertar do Poema e criar vida autônoma,
emancipada. E surgiu então, o primeiro verso modificado para:
“Eu
vi minha mãe rezando”.
E
a quadra ou quadrinha que era ligada as suas irmãs, adquiriu asas e voou...
Voou... correu mundo... é admirada,querida, recitada, repetida...”
O
poema editado no jornal A Província, Recife-PE, 28 de janeiro de
1912, trazia a quadra assim:
Uma
vez vi-a rezando,
aos
pés da Virgem Maria...
era
uma santa escutando
o
que a outra santa dizia
-
Com
relação a primeira quadra de Autopsicografia não houve necessidade de
ajuda; é autônoma por si só. A trova de Barreto Coutinho, foi
“contemplada” com pequena inovação à oralidade, (Uma vez vi-a rezando’
para “eu vi minha mãe rezando”). Tornou-se autônoma e antológica. Vamos
analisar a metrificação das duas:
Eu/vi/mi/nhá/
mãe/ re/zan/do ( até a última tônica, sete sílabas)
aos/
pés/ da /Vir/gem/ Ma/ri/a (sete sílabas poéticas na tônica )
...E/ra u/ma /san/ta
es/cu/tan/do (sete )
o/que
a ou/tra /san/ta/ di/zi/a. (sete)
O
mesmo ocorre com a quadra intacta de Fernando Pessoa:
O/
po/e/ta é um/ fin/gi/dor/
fin/ge/
tão /com/ple/ta/men/te
que/
che/ga a/ fin/gir /que é /dor/
a/
dor/ que/ de/vê/rãs/ sem/te.
-
3.1
AINDA SE FAZEM TROVAS COMO ANTIGAMENTE
Na
inauguração das trovas em torno da Fonte Luminosa, estavam presentes o
prof.Antônio Palocci, do Departamento de Educação e Cultura de Ribeirão Preto,
Nilton da Costa Teixeira da União Brasileira de Trovadores, UBT, Silvio
Ricciardi, da Academia Ribeirão-pretana de Letras,o historiador José Pedro
Miranda, Nilton Manoel, dezenas de populares e a presença de jornais e rádios.
A repórter de O Diário, publicou no dia seguinte, 17/11/1974,
interessante matéria sob o titulo: Ainda se fazem trovas como antigamente? A
pergunta reflete a mesma indagação nos dias de hoje.
A
trova literária tem os mesmos três pilares históricos e básicos da trova
folclórica:- lirismo, filosofia e humorismo que estas palavras por si
revelam-nos seus significados. Sentimos que, os trovadores veteranos, gostam
mais da trova filosófica na temática dos concursos e estas, por motivos
óbvios, tem sido menos popularizadas.
Nos
concursos estudantis, a trova lírica e a trova humorística despertam maior
interesse na juventude e revelam bonitas mensagens. Nascem dos concursos
novos poetas que, são divulgados em livros, revistas e republicadas em
outras como na Folhinha do Sagrado Coração e no Almanaque
Santo Antônio. - ASA - organizados pelo Frei Edrian Josué
Pasini, OFM, Editora Vozes, anualmente.
Em
livro antigo, sem data e editora, encontrei Francisco da Silveira Bueno dizendo
que o objeto da poesia é “ a expressão da beleza”. Quanto a essência “
podemos ter poesia sem métrica, sem rima; não a teremos, porém, se lhe
faltar ritmo”.
-
3.2
COMO FAZER TROVAS E SER TROVADOR
Cada
verso da trova é feito de palavras escolhidas para métrica e formação de sons
poéticos. Nos dicionários atuais, as palavras são apresentadas em
silabas. Cabe ao poeta, os conhecimentos básicos de versificação. “Trova
é um poema completo de quatro versos de sete sons, rimando o primeiro com o
terceiro e o segundo com o quarto” Daí por diante. Depende apenas
de o autor ser poeta ou não”. (ASA,2008, p. 123).
Nos
concursos literários, o concorrente, deve consultar o dicionário em busca da
significação do tema proposto pelos organizadores. O sonho do trovador está
na confecção de uma trova perfeita. Quem quer ser premiado, escreve,
reescreve, até que encontra a mensagem competidora. O trovador sempre
quer na ponta da esferográfica um achado ou seja idéia vantajosa, providencial
e feliz. Nos IV Jogos Florais de Ribeirão Preto (SP), 1978, com o
tema verde, em âmbito municipal, Geraldo de Maia Campos foi um dos
premiados com a trova a seguir:
Não
pode dar resultado
sendo
tu verde e eu maduro.
Eu
tenho apenas passado,
e
tu, meu bem, tens futuro!
(Jogos
Florais em quatro tempos, UBT,PMRP;1978, p. 38)
Os
concursos literários buscam o aprimoramento do gosto estético através do
exercício da arte-poética, aqui ensejada pela trova, como estímulo à
criatividade. Além, despertar o interesse pela literatura em geral e pela
poesia em especial. Finalmente, incentivar os sentimentos humanitários para a
vida social.
Na
Declaração de Princípios da União Brasileira de Trovadores - UBT,acróstico São
Francisco, escrito por Luiz Otávio, tem para a primeira letra: Simplicidade: Sendo
a trova a expressão mais simples da poesia e, pois, um reflexo da alma do
trovador, devemos agir sempre com simplicidade na arte, nas palavras e
nas ações”.
A
trova é feita de palavras que devem ser as melhores ao tema proposto.A maioria
dos poetas premiados em concursos escreve, reescreve diversas vezes o
texto para depois enviá-lo ao crivo dos julgadores literários. Cremos ser de
grande valia, analisar as trovas premiadas no ano anterior. No âmbito nacional
temos a têmpera do produto final da banca e nas premiadas em âmbito
local a predileção literária dos trovadores da
municipalidade. Observe que são nas palavras do texto
literário, uma de mãos dadas com as outras, que encontramos infinitas
possibilidades de expressão e de interpretação.(SANTOS,2006,
p.12 )
Tendo
por base o Decálogo de Metrificação de autoria de Luiz Otávio – fundador da
União Brasileira de Trovadores, entidade de âmbito nacional - editado com a
participação de poetas de todas as regiões do Brasil, ao ler: Ao estudarmos a
Arte de Trovar ou a composição da Trova, devemos analisá-la em duas partes: o
corpo e a alma ou a forma e o fundo. (OTÁVIO, 1975,pág.2)
No DECÁLOGO
DE METRIFICAÇÃO, a UBT, revela o cuidado com a forma ligada ao
ritmo, ou seja com a metrificação.
A
publicação oferece recursos para que o poeta componha com segurança uma
trova literária; e alerta: “ o idioma e o verso são os instrumentos do poeta”.
O Ensaio lembra que é bom recordar noções sobre verso e pontos
gramaticais. Indicamos aqui a Minigramática de CEGALLA. Nesse Decálogo de
Metrificação, temos orientações e trovas ilustrativas de Luiz
Otávio. Goldstein (1991, p.13) sobre ritmo assegura: Cada época tem seu
rítmo
· As sílabas são contadas até a última tônica do
verso. Na aplicação das regras temos por exemplo:
Poderá
a força elétrica
de
um sábio computador
ensinar contagem métrica
mas
não faz um trovador.
· As pontuações não impedem as junções de sílabas.
Pensa
em calma! Evita errar
injusto
és se nos reprovas...
Pois
não queremos mudar
o
modo de fazer trovas...
· Não se deve fazer o aumento de uma sílaba métrica
os encontros consonantais disjuntos.(ou seja: não usar o
suarabact). Ex. ignoro e não iguenoro.
Você
pode
acreditar
ter
a pura convicção
que
a ninguém vou obrigar
a
ter a minha opinião...
Comissão
Central de Metrificação, UBT- Nacional, a 29/08/1974, atendeu a consulta da
secção de Ribeirão Preto (SP) para sanar a dúvida com relação a palavra substituta usada
em uma trova local. Luiz Otávio reforçou a necessidade de sistematizar os
julgamentos de concursos de trovas. Hoje todos os trovadores brasileiros e portugueses
concorrem em igualdade de condições
· Uma vogal fraca faz junção com a vogal fraca
ou forte inicial da palavra seguinte. §único: Aceitam-se exceções a esta regra
no sentido de evitar a formação de sons duros e desagradáveis.
Exemplo:
“cuja ventura/única consiste”.
Podes
crer que és muito injusto
e estás longe da
verdade:
pois
na Trova, a todo o custo
defendo
a espontaneidade...
· Uma vogal forte,pode ou não, fazer junção com vogal
fraca da palavra seguinte, no entanto jamais deve faze-la com vogal forte. §
único – Nos casos em que se prefira fazer a junção “forte + fraca”,
deve-se ter sempre o cuidado de evitar sons desagradáveis ( “mais que tu/ardo”)
ou formar novas palavras (“via” ao invés de “ vi a..).
É
uma história bem correta:
Em
tudo o ensino é preciso,
No
entanto, só/ o poeta
Quer
ser gênio de improviso...
· Pode haver a junção de três vogais numa sílaba
métrica.
§1º - Não deve haver mais de uma vogal forte.
