-
Enviado em 26 de jan de 2011
Antes
de "Pelo Telefone" (apenas a música) ser registrado na Biblioteca
Nacional, em 1916, por Ernesto Maria dos Santos (Donga) com o gênero de
"samba", pelo menos dois outros sambas já haviam sido gravados: "Em casa
de baiana" (Alfredo Carlos Brício, 1913) e "A viola está magoada"
(Baiano, 1914). "Pelo Telefone", entretanto, fez mais sucesso e fixou o
nome "samba" como um dos gêneros centrais da música popular urbana no
Rio de Janeiro.
Na realidade, o que se cantava nas casas das tias baianas, como Ciata, eram lembranças de festas nordestinas, intercaladas com improvisos de momento, verdadeiras colchas de retalho melódicas. Quase nada tinham em comum com o que hoje conhecemos como samba.
O mote que deu origem à letra cantada por Bahiano e fixada em cera na Casa Edison, em 1916, dizia respeito à polêmica proibição dos jogos de azar pelo chefe de polícia Belizário Távora ocorrida três anos antes e à cobertura jornalística dada ao caso pelo jornal A Noite, cuja redação estava localizada no Largo da Carioca. Dois repórteres instalaram uma roleta na calçada em frente à porta do jornal e documentaram a jogatina, com intuito de desmoralizar a nova lei.
Não só os jogos de azar eram perseguidos pela polícia. Manifestações populares, sobretudo as dos ex-escravos e seus descendentes, sofriam o mesmo tipo de repressão, conforme o documento datado de 25 de setembro de 1918, assinado pelo então chefe de polícia Aurelino Leal:
"Providências para a Festa da Penha. Uma força da Brigada Policial composta por 10 praças de infantaria e 6 de cavalaria seguindo uma outra de 30 praças de infantaria e 20 de cavalaria. Recomendo-vos, outrossim, que absolutamente não permitais o divertimento denominado "Samba", visto que tal diversão tem sido a causa de discórdias e conflitos." (Arquivo Nacional, Ijj6-678)
Fontes: A Síncope das Ideias, de Marcos Napolitano (Perseu Abramo, 2007). Samba de Sambar do Estácio, de Humberto Franceschi (IMS, 2010).
Na realidade, o que se cantava nas casas das tias baianas, como Ciata, eram lembranças de festas nordestinas, intercaladas com improvisos de momento, verdadeiras colchas de retalho melódicas. Quase nada tinham em comum com o que hoje conhecemos como samba.
O mote que deu origem à letra cantada por Bahiano e fixada em cera na Casa Edison, em 1916, dizia respeito à polêmica proibição dos jogos de azar pelo chefe de polícia Belizário Távora ocorrida três anos antes e à cobertura jornalística dada ao caso pelo jornal A Noite, cuja redação estava localizada no Largo da Carioca. Dois repórteres instalaram uma roleta na calçada em frente à porta do jornal e documentaram a jogatina, com intuito de desmoralizar a nova lei.
Não só os jogos de azar eram perseguidos pela polícia. Manifestações populares, sobretudo as dos ex-escravos e seus descendentes, sofriam o mesmo tipo de repressão, conforme o documento datado de 25 de setembro de 1918, assinado pelo então chefe de polícia Aurelino Leal:
"Providências para a Festa da Penha. Uma força da Brigada Policial composta por 10 praças de infantaria e 6 de cavalaria seguindo uma outra de 30 praças de infantaria e 20 de cavalaria. Recomendo-vos, outrossim, que absolutamente não permitais o divertimento denominado "Samba", visto que tal diversão tem sido a causa de discórdias e conflitos." (Arquivo Nacional, Ijj6-678)
Fontes: A Síncope das Ideias, de Marcos Napolitano (Perseu Abramo, 2007). Samba de Sambar do Estácio, de Humberto Franceschi (IMS, 2010).
Nenhum comentário:
Postar um comentário