quarta-feira, 22 de maio de 2019

TROVAS TEMA SAUDADE-POR SILVIA ARAÚJO MOTTA-BH-MG-BRASIL

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TROVADORA SILVIA ARAUJO MOTTA-BH-MG-BRASIL


Que pena ver passarinhos, 
em seu lar, engaiolados… 
Cantam SAUDADES dos ninhos 
dos áureos tempos passados. 


Nunca mais vou te esquecer! 
Perfumaste meu CAMINHO, 
pois, fizeste renascer 
a flor do lençol de linho. 


Naquele LENÇOL de linho 
ficou o perfume do amor, 
das carícias, do carinho, 
da saudade, flor da dor. 


Se você não posso ter 
guardarei o seu PERFUME 
na flor que posso colher 
pra não perder o costume. 


A SAUDADE perfumada 
na estrada que não conheço 
vem da flor apaixonada 
dos lençóis que não esqueço. 


Na estrada que já conheço 
tem perfume de SAUDADE, 
pois teu amor não mereço: 
-Só uma sincera amizade. 


A SAUDADE de um amor 
sempre vem e nos tira a paz 
e o bichinho desta dor 
faz coçar, ferida traz.


Sei que a SAUDADE não mata, 
mas sei do que ela é capaz,
traz dor quando o amor desata 
e ao roer, ferida faz. 


Sei que a SAUDADE incomoda 
e até parece infinita 
mas quando o amor volta, 
a roda gira feliz, é bendita. 


SAUDADE traz à presença 
alguém que já foi embora, 
tristeza leva à descrença, 
por isso, nossa alma chora. 


Quando a tristeza me invade 
ponho o sonho no barquinho 
canto o fado da SAUDADE 
e espero o mar de carinho. 


Saudade não tem idade… 
na criança ou mocidade, 
só guarda felicidade 
e vem na MATURIDADE. 


Temos muito que fazer 
para conquistar o amor… 
mas difícil é concorrer 
com quem só tem DESAMOR. 


Só quem teve bons momentos, 
diz o adágio popular, 
tem SAUDADE e, em pensamentos, 
sofre sem poder falar. 


No teu JARDIM do prazer 
plantei sementes de amor, 
mas hoje quero esquecer 
a saudade até da flor. 


Palavras joguei ao VENTO… 
Estão a chorar no espaço! 
-Vou buscá-las! Não aguento 
ficar sem laço e abraço! 


O AMOR põe sonhos reais 
nas asas inquebrantáveis 
não se preocupa com os ais, 
nem com rimas mensuráveis. 


O café com RAPADURA
tem dos médicos receita, 
porque tristeza ele cura 
se é dado à pessoa eleita. 


Eu quis tanto ser feliz… 
que uso máscara de Rei… 
mas o CARNAVAL me diz, 
que em mim, valor eu não dei. 


O mundo dá tantas voltas, 
é pontual numa esfera; 
No verão não tem escoltas, 
traz SAUDADES da galera. 


Outono do Amor? SAUDADE: 
dos prazeres, daS delícias… 
Inverno? Infelicidade: 
só por falta das carícias, 


Vivemos juntos a aliança 
de um perfeito CASAMENTO, 
mas nasceu outra criança 
só da amante…Não aguento! 


Autocrítica me alcança, 
bom senso, no pensamento: 
-SAUDADE sem esperança, 
já não permite lamento 


Vou viver sem meu amor, 
porque agora só me resta, 
esperar passar a dor 
que sofri “naquela festa.” 


Trago a lembrança caiada
que deu-me a paz esperada,
mas no SEPULCRO, adornada
a alma vive atormentada.


A esperança chega e canta 
o que o amor quer ouvir, 
na paixão que faz-de-conta 
faz o CORAÇÃO sorrir. 


Toda FLOR marca a presença 
de uma ternura sem par 
e carrega a antiga crença 
do amor que se quer doar. 


A solidão passo-a-passo 
vai deixando-me tristonho… 
já não sei mais o que faço 
para ativar o meu SONHO. 


Ninguém sabe quem tu és, 
nem que te faço RAINHA, 
quando vou aos Cabarés 
por curto tempo…só minha. 


As FLORES da nossa casa 
murcharam, sem primazia; 
a saudade vem e me arrasa 
ao ver a jarra vazia. 


As perdidas ESPERANÇAS 
renascem a cada dia 
porque recolho as lembranças 
e delas faço poesia. 


Eu sinto com tua voz, 
a falar aos meus OUVIDOS, 
que o amor que existe em nós 
já tem frutos conhecidos. 


Está vendo, meu amor, 
aquela ESTRELA a piscar? 
Ela espanta minha dor 
porque brilha em teu olhar.


Fonte:
MOTTA, Sílvia Araújo. A Trova e o Trovador. 2ª ed. Belo Horizonte, MG: 2010.
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