§2º - No caso em que a vogal forte não esteja colocada
entre
as vogais fracas e, sim, em 1º e 2º lugar, para que
seja
correta a junção, as duas vogais fracas devem juntar- se por crase ou
elisão, e não por sinalefa (ditongação). Assim estará certo: “ é a ambição
que nos prende e nos maltrata” e não se pode unir as três de ¨e a /íntima
palavra derradeira’
§
3º- Deve-se ser usada com cuidado a junção de mais de três vogais, embora
haja casos corretos de quatro ou cinco vogais.
Esta
é uma trova indiscreta
convenções,
mal amparadas,
induzem
muito poeta
a
convicções enraizadas.
· Os ditongos aceitam as prejunções com vogais
fracas, (“e eu”). As
postjunções são aceitas somente nos ditongos crescentes ( encontro instáveis)
(“a distância infinita”) e são repelidas nos ditongos decrescentes. (“
Eu sou/a que no mundo anda perdida”).
§
único – Há casos de uso facultativo de prejunção
de vogais fortes aos ditongos e não e não
ferem as tônicas das palavras. ( aceita-se: “Será auspiciosa” e
será inaceitável: “Terá/auto nos pontos”).
Para
medir nossos versos
se
o ouvido fosse o juiz,
em
nossos metros diversos
ninguém
poria o nariz...
· Nos encontros vocálicos ascendentes ( formados por
vogais ou semi-vogais átonas seguidas de vogais ou semi-vogais tônicas), a
sinérese é de uso facultativo. (“ci-ù-me” ou “ciume”, etc.).
§
único- Há neste grupo, excepcionalmente, encontros vocálicos que não aceitam
sinérese. Geralmente, são formados pela vogal “a” seguidas das vogais “a”
ou “e” ou “o” (como em: Sa/ara, a/éreo,a/orta,etc.) ou, em alguns casos, da
mesma vogal “a” seguida das semi-vogais “i” ou “u” tônicas, como em: “para/iso”,
“na/u”, etc.
Na
trova, soneto ou poema
em
toda parte do mundo,
se
a Forma é o seu di/adema,
a
sua alma é sempre o fundo!
· Nos encontros vocálicos descendentes ( formados por
vogais ou semi-vogais tônicas seguidas de vogais ou semi-vogais átonas) não se
aceita a sinérese ( “tua”,”lua”, “frio”,”rio”, etc., e sim “tu/a”, “su/a”,
“fri/o”, “ri/o”,etc.
§
único – Em algumas regiões do Brasil é usada a sinerese nestes encontros
vocálicos, com base na fonética local. No entanto, não será aceita na
metrificação, em benefício da uniformidade, uma vez que na maioria dos Estados
e feita a separação dessas vogais.
As
dúvidas são pequenas,
não
sejas tão pessimista,
dá-me
a tu/a ajuda, apenas,
e
será bela a conquista.
· O uso da aférese (“inda”, etc), síncope (pra”,
etc), apócope ( “mui”,etc ), e ectilípses (com a”, “o”,
“as”; “os”) é
facultativo.
§
1º a junção de “com” mais palavras iniciadas com vogais átonas é correta mas
pouco usada. Acompanhando a maioria dos poetas, sempre que possível, deve ser
evitada. (com amor”, etc);
§
2º A junção de “com” mais palavras iniciadas com gogais tônicas não será
aceita. ( ‘ com esta”, etc ).
§
3º A junção de fonemas anasalados “am”,”em”,
“im”, etc.,com vogais átonas não será mais
aceita. (“ formaram/idéias”, “cantaram/hinos”,etc).
§
4º É preciso de cuidado com o uso de aféreses, síncopes e apócopes que, por
estarem em desuso ou por formare,, geralmente, sons desagradáveis, irão ferir a
sensibilidade e os ouvidos dos leitores e dos ouvintes.
É
mui// feio criticar (apócope)
/inda
que seja um direito (aférese)
-p/ra
ser justo, aulas vem dar (síncope)
com
o teu plano sem defeito... ( ectilipse)
Luiz
Otávio deixou-nos um estudo moderno de como fazer uma boa trova literária. Na
página 3 do Decálogo informa: “buscando um denominador comum ou
niformização de normas “que propiciaram mais liberdade e segurança para
quem concorre ou promova concursos literários no país”. Olavo Bilac no Tratado
de Versificação, na II parte trata da Métrica. Castilho, também, preocupado com
a arte deixou-nos orientações sobre literatura poética.
Quando
falamos na forma poética, buscamos provocar, no leitor, o envolvimento
necessário para que no momento de inspiração consiga compor a sua trova
que além da métrica (forma) tem ainda a mensagem (fundo) ou seja toda trova tem
corpo e alma e as rimas desempenham um rico papel no contexto.No decorrer do
tempo, diversas outras leituras chegam-nos à mão e buscando melhorar nossa
qualidade de desempenho. Silveira Bueno editou em 1.958, em 5ª edição,
um Manual de Califasia, Califonia, Carritmia e Arte de Dizer, indicando-o
“para uso das escolas normais, ginásios oficiais –canto orfeônico e declamação”.
A p.190,nos orienta sobre sílabas; Na leitura de versos é indispensável
observar rigorosamente as sílabas dispostas pelo poeta. O guia único e absoluto
é o ouvido; na prosa as sílabas são contadas pela maneira de pronunciar; na
poesia, pelo modo de ouvir.
O
autor de trovas, participando dos concursos , integra-se, rapidamente, ao
movimento literário da trova por todo o Brasil e co-irmãos de Portugal. Temos
trovadores por todo o mundo e, via internet. Os concursos em língua espanhola
tem sido o destaque do momento. Os concursos literários são responsáveis pela
integração nacional em torno da Trova . Os trovadores, numa imensa confraria,
têm um trabalho cultural, social e turístico através da poesia. Conhecedor do
imenso legado que deixaria, Luiz Otávio, reforçava sempre esta mensagem:“ Amor,
idealismo, trabalho, disciplina e união eu peço a todos”.
Nas
cantigas de roda, A Barata diz que tem (folclore) ou em músicas populares como
a BANDA de Chico Buarque sentimos a vida dos sete sons poéticos
usados na Trova moderna.
Estava
à toa na vida,
o
meu amor me chamou,
pra
ver a banda passar,
falando
coisas de amor (Goldstein, 1991,p.8),
Conversando,
conversando... é que percebemos pelos versos falados em sete sons, o
poeta que há em cada um de nós.
O
que precisamos saber para fazer uma trova? Saber o que é uma trova! Estudar a
vida da trova! Sentir que no telúrico nacional. A poesia está presente em tudo.
Os bons letristas cantam em versos setissilábicos coisas que tocam fundo a alma
e animam nossos sentidos.
Ouça
DISPARADA na voz de Jair Rodrigues. A letra de Geraldo Vandré, e música
de Theo de Barros, explodiu nas paradas de sucesso há quarenta e dois anos
depois do festival de MPB. Ouvindo a letra faça a escansão verso por
verso e sinta nos heptassílabos, a força poética da forma (rítmo, melodia e
expressão -gramatical e poética) e no Fundo (a mensagem, a originalidade e o
achado, a comunicabilidade, a simplicidade, a harmonia interna) e podemos
vibrar com a importância de cada verso da letra (forma) e a interpretação (
fundo) da produção musical que revela em sua letra importante exemplo da
produção poética que tanto bem faz a cultura brasileira. Numa sala de aula,
podemos usar o retro-projetor, ou animar em PowerPoint através de um
projetor de imagens:
“Pre/pa/re
o/ seu/ co/ra/cão/
pras/
coi/sas/ que eu / vou /con/tar/
eu
/ve/nho /lá /do /ser/tão/
eu/
ve/nho/ lá/ do/ ser/tão/,
eu
/ve/nho/ lá /do /ser/tão/,
e
/pos/so/ não/ lhe a/gradar/.
No
www.google.com.br, podemos buscar além do texto a apresentação histórica do
festival que ocorreu durante o período militar.
Diversas
outras canções enriquecem o estudo literário, métrico e sonoro das palavras; A
Banda de Chico Buarque, Pois é pra quê de Sidney Miller; as cantigas de roda e
declamações de Cordel. No site www.professorjuscelino.com.br,
o prof. Dr. Juscelino Pernambuco apresenta interessantes análises musicais
Discorremos
bastante sobre o que é trova e, justamente no nº 1, ano I, 1997, que Trovas
& Cantigas nos informa sobre Trova Bonita:
· Evitar duas palavras iguais numa mesma trova, desde
que essa repetição, beleza não contribua para reforçar a beleza e originalidade
da trova.
· Manter nos três últimos versos o mesmo ritmo do
primeiro,evitando assim a quebra do ritmo.
· Evitar sons cacófatos ou não recomendáveis:
Esperanças
sempre dão ( predão, pridão),
Só
no amor foi-me ensinado. ( sono),
Toda
ilusão que ela tinha. ( latinha)
Observar
se os quatro versos da trova guardam, entre si, o sentido completo do tema.
Embora a trova esteja bem feita quanto à forma, muitas vezes observa-se o
sentido dos dois últimos versos “ desligados” dos dois primeiros. As trovas
comparativas exigem riqueza de imagem e uma boa idéia para serem bem-sucedidas.
