CRÔNICA:
CORONAVIRUS! → Sinal Vermelho
Klinger Sobreira de Almeida*
De repente, eclode e avança numa superpopulosa cidade chinesa – Wuhan, 11.08 milhões/habitantes – um inimigo desconhecido do mundo médico-científico: o CORONAVIRUS.
Uma avalanche que, gradual e impiedosamente, vai se alastrando por outras regiões: Itália, Espanha, França, EEUU, Japão, Índia, Irã, Brasil... Ninguém escapa! Todos na vala comum, em defesa, diante do ataque!
A Organização Mundial de Saúde-OMS classifica a epidemia num quadro de pandemia. Orienta e emite diretrizes de isolamento da população e trancamento de serviços não essenciais e entretenimentos, o que implica em frenagem temporária de determinadas atividades econômicas.
Apesar do estupendo avanço da ciência e do decorrente conhecimento tecnológico, com todas suas implicações econômicas, sociais e culturais, esse ataque, impetuoso e sem tréguas, recomendaria uma profunda reflexão de toda a humanidade.
O que fazemos com a vida do planeta?
Infestamos rios e mares com bilhões de toneladas de lixo e poluição. Devastamos as reservas florestais e empobrecemos o solo com os incêndios propositais e desatinados. Eliminamos a fauna fluvial, marinha e terrestre. Erguemos fábricas e manipulamos instrumentos que concorrem para a criminoso envenenamento atmosférico. Rompemos, visceral e velozmente, o equilíbrio ecológico. Contínua destruição!
Se somos todos irmãos, originários de uma única fonte de vida, o que fazemos na seara da fraternidade?
Compartimentamos a humanidade na prática do egoísmo sem limites: no topo, pequenos nichos dos aproveitadores das benesses terrestres, a minoria que desfruta riquezas incomensuráveis; abaixo, camadas menos afortunadas que, despencando, se espraiam em pobreza e miserabilidade. Aniquilamos a natureza, e erigimos o modus operandi do comércio ganancioso, da corrupção... Consagração da Injustiça Social!
Se, de um lado, inviabilizamos as possibilidades do porvir planetário, de outro, ignoramos, sistematicamente, o sentimento de fraternidade. O próximo, se não for da minha grei, que se dane!
Uma assertiva é incontrastável: a humanidade, nesses últimos milênios, deu um majestoso voo ascensional em conhecimento, porém, ainda rasteja no nível de ordem moral. Prevalecem as condutas insanas e destrutivas, inebriadas pela ilusão de que o gozo é eterno. Há, no entanto, honrosas e nobres exceções: uma minoria que tenta reverter a caminhada suicida. Atua, clama e agita, mas em vão. O apelo, quando não ignorado, costuma ser motivo de perseguição, ou ridicularizado.
As forças cósmicas – nos segredos do infinito – têm dado sinais de alerta: frequentes desastres naturais, tsunamis, inversão do clima, derretimento das geleiras... Epidemias inopinadas, de gênese misteriosa, acarretam temor e perplexidade coletiva. O CORONAVIRUS, agente invisível, de abrangência e velocidade nunca antes vista, que, agora, nos assola, constitui o ápice. Sinal Vermelho!
O planeta caminha célere para o fim. Hora de parada! Alargar as mentes! Há possibilidade de reversão; deixar a terra por herança aos nossos descendentes.
Do topo à base, embora alguns grupos persistam nas trevas do mal, constata-se um despertar para as grandezas inatas à Alma Humana: Coragem, Solidariedade, Altruísmo, Generosidade, Benevolência... Dos esconsos, emerge a fraternidade!
Se sairmos dessa – e sairemos! – que tal, na hora em que se assentar a poeira, uma pausa de interiorização. Reconhecer a fugacidade da vida, que nos permite levar, no inexorável retorno à pátria espiritual, tão somente o acervo dos valores éticos/morais.
Uma profunda reflexão – individual e coletiva – certamente fará com que, doravante, adotemos, como eixo de nossas atitudes, a trilogia divina: Amor, Sabedoria e Fortaleza. As potências da Alma nos ensejam esta alternativa da salvação.
AMOR – Força regente do universo – Luz de todas as virtudes. Apagada em muitos, é a manifestação pujante da Lei Maior. Descobri-la e acendê-la depende de cada um. Vide a ensinança exuberante de Cristo (Mateus 22:37-40).
SABEDORIA – Resultante da interação da Inteligência – inata à Alma – com a Luz do Amor. Decisões sábias conduzem ao bem. A Inteligência, afastada do Amor, engendra o mal e conduz aos abismos.
FORTALEZA – Consiste na resistência do livre-arbítrio aos acenos que levam o homem aos caminhos equivocados que o egoísmo direciona. A travessia terrena, curta e efêmera, implica numa roda viva de atrações ilusórias: vida longa, poder, glória, prazeres, riqueza... Tentações resistíveis pela força interior que nos anima.
*Militar Veterano – Membro da Academia de Letras JGR/PMMG
Crônica 02 da série O Cotidiano – 29Mar20