TROVADORA
SILVIA ARAUJO MOTTA-BH-MG-BRASIL
Que
pena ver passarinhos,
em seu lar,
engaiolados…
Cantam SAUDADES dos
ninhos
dos áureos tempos
passados.
Nunca mais vou te
esquecer!
Perfumaste meu
CAMINHO,
pois, fizeste
renascer
a flor do lençol de
linho.
Naquele LENÇOL de
linho
ficou o perfume do
amor,
das carícias, do
carinho,
da saudade, flor da
dor.
Se você não posso
ter
guardarei o seu
PERFUME
na flor que posso
colher
pra não perder o
costume.
A SAUDADE
perfumada
na estrada que não
conheço
vem da flor
apaixonada
dos lençóis que não
esqueço.
Na estrada que já
conheço
tem perfume de
SAUDADE,
pois teu amor não
mereço:
-Só uma sincera
amizade.
A SAUDADE de um
amor
sempre vem e nos
tira a paz
e o bichinho desta
dor
faz coçar, ferida
traz.
Sei que a SAUDADE
não mata,
mas sei do que ela
é capaz,
traz dor quando o amor
desata
e ao roer, ferida
faz.
Sei que a SAUDADE
incomoda
e até parece
infinita
mas quando o amor
volta,
a roda gira feliz,
é bendita.
SAUDADE traz à
presença
alguém que já foi
embora,
tristeza leva à
descrença,
por isso, nossa
alma chora.
Quando a tristeza
me invade
ponho o sonho no
barquinho
canto o fado da
SAUDADE
e espero o mar de
carinho.
Saudade não tem
idade…
na criança ou
mocidade,
só guarda
felicidade
e vem na
MATURIDADE.
Temos muito que
fazer
para conquistar o
amor…
mas difícil é
concorrer
com quem só tem
DESAMOR.
Só quem teve bons
momentos,
diz o adágio
popular,
tem SAUDADE e, em
pensamentos,
sofre sem poder
falar.
No teu JARDIM do
prazer
plantei sementes de
amor,
mas hoje quero
esquecer
a saudade até da
flor.
Palavras joguei ao
VENTO…
Estão a chorar no
espaço!
-Vou buscá-las! Não aguento
ficar sem laço e
abraço!
O AMOR põe sonhos
reais
nas asas
inquebrantáveis
não se preocupa com
os ais,
nem com rimas
mensuráveis.
O café com RAPADURA
tem dos médicos
receita,
porque tristeza ele
cura
se é dado à pessoa
eleita.
Eu quis tanto ser
feliz…
que uso máscara de
Rei…
mas o CARNAVAL me
diz,
que em mim, valor
eu não dei.
O mundo dá tantas
voltas,
é pontual numa
esfera;
No verão não tem
escoltas,
traz SAUDADES da
galera.
Outono do Amor?
SAUDADE:
dos prazeres, daS delícias…
Inverno?
Infelicidade:
só por falta das
carícias,
Vivemos juntos a
aliança
de um perfeito
CASAMENTO,
mas nasceu outra
criança
só da amante…Não aguento!
Autocrítica me
alcança,
bom senso, no
pensamento:
-SAUDADE sem
esperança,
já não permite
lamento
Vou viver sem meu
amor,
porque agora só me
resta,
esperar passar a dor
que sofri “naquela
festa.”
Trago a lembrança
caiada
que deu-me a paz
esperada,
mas no SEPULCRO,
adornada
a alma vive
atormentada.
A esperança chega e
canta
o que o amor quer
ouvir,
na paixão que
faz-de-conta
faz o CORAÇÃO
sorrir.
Toda FLOR marca a
presença
de uma ternura sem
par
e carrega a antiga
crença
do amor que se quer
doar.
A solidão
passo-a-passo
vai deixando-me
tristonho…
já não sei mais o
que faço
para ativar o meu
SONHO.
Ninguém sabe quem
tu és,
nem que te faço
RAINHA,
quando vou aos
Cabarés
por curto tempo…só
minha.
As FLORES da nossa
casa
murcharam, sem
primazia;
a saudade vem e me
arrasa
ao ver a jarra
vazia.
As perdidas
ESPERANÇAS
renascem a cada
dia
porque recolho as
lembranças
e delas faço
poesia.
Eu sinto com tua
voz,
a falar aos meus
OUVIDOS,
que o amor que
existe em nós
já tem frutos
conhecidos.
Está vendo, meu
amor,
aquela ESTRELA a
piscar?
Ela espanta minha
dor
porque brilha em
teu olhar.
Fonte:
MOTTA,
Sílvia Araújo. A Trova e o Trovador. 2ª ed. Belo Horizonte, MG: 2010.
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