Ex.:
Minhas
netas, sempre rindo,
são
meu alegre evangelho.
Musgo
verde revestindo,
de
esperança, um muro
velho.
Lilinha
Fernandes
As
trovas conceituais devem evitar o lugar-comum para não caírem na mera repetição
de outros autores. A palavra saudade é a que mais tem sido “vítima” disso.
Também
se observa um verso inteiro de outra trova (e de outro autor) sendo
costumeiramente repetido por alguém. Não se trata de plágio, mas coincidência
ou “traição” do subconsciente. Deve-se conferir essa situação ao compor
uma trova.
É
melhor evitar rimas já muito exploradas como amor/dor, vida/querida,
lusão/coração, há-de/saudade, alacridade/ saudade, abrolho/olhos, entre outras.
Luiz
Otávio deixou, além do DECÁLOGO DE METRIFICAÇÃO, um estudo inédito
sobre: A MÚSICA, O OUVIDO E A METRIFICAÇÃO, datado de 2/9/1975,
onde destacamos alguns trechos oportunos da trova:Há música em tudo: Música, no
sentido dilatado da palavra, é som.
(...)
Há música na poesia. Ora, se a Poesia é composta de palavras e se estas possuem
sons, naturalmente a Poesia tem música. Bela ou feia,rica ou pobre,agradável ou
não, todo verso tem um som. (...) No entanto, se a música de um verso é
importante na Poesia, um fator inestimável para seu enriquecimento e
valorização; não deve ser tomada como um fim,mas, simplesmente, como um meio.
(...)
Assim
pois, a Música é útil e importante na Poesia, como assessório, como um pormenor
da moldura, do quadro e não como a pintura ou a mensagem poética
propriamente dita. É não é só a música que é um elemento da moldura
poética, que é Forma da Poesia. Na forma teríamos o ritmo conseguido pelas
tônicas e pela metrificação, assim como a melodia é conseguida pelas rimas,
pelo emprego harmonioso de vogais e consoantes e rejeição de sons duros de
cacofonias, de homofonias, etc, e teríamos ainda na forma, na moldura, a música
– no sentido de melodia-, da metrificação que é um elemento bem mais peculiar
do Ritmo.
Embora,
em última análise, o ritmo seja um componente da Música. Mas separemos, para
melhor entendimento, melodia ( ou linha melódica) e ritmo (dado pelo compasso)
ou , no verso, pelas tônicas e pela métrica.Assim, quando me referir à música
do verso, estarei falando em melodia, do som, da sonoridade, abstraindo-me,
passageiramente, do ritmo (tônicas e métrica)..
Luiz
Otávio refere-se ao ouvido e a música; reforça que cada um tem seu gosto
musical,
...na
Poesia, o ouvido é importantíssimo para a composição de um verso melodioso,
para distinguir ou julgar se um poema ou uma trova possuem ou não sonoridade,
observando ou ouvindo suas rimas, o emprego harmonioso das vogais e consoantes,
a ausência de junções duras, de cacofonias, de homofonias,etc.
-
CONCLUSÃO
Nestes
três capítulos desenvolvemos a vida da trova através dos séculos, definindo a
diferença que há sobre a trova popular e literária. Trouxemos diversas
produções de autores que escreveram a história literária de nosso povo, sabendo
que muitos outros poetas aqui não citados têm mensagens que reaparecem como por
encanto reforçando a frase: A trova e o trovador são imortais. Sentimos
plenamente que está no sistema de educação adotado a reinação literária de
nossos autores. Lamentamos aqui que jornais e revistas distanciaram-se da
difusão poética e deixamos claro que poesia é arte e que cada artista tem seu
estilo, sua percepção de vida. O espírito criativo de nossos trovadores
revela-se em todos os gêneros e sentimos que a trova humorística tem um encanto
especial. Nela não está presente a maldade, mas a lapidação conveniente ao tema
de circunstância.
Nos
concursos literários, sob o tema não podemos dizer que são trovas de encomenda,
mas endereçadas aos concorrentes, com a finalidade de selecionar as melhores
que o momento social oferece. O trovador, como todo artista tem o seu estado de
graça, e numa competição literária as melhores trovas saem de acordo com a
banca de julgadores. Quanto maior o número de julgadores, melhor a seleção. Não
lidamos, mais com a simplicidade das cantigas de roda, mas com a beleza da
mensagem que ocupa a forma de 28 sons poéticos tendo na alma a originalidade,
comunicabilidade, simplicidade e harmonia. Nas músicas apresentadas, sentimos o
cuidado de cada letrista.
Procuremos
mais envolvimento com a trova. Busquemos em cada leitura novas fontes
mensageiras. Sejamos poetas, sempre! Luiz Otávio, Príncipe dos trovadores
Brasileiros deu-nos um movimento literário e turístico. Confraria que promove a
interação social dos trovadores com prefeituras, secretarias de educação,
cultura, promoção social e entidades literárias.
Temos
que relembrar BELTRÃO (1975,p.21): Nunca existiu no Brasil maior
movimentação literária do que a que faz a União Brasileira de Trovadores
através dos seus Jogos Florais, iniciados em Nova Friburgo (RG) e
seguindo-se-lhe a cidade de Pouso Alegre (MG)
Hoje,
dezenas de cidades trabalham em prol da trova, promovendo seus poetas e
escrevendo a nova história da literatura brasileira. A grande maioria de
escritores com obras registradas na Biblioteca Nacional, ainda, são
desconhecidos pelas publicações do MEC
No
entanto, anualmente, temos a escolha de livros didáticos e módulos
para-didáticos, sem inovações significativas. BELTRÃO (1975,p.22) reforça:
Daí
levarmos ao conhecimento de todos os professores de português e
literatura a existência do Ciclo da Trova, solicitando a inclusão em programas
didáticos de um capítulo sobre a Trova, como medida justa e necessária,
preenchendo uma lacuna existente nos programas oficiais de português e
literatura.
-
ANEXO
1.
Entrevista
Via
Correios, entrevistamos Luiz Otávio, a 10 de junho de 1975,com perguntas
obtiveram as seguintes respostas. Ei-las:
(P=
pergunta, R= resposta)
P.: Luiz Otávio, qual a importância principal do
Movimento Trovadoresco na literatura Brasileira?
R.:
O principal valor, eu diria melhor, uma das características fundamentais do
Movimento Trovadoresco é a sua espontaneidade.Nasceu, brotou espontaneamente
como uma planta. A te mesmo os que o plantaram não se aperceberam bem, no
momento, o que estavam fazendo, E,aí, este Movimento difere, essencialmente, de
tantos outros movimentos, sub-movimentos e hipo-sub-movimentos que tem surgido
e, as vezes, morrem antes do nascedouro. Alguns pretensos “gênios” se
reúnem ( não muitos), fazem manifestos, deitam plataformas, conseguem suplementos-literários,
querem destruir tudo que encontram (é outro “cacoete” destes pseudos-gênios), e
... no fim, a “coisa” dura muito pouco... Eles mesmos não se
entendem... Citar exemplos? São inúmeros. Mas não há tempo, nem espaço.
Já o nosso Movimento Trovadoresco nasceu, aos poucos, sem saber que viria
a ser um Movimento. Espontâneo, genuinamente brasileiro, popular, moderno
(porque comunicativo, rápido e direto) e que, em poucos anos, cresceu muito e
continua a crescer. Tudo isto, reunido e dito em poucas palavras demonstram a
importância do Movimento Trovadoresco. Diria mais que ele, tal como aquele
anúncio de óleo, excede os limites da literatura brasileira.
Tem sido também um movimento social e turístico. Para explicar tudo isto só
mesmo um Ensaio ou uma crônica...
P.: O trabalho que a UBT vem realizando
todos estes anos, sabemos que está marcando a história da literatura nacional
do futuro; Perguntamos: por que os tratados literários atuais teimam em deixar
de fora toda a grandiosidade deste trabalho?
R.: A pergunta é simples
e boa, mas a resposta não é fácil e seria complexa. Respondo com perguntas:
Quem sabe se certos professores e críticos andam pouco afastados da
realidade e não se aperceberam que há, em suas portas, um Movimento poético
vivo, palpitante, popular:? Quem sabe se eles têm certo
receio ou constrangimento para reconhecer e divulgar esta verdade?
Quem sabe se tem faltado a nós, os dirigentes ou mais antigos do Movimento, tempo,
oportunidade, para ir às escolas, faculdades e suplementos e dizer, bem
alto: “Minha gente, há um movimento de Trovadores que poetas, povo,
associações, comércio, indústria, já tomaram bastante conhecimento... Chegou a
vez de vocês saberem que nós existimos. Mas, meu caro Nilton, já há uma reação.
Já há professores que nos convidam a falar sobre trovas em seus colégios ou
faculdades, outros que, em seus livros, já dedicam páginas aos trovadores e
outros ainda, como um professor sacerdote, que nos últimos Jogos Florais de
Friburgo, num belíssimo sermão, reclamava justamente isto que é o tema de sua
pergunta: de algumas esferas literárias ou professores ainda ignorarem o valor
da Trova e do Movimento Trovadoresco.
P.: Qual a preocupação do Movimento Trovadoresco, atualmente, em relação à
classe estudantil universitária? O que os trovadores brasileiros tencionam
fazer para demonstrar a originalidade do “Movimento” que é nacional e não
importado como o Romantismo, Parnasianismo,Simbolismo, etc?
R.: A pergunta é comprida e profunda. Verei se resumo a resposta. Já temos
procurado levar a Trova não só à esfera Universitária mas, também aos outros
graus anteriores. Já fizemos palestras e concursos nos meios ginasiais,
colegiais e universitários, em muitas cidades que evitarei de citar os nomes
para não omitir algumas. Quanto à preocupação de demonstrar isto ou aquilo, de
atacar ( mesmo o que nos atacam), de mostrar as nossas qualidades ou virtudes,
não tem havido. Nós temos vencido porque realmente é bela a nossa
rosa e porque temos trabalhado muito, com amor e autenticidade, a fim de que
ela sobreviva e se multiplique. Se outros cultivam ou camélias ou cravos de
defunto ou couve-flor, não temos nada com isto... Podem até cultivar flores de
papel, importadas... Que nos deixem em paz cultivando a nossa rosa...
P.: Na antiguidade os Jogos Florais foram lançados para propiciar o não
desaparecimento da produção poética, no Brasil, segundo o Sr. mesmo já
escreveu, nossos concursos de Trovas e Jogos Florais apareceram com a
finalidade preponderante de selecionar democraticamente as produções literárias
brasileiras. Sendo experimentado, promovendo, participando, concorrendo,
publicando tratados e livros com suas produções trovadorescas, por que ainda no
Brasil têm-se um imenso déficit de publicações por editoras de nomeadas?
R.: Há anos notei e escrevi a seguinte curiosidade ou paradoxo: Na Idade Média,
quando caiu a Poesia Trovadoresca, tiveram a idéia dos Jogos Florais, em
Toulouse, em 1.322, para revitalizá-la. No Brasil, só após a Poesia
dos Trovadores ter alcançado certo nível ou progresso é que senti condições
propícias para lançar em 1960 os Primeiros Jogos Florais de Nova Friburgo. Sim,
na verdade tenho afirmado que estes concursos foram um meio útil e democrático
para lançar grandes trovadores no Brasil. Quanto aos livros, acho que tem
havido muitas publicações. Se o interesse das editoras é pequeno, tem
acontecido o mesmo com outros gêneros mais vendáveis como o romance e o conto.
P.: Quantos anos temos de Movimento Trovadoresco?
Ou
o que melhor propiciou a corrente literária trovadoresca?
R.:Quanto à primeira parte, se aceitarmos como um marco de nosso
Movimento, como li na apresentação desta entrevista, a publicação do
livro “Meus Irmãos, os Trovadores”,temos, então, que, no ano
próximo completaremos 20 anos de Movimento. É claro que, antes disto, já eram
feitas trovas e alguns livros eram publicados. Mas, trata-se aqui de
marcar um ponto de partida para algo que significasse aglutinação, propaganda
maior, estudo mais profundo,etc. Embora sendo o autor do livro e não o autor da
proposta de transforma-lo como um marco, acho - modéstia à
parte - perfeitamente válida a idéia.
Quanto ao que melhor propiciou esta corrente, além do que já ficou dito,
de autenticidade, popularidade, atualidade, etc., e das finalidades culturais,
sociais e turísticas, queria ainda apontar algo que considero de muita
importância e que resumo: depois do Movimento Modernista, passado o fogo
inicial, parecia que a poesia tinha morrido. Tornara-se tão difícil, tão
hermética, que apenas alguns iniciados ou alguns pretensos entendidos,
apreciavam e entendiam esta Poesia. Depois vieram grupos e subgrupos.
Cada vez mais discussões,cada vez mais originalidade e menos
entendimento. O público ia cada vez ficando desconfiado e retraído... Se, em
todas as antigas Escolas – dos Clássicos, Românticos, Parnasianos, Simbolistas,
houve sempre grandes intérpretes do sentimento popular, - do Povo das várias
camadas sociais – com o Movimento Modernista tudo mudou. Somente as elites
intelectualizadas, ou as pseudo-elites, compreendiam aquelas mensagens poéticas
herméticas e muitas vezes sem melodia, sem ritmo e sem sentido... Vieram os
trovadores e, modesta mas autenticamente, deram aquele grito da fábula: “O Rei
está nu!” Apenas, ao invés de dar este grito diretamente e de entrar em
debate, começaram a fazer trovas, aperfeiçoar esta singela forma da poesia
popular, a realizar concursos e festas, a fundar associações, a pronunciar
palestras, a escrever artigos e livros, enfim, a Trova veio mostrar, com êxito,
que a Poesia não morrera, veio restabelecer aquele elo destruído entre o Povo e
o Poeta.
P.: O título de “Magnífico Trovador” com o qual o Sr. foi agraciado após tantos
anos de idealismo, de dedicação, contribuindo para a integração nacional
através da poesia, sabemos que é internacional através de convênio com
entidades culturais de Portugal; fale-nos sobre isto.
R.: Acredito que haja uma
pequena confusão do caro repórter. O título com o qual fui agraciado devido ao
meu trabalho em Prol da Trova e dos Trovadores foi o de “ Príncipe dos
Trovadores Brasileiros” - por um Congresso Nacional de Trovadores, em
1.960, em São Paulo. O outro – o de” Magnífico” dos Jogos Florais de Nova
Friburgo (RJ) é um título muito honroso e difícil. Outros dez trovadores o
obtiveram nestes 15 anos. Não tem nada com o trabalho pela Trova ou pela classe.
Está relacionado a uma vitória, três anos consecutivos, entre os dez primeiros
lugares, nos Jogos Florais. Mas repito: é um título muito honroso e difícil. Os
dez que o obtiveram – e por ética permita tirar o meu nome – demonstraram
talento,inspiração, fibra e, também, um pouco de sorte. Constituem uma
verdadeira seleção de trovadores, vitoriosos em várias cidades do Brasil.
Para atingir este título não adiantam posição social, financeira, tentativa de
protecionismo ou de corrupção. Nem simpatias ou troca de gentilezas como
acontece na eleição de muitas academias... Com os “Magníficos” entraram em
julgamento apenas as trovas, escondidas num pseudônimo. E chegaram quatro mil
ou cinco mil ou mais trovas! E é preciso repetir a vitória três anos
consecutivos!
A presente entrevista, datada de 10/6/1975,Santos (SP) tem a assinatura de Luiz
Otávio.
-
2. PROJETO DE TROVAS
Duração e período
:
A duração deve ser quinzenal ou mensal dependendo do
objetivo que se pretenda. Buscamos estimular o aparecimento de poetas.
Apresentação:
O
projeto tem por finalidade despertar o gosto leitura,declamação e
produção poética, através da Trova.
Justificativa:
Tendo em vista a presença da poesia nos livros didáticos, nas cantigas de roda
e diversos concursos de Trovas e Jogos Florais de Ribeirão Preto, a
Oficina de Trova desenvolverá o gosto pela leitura e elaboração de trovas.
Objetivo
Desenvolver a sensibilidade; valorizar o universo poético, como forma de
comunicação com o mundo; trabalhar com as palavras e imagens obtendo novas
possibilidades de expressar sentimentos, emoção, lirismo e humor.
Estratégia:
Apresentar
a origem e a história da Trova. A Trova, como movimento literário no
Brasil. A Versificação: a forma e o fundo ou seja o corpo e a alma da
trova. O Decálogo de Metrificação. Hoje os dicionários trazem as sílabas
divididas, mas em poesia conta-se sons. A diferença de trova literária e
popular. A classificação: humorismo, lirismo, filosófico, etc. Os elementos
essenciais: coesão e coerência. A União Brasileira de Trovadores e os
concursos. Livros de Trovas de resultados de Concursos. Pesquisas
virtuais sobre a Trova no Brasil e no mundo.
Avaliação:
O
interesse de cada participante pela literatura, a produção literária, o preparo
de textos para concursos e o domínio da versificação trovadoresca.
3.
COMO PARTICIPAR DE CONCURSOS
SISTEMAS DE REMESSA
· ENVELOPE,
· CARTÃO POSTAL,
· A4,
· E-MAIL.
O
interessado em participar de um concurso literário, deve em primeiro lugar ler
com muita atenção o regulamento do certame. Tudo o que for solicitado deve ser
cumprido. A quantidade de remessa de trovas não deve ser ultrapassada. Hoje
temos variação de concurso para concurso. Há concurso que só se pode enviar uma
trova, outros duas, três, cinco, dez... sem limite! Num passado, não distante
muitos remetiam cinqüenta, cem, duzentas trovas se o tema fosse do seu agrado.
Hoje notamos, em alguns casos, a recauchutagem (adequação composição não
premiada) de trovas para novo concurso. Não somos favoráveis ao
reaproveitamento. A escrita atinge melhor os objetivos da temática solicitada..
· Sistema envelope
O
Sistema envelope (mais usual) deve ter a trova escrita na face de envelopes, no
interior deste nome,endereço com cep,.e-mail e colado. Remeter em envelope
comercial ao endereço do concurso e no remetente o nome que pedir no
regulamento. O prazo, geralmente, é da chegada na cidade promotora. As cartas simples
demoram de três a dez dias no Brasil e até quinze para Portugal. A melhor
orientação quanto a remessa e chegada quem presta é a ECT.
· cartão postal
O
sistema cartão postal teve realizações por várias entidades de Ribeirão
Preto. Na ocasião foram oportunos e estão dentro das propostas da UBT. O
nome do trovador vem no cartão com seu endereço completo. Todos são transcritos
ou xerocados e da mesma forma do concurso de envelopes, forma-se caderno
para cada julgador. Não há conhecimento de quem está concorrendo. A
maioria reclamava pela compra do cartão e tarifa postal. Procedimento caro.
· Sulfite A4
O
sulfite A4, em três vias, é usado nos concursos promovidos por entidades
Portuguesas. Ora solicitam endereçamento no próprio trabalho, ora identificação
em envelope à parte sob pseudônimo usado no trabalho enviado.
d)
E-mail
Os
concursos por e-mail têm ocorrido por algumas entidades. Apesar da
resistência por parte de alguns veteranos da trova, bons livros virtuais tem
sido editados. Com os concursos via internet, tem havido concursos em língua
espanhola.
No
ano de 2.007, longas polêmicas em torno dos concursos semanais de trovas. A
internet tem garantido a História da literatura atual. Os jornais diários não
cobrem a vida literária das cidades onde circulam e são mantidos por
publicidade. Como dissemos, é elástica a lacuna histórica que temos por parte
da imprensa diária. Os jornais ampliaram o número de páginas, reduziram as
fontes e vivem sem espaços nesta temporada em que a pluralidade cultural
vive em alta.
-
4-DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS DA UBT
AUTORIA: LUIZ OTÁVIO –
Acróstico:
SÃO FRANCISCO
[S]:
Simplicidade - Sendo a trova a expressão mais simples da poesia e, pois, um
reflexo da alma do trovador, devemos agir sempre com simplicidade na arte, nas
palavras e nas ações.
[A]:
Amor – Nosso padroeiro São Francisco de Assis - pregou o amor total. Assim, não
nos devemos afastar deste ensinamento. Amor ao próximo, à nossa arte, mas
também à UBT. Em outras palavras, fidelidade à nossa agremiação.
[O]:
Ordem - Sem ordem, disciplina, responsabilidade – de dirigentes e sócios- não
poderá haver progresso, segurança e paz. Faremos tudo para manter esta ordem, a
fim de que possamos atingir nossos objetivos, elevando culturalmente o meio
social em que vivemos.
[F]:
Fraternidade - Todas as religiões pregam a fraternidade. O “pobrezinho do
Assis”, ao fundar a sua Ordem, denominou seus companheiros de “Irmãos”. Nós que
recebemos de Deus o dom da Poesia, mais do que ninguém, devemos ser,
verdadeiramente, Irmãos Trovadores. Mas sem esquecer que a Bondade deve ser
justa, o Perdão sem humilhações e a Tolerância sem fraqueza.
[R]:
Renúncia – A Renúncia pode ser resumida em não querer tirar proveito da
Associação para si, mas ao contrário, em dar algo de si para a mesma.
[A]:
Autenticidade - Se desejamos fazer parte de uma comunidade devemos ser
autênticos. E autenticidade exige lealdade, cooperação e trabalho.
[N]:
Neutralidade - A U.B.T. tem finalidades definidas. Dentro de nossa Associação,
os sócios devem abster-se de debates políticos e religiosos. A neutralidade
deve ser compreendida, também, no sentido de isenção e imparcialidade, em
nossos trabalhos de direção e julgamento.
[C]:
Comunicabilidade - Se a Trova é o gênero mais comunicativo, nós, Trovadores
devemos cultivar a comunicabilidade não só entre nós da U.B.T., mas também, com
a sociedade que nos cerca.
[ I ]:
Idealismo
– Temos um Ideal em comum. Ideal simples de espiritualidade e de beleza. Na
conquista deste Ideal devemos trabalhar com fé e, também, com dinamismo e
perseverança.
[S]:
Sinceridade
– Se a todos os empreendimentos elevados é indispensável a sinceridade, nós,
como artistas e trovadores, em nossas atividades repudiamos a mentira, a
deslealdade, a intriga e a má fé.
[C]:
Controle
– Os dirigentes devem saber controlar, com habilidade e segurança, o setor que
lhes foi dado para dirigir, zelando pela disciplina, pois dessa atuação, é que
decorrem a uniformidade, a unidade e força de nossa Agremiação.
[O]:
Obediência
- Obedecer não é humilhante. Há na vida de nosso Padroeiro a lição:- ”Quem sabe
obedecer, aprendeu a vencer-se e a triunfar”. A liberdade não afasta os
princípios de ordem, disciplina e obediência. Aquele que sabe obedecer, que
possui espírito de equipe, que acredita realmente na Lei, é o que poderá, com
maior êxito, ser bom dirigente. A obediência aos nossos Estatutos, Regimentos e
Declaração de Princípios é o que traz a ordem, a paz, a união, e faz a grandeza
de nossa UBT- União Brasileira de Trovadores.
-
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
ALENCAR,José, O
Sertanejo, s/d, Edigraf S/A,SP.
BELTRÃO,Jorge,Ciclo
da Trova,1975, Tipografia Escola Profissional,Pouso Alegre MG
Cadernos
do Futuro, Língua Portuguesa, IBEP, 3º serie, sem data.
CEGALLA,
Domingos Paschoal, Nova Minigramática da Língua Portuguesa,.
Cia.Ed. Nacional, FNDE, 2004.
CENP, Letra
e Vida, 2005,mod.III,M3U6T8, SSESP
CRUZ,
José Marques da Português Prático, 1966,ed. 29º,
Ed. MELHORAMENTOS:
CRUZ,José
Marques,Seleta - Português Prático, 1944, MELHORAMENTOS:
FERREIRA, Delson
Gonçalves, Língua e Literatura-Luso Brasileira, 1970,Editora
Bernardo Álvares S/ª BH-(MG)
FERREIRA, Pequeno
Dicionário da Língua Portuguesa (1964,p.XXXI ) ed.11ª
GOLDSTEIN,
Norma, Versos, Sons, Ritmos, Atica,1991.
LÉLLIS,
Raul Moreira, Português no Colégio, 3º,Cia. Ed. Nacional,1951
LOUREIRO,
Milton Nunes, Dos Sonhos Brotaram Versos,p.17,1976,Super gráfica
ltda.
OTÁVIO,
Luiz , Decálogo de Metrificação, UBT-1975, UBT-Nacional
OTÁVIO,
Luiz , Meus irmãos os trovadores, 1956, Ed. Veck
TORRES/MELO,
Artur de Almeida e J.Nelino, Manual de Língua Portuguesa, Cia. Ed.
Nacional,1951.,
SANTOS,
Renato Alessandro, Teoria da Literatura I, 2004,
CEUCLAR
TAVARES,
Hênio, Teoria Literária, 5º ed..1974, Editora Itatiaia,BH-MG,
Jornais
e Revistas
O
Cruzeiro
Livretos
de Jogos Florais, edições da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto.
Trovas
e Trovadores,
Fonte:
http://vivatrova.blogspot.com.br/p/decalogo-de-metrificacao-luiz-otavio-e.html
-//-
LEIA MAIS SOBRE AS HISTÓRIAS DA UBT:
file:///C:/Documents%20and%20Settings/ADMXP/Desktop/Hist%C3%B3rias%20ubt.htm
-//-
UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES - UBT / NACIONAL
REGRAS PARA AQUELES QUE QUISEREM SE TORNAR ASSOCIADO EFETIVO DA UBT
01) Pedido de inscrição no Quadro de Associado da União Brasileira de Trovadores;
02) Envio de 2 retratos ¾;
03) Envio do currículo literário de trovador ou de simpatizante da Trova;
04) Pagamento da Taxa de Associado da UBT no valor de R$ 80,00 (para 2010/2011), que poderá ser quitada através de pagamento à vista ou em dois pagamentos de R$ 40,00, sendo um para 1º de Agosto de 2010 e outro para 1º de Janeiro de 2011;
OS DIREITOS E AS VANTAGENS DOS ASSOCIADOS EFETIVOS DA UBT
01) Recebimento Mensal do Boletim Nacional
02) Recebimento da Carteira Social da UBT e o registro em nosso arquivo de todos os dados enviados pelo Associado Efetivo;
03) Recebimento do distintivo da UBT;
04) Recebimento do Estatuto da UBT e de seu Regimento Interno, logo que estiverem registrado no Cartório competente;
05) Acesso à "Página Interna" na Internet, criada desde abril de 2010, exclusiva para os associados que possuirem endereço de e-mail e nos informarem para geração da senha de acesso.
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(por Eduardo A. O. Toledo)
Tudo começou durante as festividades de premiação do XXI Jogos Florais de Pouso Alegre reavivadas em 31/10 e 01/11 de 1998, quando um grupo depenas de trovadores, em Reunião Especial, discutiu os rumos da UBT, suas finalidades e novos caminhos. Entre outros assuntos importantes decididos, houve por bem lançar "A CARTA DE POUSO ALEGRE", que, ao seu final, solicitava à Presidência Nacional uma Assembléia Geral Extraordinária, para fazer a revisão do Estatuto da Entidade.
No ano seguinte, durante o XXII Jogos Florais de Pouso Alegre, em 09 e 10 de Outubro, por convocação do Presidente Nacional da UBT, João Freire Filho, foi realizado o II Encontro de Presidentes de Seção e Delegados da UBT, quando, dentre outras determinações, foi aprovada a criação de uma Comissão Especial para a revisão e atualização do Estatuto da União Brasileira de Trovadores.
Nesta Reunião Especial estavam presentes os Presidentes de Seção e Delegados da UBT: Antônio Claret Marques (Guaxupé ), Arlindo Tadeu Hagen (Juiz de Fora), Carolina Ramos (Santos), Domitilla Borges Beltrame (São Paulo, Eduardo A. O. Toledo (Pouso Alegre, Haroldo de Castro (Magé), Juliana Corvino (Valença), Lucy Sother de Alencar Rocha (Belo Horizohte), Renato Mattosinhos (Goianá), Rodolpho Abbud (Nova Friburgo) e mais a presença honrosa do Presidente Nacional João Freire Filho (Rio de Janeiro).
A primeira reunião da Comissão Especial de Revisão aconteceu durante as festividades do XLI Jogos Florais de Nova Friburgo, em 28 de maia de 2000, quando se decidiu solicitar sugestões a todos trovadores brasileiros para maior democratização e enriquecimento do Estatuto.
Durante quase 3 anos foram recebidas muitas sugestões, que, analisadas pela Comissão Especial de Revisão, várias delas foram inseridas no Estatuto, o qual, após discutido e pormenorizado exaustivamente, em Assembléia Geral Extraordinária convocada para tal fim, foi, por unanimidade dos presentes, aprovado com louvor e aplausos.
A discussão e aprovação do novo Estatuto da União Brasileira de Trovadores aconteceram nas festividades do XXVI Jogos Florais de Pouso Alegre, na tarde/noite de 06 de dezembro de 2003. Nela, estiveram presentes: Arlindo Tadeu Hagen, Carolina Ramos, Domitilla Borges Beltrame, Eduardo A . O . Toledo, João Freire Filho e José Valdez de Castro Moura, todos com direito a voto, e, ainda, também, como convidados participantes e opinantes: Alonso Rocha, Antônio Bispo dos Santos, Antônio Claret Marques, Célia Maria Barbosa Rodrigues, Izo Goldman, Luiz Carlos Abritta, Roberto Resende Vilela, Rodolphb Abbud, Sérgio Ferraz dos Santos e Ulysses Carvalho Júnior.
Sem dúvida, foi uma data histórica do movimento trovadoresco nacional.
OBSERVAÇÃO: Em vista de exigência legal do novo Código Civil Brasileiro, o Estatuto acima historiado teve que sofrer algumas modificações para ser adaptado ao Código Civil. Tendo como Relator o Trovador e Jurista Luiz Carlos Abritta, a adaptação do Estatuto foi entregue ao Conselho Nacional da UBT para seu exame e aprovação. Com pequenas modificações, ainda a cargo da Relatoria, após sugestões do Conselho Nacional, o Estatuto da UBT passará, proximamente, a ter a sua redação final, devidamente registrada em Cartório competente.
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ANTEPROJETO DE ADAPTAÇÃO DO
ESTATUTO DA UBT AO NOVO CÓDIGO
CIVIL (LEI 10.406, DE 10-01-2002)
ESTATUTO DA UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES
CAPÍTULO I
Da Denominação, Constituição e Emblema.
Art. 1° - A União Brasileira de Trovadores – UBT – fundada no Rio de Janeiro, em 21 de agosto de 1966 e instalada oficialmente em 1° de janeiro de 1967, é uma associação civil, cultural e recreativa, de âmbito nacional, de fins não econômicos, e reger-se-á na conformidade deste Estatuto e do seu Regimento Interno.
Parágrafo Único – A UBT tem como emblema um brasão, que é o mesmo para todas as Seções filiadas, alterada apenas a legenda, que denomina cada Seção.
Da Sede e Foro
Art. 2°- A UBT Nacional terá sede e foro na cidade de domicílio de seu Presidente.
Parágrafo Único – As Seções Estaduais e Municipais terão como sede e foro a cidade de domicílio de seus respectivos Presidentes, salvo exceção “ad referendum” da Presidência Nacional.
Da Finalidade e Conceito
Art. 3°- São finalidades da UBT: o estudo, cultivo, divulgação da trova e congraçamento entre trovadores.
§ 1° - Sem desconsiderar como trova “a composição poética de quatro versos setissílabos rimando, pelo menos, o 2° com o 4° e com sentido completo”, a UBT determina como trova, para Concursos, “a sua composição poética de quatro versos setissílabos rimando o 1° com o 3°, o 2° com o 4° e com sentido completo”;
§ 2° - Para efeito do disposto neste artigo, considera-se trovador o autor da trova.
Art. 4°- É expressamente proibido qualquer proselitismo político ou religioso em reuniões, festas, boletins, jornais e livros da UBT, da mesma forma que é vedada a qualquer associado manifestar-se, em iguais situações, em nome da Entidade.
CAPÍTULO II
Da Organização
Art. 5°- A UBT é constituída de três planos: o Municipal, o Estadual e o Nacional.
§ 1° - O plano Municipal é constituído pelas Delegacias e pelas Seções municipais;
§ 2° - O plano Estadual é constituído pela Presidência Estadual e pelo Conselho Estadual;
§ 3° - O plano Nacional é constituído pela Presidência Nacional e pelo Conselho Nacional.
CAPÍTULO III
Do Plano Municipal
Art. 6°- O representante inicial da UBT no Município será o Delegado Municipal, nomeado por dois anos, por indicação do Presidente Estadual.
§ 1° - O mandato do Delegado Municipal é de 2 anos, encerrando-se no dia 31 de dezembro do ano par mais próximo;
§ 2° - Quando o Delegado Municipal vir possibilidade de ser fundada uma Seção da UBT em seu Município enviará um ofício ao Presidente Estadual, que dará toda a orientação necessária para sua fundação.
Da Formação e Constituição
Art. 7°- A seção da UBT é formada por associados, que elegem a Diretoria e o Conselho Municipal.
§ 1° - A exclusão de associado só é admissível havendo justa causa, obedecido o disposto no Estatuto; sendo este omisso, poderá também ocorrer se for reconhecida a existência de motivos graves, em deliberação fundamentada, pela maioria absoluta dos presentes à assembléia geral especialmente convocada para esse fim;
§ 2° - Da decisão do órgão que, de conformidade com o Estatuto, decretar a exclusão, caberá sempre recurso à Assembléia Geral;
§ 3° - São direitos dos associados fundadores e efetivos: a) participar das reuniões ordinárias e solenes, como também dos eventos e atividades promovidas com exclusividade, em parceria e/ou colaboração com entidades públicas e privadas legalmente constituídas; b) colaborar nas atividades da União Brasileira de Trovadores, inclusive aquelas descritas na alínea anterior: c) votar, ou ser votado e manifestar suas opiniões e/ou à qual pertença dúvidas, respeitada a dinâmica das reuniões adotadas pela Seção e sempre que instado, e nas oportunidades de consulta geral da União Brasileira de Trovadores;
§ 4° - São deveres dos associados fundadores e efetivos: a) o respeito aos objetivos da entidade e dos associados; b) cumprir e fazer cumprir, bem como respeitar os regulamentos estabelecidos nos concursos realizados em todo o território; c) pagar a anuidade fixada; d) cumprir, ainda, os regulamentos relativos aos locais onde as atividades ocorrerem, respeitando, ainda, eventuais acordos de patrocínio realizados, sempre no respeito à legislação aplicável.
Art. 8°- As categorias de associado são as seguintes: fundadores, contribuintes, honorários e beneméritos.
§ 1° - São considerados fundadores os associados que se inscreveram na Seção até a data de sua instalação;
§ 2° - Os associados contribuintes serão trovadores e simpatizantes da trova, que terão anuidade fixada, anualmente, pelo Presidente Nacional da UBT, "ad referendum" do Conselho Nacional;
§ 3° - Os associados honorários serão os que forem julgados merecedores desta distinção, por se destacarem como cultores da trova;
§ 4° - Os associados beneméritos serão aqueles que prestarem relevantes benefícios à Seção ou à classe em geral;
§ 5° - Os Títulos de Associados Honorários e Beneméritos poderão ser recomendados pelos Conselhos Municipal ou Estadual, “ad referendum” do Conselho Nacional;
§ 6° - O rateio das anuidades entre UBT Nacional, as Seções e Delegacias será estabelecido por Resolução do Conselho Nacional da UBT.
Da Diretoria e Conselho Municipal
Art. 9°- A diretoria da Seção Municipal será composta de 9 membros: 1 Presidente, 4 vice-Presidentes (de Administração, de Cultura, de Relações Públicas e de Finanças), de 1 Secretário e de 2 suplentes de vice-Presidentes e de 1 suplente de Secretário.
Art. 10 – O Presidente dirige os trabalhos da Seção e a representa, ativa, passiva, judicial e extra-judicialmente.
§ 1° - O Presidente, em seu impedimento, será substituído por um dos vice-Presidentes, de acordo com a ordem estabelecida no Art. 9°;
§ 2° - Simultaneamente, com a eleição da Diretoria, será eleito o Conselho Municipal, composto por 3 membros e 3 suplentes, com mandato de 2 anos, observadas as especificações do Art. 10, com a atribuição de fiscalizar e julgar os atos e ações da Diretoria Municipal;
§ 3° - É permitida a reeleição na Diretoria e no Conselho Municipal.
Da Assembléia Geral Municipal
Art. 11 – A Diretoria será eleita, em escrutínio secreto ou por aclamação, para um mandato de 2 anos, pela Assembléia Geral dos sócios da Seção, que tenham, no mínimo um ano de filiação, gozando dos deveres estatutários, excetuando-se o caso recente de criação da Seção.
§ 1° - As eleições devem ser realizadas no mês de outubro dos anos pares e a posse da Diretoria será em 1° de janeiro do ano subsequente;
§ 2° - Simultaneamente, com a eleição da Diretoria, será eleito o Conselho Municipal, composto por 3 membros e 3 suplentes, com mandato de 2 anos, observadas as especificações do Art. 10, com a atribuição de fiscalizar e julgar os atos e ações da Diretoria Municipal;
§ 3° - É permitida a reeleição na Diretoria e no Conselho Municipal.
Da Assembléia Geral Municipal
Art. 12 – A Assembléia Geral, com duas formas de constituição, Ordinária e Extraordinária, é órgão soberano da Seção e será composta por todos os sócios que estejam quites e em pleno gozo de seus direitos, com mais de um ano de filiação.
Art. 13 – A Assembléia Geral reunir-se-á:
- Ordinariamente, de 2 em 2 anos, no mês de outubro, ano par, para eleger a Diretoria e o Conselho Municipal;
- Extraordinariamente, a qualquer tempo, por convocação do Presidente da Seção ou por requerimento de um quinto dos sócios quites com as obrigações sociais, para tratar de assuntos relevantes de interesse da Seção, ficando vedadas as discussões alheias a objetivos específicos de sua convocação.
Parágrafo Único - A Assembléia Geral só poderá deliberar quando presente a maioria absoluta dos associados, na primeira convocação, e, com qualquer número, na segunda convocação, 30 minutos depois, e de acordo com o edital expedido.
Art.14 – É de exclusiva competência da Assembléia Geral deliberar sobre a dissolução da Seção, observadas as normas estatutárias.
Art. 15 – A Assembléia Geral Ordinária será convocada pelo Presidente da Seção e, na falta deste, pelo vice-Presidente, com antecedência mínima de 15 dias, por edital afixado na sede social ou em jornal de grande circulação na cidade.
Parágrafo Único – Nesse edital deverá constar o assunto que gerou sua convocação, o local, bem como o horário de sua instalação.
Art. 16 – A Assembléia Geral Extraordinária poderá ser convocada a qualquer tempo pelo Presidente da Diretoria ou por um quinto dos associados quites com suas obrigações, observadas as mesmas normas do parágrafo único do Art. 15.
Art. 17 – As Assembleias Ordinárias ou as Extraordinárias serão presididas e secretariadas por um Presidente e Secretário escolhidos democraticamente pelos seus membros componentes.
Art. 18 – Os candidatos à Diretoria e ao Conselho Fiscal deverão ser registrados em grupo, em um só documento que receberá o nome de chapa, com antecedência de 10 dias da data da eleição.
§ 1° - A fixação da chapa com o nome dos candidatos será feita com o mínimo de 7 dias de antecedência na sede da Seção, importando afirmar que a mesma foi aceita e registrada;
§ 2° - O arquivo dos registros dos sócios da Seção deverá ser acessível aos candidatos, na escolha de nomes para elaboração das chapas;
Art. 19 – No caso de haver mais de uma chapa, será eleita a que obtiver a maioria dos votos.
CAPÍTULO IV
Plano Estadual
Do Conselho Estadual
Art. 20 – Quando, num Estado, já houver três ou mais Seções instaladas, os Presidentes destas elegerão o Conselho Estadual.
Parágrafo Único – O mandato do Conselho Estadual é de 2 anos, com início em 1° de janeiro dos anos pares.
Art. 21 – O Conselho Estadual é formado por um Presidente, um vice-Presidente e um Secretário, observados os prazos dos parágrafos 1° e 2° do Art. 11.
Parágrafo Único – Os membros do Conselho Estadual, obrigatoriamente, serão os Presidentes e ex-Presidentes de Seções Municipais.
Art. 22 – O Conselho Estadual, na sua função fiscalizadora, funcionará como órgão de equilíbrio democrático entre os Presidentes Municipais e os setores de escalão subalterno, tendo função consultiva e, em casos raros, de executar intervenção por solicitação oficial do Presidente Estadual, no caso de ferimento do Estatuto.
Da Presidência Estadual
Art. 23 – O Presidente Estadual e seu vice-Presidente serão eleitos pelos Presidentes das Seções Municipais, por correspondência expedida ao Conselho Estadual, que proclamará o eleito para o mandato e 2 anos, observados os mesmos prazos dos parágrafos 1° e 2° do Art. 11.
§ 1° - O Presidente Estadual e seu vice-Presidente deverão ser um dos Presidentes ou ex-Presidente de Seção Municipal de seu Estado;
§ 2° - O Presidente Estadual poderá ser reeleito;
§ 3° - O Presidente Estadual nomeará o Secretário Estadual da UBT, “ad referendum” do Conselho Nacional.
Art. 24 – Cabe aos Presidentes Estaduais nomear os Delegados Municipais, por documento oficial, informando-se, imediatamente, ao Conselho Estadual e à Direção Nacional.
Art. 25 – Os Presidentes Estaduais deverão, anualmente, organizar um relatório que abranja os aspectos administrativo, cultural, social e financeiro das atividades da UBT Estadual.
Parágrafo Único - Esses relatórios serão enviados até o dia 28 de fevereiro, ao Presidente do Conselho Estadual e ao Presidente Nacional da UBT.
Art. 26 – Nos casos de dúvida, de omissão no Estatuto e Regimento Interno, os Presidentes Estaduais deverão consultar os respectivos Conselhos Estaduais.
Parágrafo Único – Se o assunto for de âmbito estadual, o Conselho Estadual poderá resolver, por votação, mediante correspondência, entre os seus Conselheiros. Se for assunto de âmbito nacional, será levado ao Presidente Nacional, que ouvirá o Conselho Nacional.
CAPÍTULO V
Plano Nacional
Do Conselho Nacional
Art. 27 – O Conselho Nacional, órgão máximo da UBT, é formado pelo Presidente Nacional, vice-Presidente Nacional, Presidentes Estaduais, Presidentes dos Conselhos Estaduais e associados Beneméritos.
§ 1° - O mandato do Conselho Nacional é de 2 anos, com início em 1° de janeiro dos anos pares;
§ 2° - Excetuam-se os mandatos dos Beneméritos, escolhidos de acordo com o parágrafo 4° do Art. 8° deste Estatuto, que serão Conselheiros vitalícios.
Art. 28 – Os membros do Conselho Nacional elegerão seu Presidente, vice-Presidente e Secretário.
Art. 29 – As finalidades, deveres e direitos do Conselho Nacional serão pormenorizados no Regimento Interno Geral.
Art. 30 – O Conselho Nacional elegerá o Presidente e o vice-Presidente Nacional da UBT, recaindo, sempre, a escolha entre os membros do Conselho Nacional.
§ 1° - Essa eleição, que poderá ser feita por correspondência, efetuar-se-á entre 1° e 30 de outubro dos anos ímpares;
§ 2° - Poderá haver reeleição.
Da Presidência Nacional
Art. 31 - O Presidente Nacional, escolhido de acordo com o que preceitua o Art. 30 e seus parágrafos, é autoridade máxima da UBT.
§ 1° - O mandato do Presidente Nacional d UBT será de 2 anos, com início em 1° de janeiro dos anos pares;
§ 2° - O Presidente Nacional nomeará o Secretário Nacional, “ad referendum” do Conselho Nacional.
Art. 32 - O Presidente Nacional da UBT, após receber o relatório anual dos Presidentes Estaduais, fará um Relatório Geral sobre as atividades da UBT até o dia 10 de março de cada ano, os Relatórios das diversas Regiões, com seus assessores e um Relatório Geral sobre as atividades da UBT em todo o País, que abranja os aspectos administrativo, cultural, social e financeiro da Entidade.
Art. 33 – A Presidência Nacional terá um quadro de Associados Efetivos devidamente aberto a todos os trovadores brasileiros que assim desejarem se inscrever, bem como de outros países devidamente credenciados pelos seus membros correspondentes nomeados pela UBT.
Art. 34 - O Presidente Nacional da UBT será o dirigente máximo da Associação, e a representará em Juízo e nas suas relações com terceiros.
Parágrafo Único – O Presidente Nacional da UBT não poderá exercer outro cargo em nível municipal ou estadual, devendo licenciar-se, se for o caso.
CAPÍTULO VI
Da Duração e Dissolução
Art. 35 – A UBT tem prazo indeterminado de duração.
§ 1° - Dissolvida a Associação, o remanescente de seu patrimônio líquido será destinado à entidade de fins não econômicos designada no Estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, a instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes;
§ 2° - Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território em que a Associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal, ou da União.
Dos Fundadores
Art. 36 - São consideradas Seções fundadoras, aquelas que se filiaram à UBT Nacional até o dia 31 de dezembro de 1966, cuja relação figura no Regimento Interno Geral da UBT Nacional.
Art. 37 – São considerados Delegados Municipais fundadores, aqueles que se encontravam nesta condição até o dia 31 de dezembro de 1966, e a sua relação figura no Regimento Interno Geral.
Das Finanças
Art. 38 – Os associados contribuirão com uma importância anual para UBT, na forma disposta neste Estatuto.
Art. 39 – O Presidente Nacional fará um balancete anual de receitas e despesas até 28 de fevereiro, que deverá ser enviado aos Presidentes Estaduais.
§ 1° - Os Presidentes Estaduais farão também um balancete anual de receitas e despesas até 30 de março, que deverá ser enviado aos Presidentes e Delegados Municipais;
§ 2° - Os Presidentes Municipais farão um balancete anual de suas receitas e despesas até 30 de abril, que deverá ser exposto na sede da Seção.
Art. 40 – A falta de pagamento da contribuição anual à UBT será considerada grave irregularidade.
Dos Concursos de Trovas e Jogos Florais
Art. 41 – A Seção Municipal marcará datas e organizará reuniões, trabalhos, palestras, concursos, jogos florais, etc. fazendo desses eventos e quaisquer outros de caráter cultural, cívico e educativo, envolvendo a trova, seu objetivo principal. Para estas atividades, envidará todos os seus esforços, visando a integrar, nesse mister, os demais associados, trovadores e amantes da trova.
Parágrafo Único – Em benefício da unidade da UBT e de todos os trovadores, quando se tratar de promoções de âmbito estadual, regional, nacional ou internacional, as Seções ou Delegacias entrosar-se-ão com os Presidentes Estaduais respectivos para a elaboração de um calendário prévio, que, concluído, deverá ser enviado à Presidência Nacional, para a instituição do calendário anual.
CAPÍTULO VII
Do Regimento Interno Geral, Regulamentos e Portarias
Art. 42 – O Regimento Interno Geral, os Regulamentos, as Portarias e os Avisos completam as disposições deste Estatuto, e deverão ser elaborados por uma Comissão Especial, convocada para tal fim.
Art. 43 – O Regimento Interno Geral, os Regulamentos, as Portarias e os Avisos têm força imperativa, e devem nessa condição ser acatados pelos associados, pessoas de suas famílias e convidados.
CAPÍTULO VIII
Das Disposições Gerais e Transitórias
Art. 44 – As iniciativas de propostas para alteração do Estatuto cabem:
- ao Presidente Nacional da UBT;
- ao Conselho Nacional, por resolução de, pelo menos, 30% de seus membros;
- às Seções Municipais, com aprovação de, pelo menos, 40% de seus Presidentes;
- aos Associados Efetivos devidamente registrados no Plano Nacional, pelo menos com 30% de seus membros.
Art. 45 – Nas Assembléias Municipais, nas eleições estaduais e nacional e nas reuniões dos Conselhos, será permitida a procuração, com poderes especiais, para comparecimento, para discussão e para deliberação.
Art. 46 – As Medidas Transitórias que se impuserem, a critério dos poderes da UBT, de conformidade com as respectivas atribuições deverão ser divulgadas no Boletim Nacional e, se possível, em Boletins Estaduais ou Municipais, tornando-se, de pronto, obrigatórias para todos os efeitos.
Art. 47 – Compete ao Conselho Nacional deliberar sobre consultas relativas aos casos não previstos neste Estatuto.
Art. 48 – A sede atual da UBT é o município de Pouso Alegre, em Minas Gerais.
Art. 49 – Todos os associados, delegados, diretores, presidentes, conselheiros e Seções da UBT, nos planos Municipal, Estadual e Nacional, estão sujeitos às penalidades do Estatuto e Regimento Municipais, Estaduais, Nacional e “Declaração de Princípios” da UBT, cuja aplicação será disciplinada no Regimento Interno Geral.
Art. 50 – Este Estatuto entra em vigor a partir do dia de sua aprovação, independentemente de sua publicação e registro, ficando revogadas as disposições em contrário.
Eduardo A.O. Toledo
Presidente Nacional da UBT
Carolina Ramos
Presidenta do Conselho Nacional da UBT
Luiz Carlos Abritta
Relator do Anteprojeto de Atualização do Estatuto
Pouso Alegre, ___ de _________ de 2010.[...]
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Fonte:
http://www.ubtnacional.com.br/
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Que pena ver passarinhos,
em seu lar, engaiolados…
Cantam SAUDADES dos ninhos
dos áureos tempos passados.
Nunca mais vou te esquecer!
Perfumaste meu CAMINHO,
pois, fizeste renascer
a flor do lençol de linho.
Naquele LENÇOL de linho
ficou o perfume do amor,
das carícias, do carinho,
da saudade, flor da dor.
Se você não posso ter
guardarei o seu PERFUME
na flor que posso colher
pra não perder o costume.
A SAUDADE perfumada
na estrada que não conheço
vem da flor apaixonada
dos lençóis que não esqueço.
Na estrada que já conheço
tem perfume de SAUDADE,
pois teu amor não mereço:
-Só uma sincera amizade.
A SAUDADE de um amor
sempre vem e nos tira a paz
e o bichinho desta dor
faz coçar, ferida traz.
Sei que a SAUDADE não mata,
mas sei do que ela é capaz,
traz dor quando o amor desata
e ao roer, ferida faz.
Sei que a SAUDADE incomoda
e até parece infinita
mas quando o amor volta,
a roda gira feliz, é bendita.
SAUDADE traz à presença
alguém que já foi embora,
tristeza leva à descrença,
por isso, nossa alma chora.
Quando a tristeza me invade
ponho o sonho no barquinho
canto o fado da SAUDADE
e espero o mar de carinho.
Saudade não tem idade…
na criança ou mocidade,
só guarda felicidade
e vem na MATURIDADE.
Temos muito que fazer
para conquistar o amor…
mas difícil é concorrer
com quem só tem DESAMOR.
Só quem teve bons momentos,
diz o adágio popular,
tem SAUDADE e, em pensamentos,
sofre sem poder falar.
No teu JARDIM do prazer
plantei sementes de amor,
mas hoje quero esquecer
a saudade até da flor.
Palavras joguei ao VENTO…
Estão a chorar no espaço!
-Vou buscá-las! Não agüento
ficar sem laço e abraço!
O AMOR põe sonhos reais
nas asas inquebrantáveis
não se preocupa com os ais,
nem com rimas mensuráveis.
O café com RAPADURA
tem dos médicos receita,
porque tristeza ele cura
se é dado à pessoa eleita.
Eu quis tanto ser feliz…
que uso máscara de Rei…
mas o CARNAVAL me diz,
que em mim, valor eu não dei.
O mundo dá tantas voltas,
é pontual numa esfera;
No verão não tem escoltas,
traz SAUDADES da galera.
Outono do Amor? SAUDADE:
dos prazeres, da delícias…
Inverno? Infelicidade:
só por falta das carícias,
Vivemos juntos a aliança
de um perfeito CASAMENTO,
mas nasceu outra criança
só da amante…Não aguento!
Autocrítica me alcança,
bom senso, no pensamento:
-SAUDADE sem esperança,
já não permite lamento
Vou viver sem meu amor,
porque agora só me resta,
esperar passar a dor
que sofri “naquela festa.”
Trago a lembrança caiada
que deu-me a paz esperada,
mas no SEPULCRO, adornada
a alma vive atormentada.
A esperança chega e canta
o que o amor quer ouvir,
na paixão que faz-de-conta
faz o CORAÇÃO sorrir.
Toda FLOR marca a presença
de uma ternura sem par
e carrega a antiga crença
do amor que se quer doar.
A solidão passo-a-passo
vai deixando-me tristonho…
já não sei mais o que faço
para ativar o meu SONHO.
Ninguém sabe quem tu és,
nem que te faço RAINHA,
quando vou aos Cabarés
por curto tempo…só minha.
As FLORES da nossa casa
murcharam, sem primazia;
a saudade vem e me arrasa
ao ver a jarra vazia.
As perdidas ESPERANÇAS
renascem a cada dia
porque recolho as lembranças
e delas faço poesia.
Eu sinto com tua voz,
a falar aos meus OUVIDOS,
que o amor que existe em nós
já tem frutos conhecidos.
Está vendo, meu amor,
aquela ESTRELA a piscar?
Ela espanta minha dor
porque brilha em teu olhar.
Fonte:
MOTTA, Sílvia Araújo. A Trova e o Trovador. 2ª ed. Belo Horizonte, MG: 2010.
Publicação:
http://vendavaldasletras.wordpress.com/category/minas-gerais-em-trovas/