7106-INSENSIBILIDADE
MORAL E SOCIAL
-
Soneto
sociocultural nº 7106-Noneto nº 177
Por
Silvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil
Interação
com Klinger Sobreira de Almeida
-
O
presidente Trump foi insensível
com
brasileiros plenos de esperança,
mas
Nação rica deu-lhes troco incrível:
_Deportação
cruel, sem ter aliança.
-
Humilhação
ao mundo, bem visível;
também
aqui, o peso na balança:
_No
Aeroporto, um lanche foi possível...
A
frustração doeu, deixou lembrança.
-
Entre
os Governos viram grande abismo;
o
desrespeito feito, com clareza!
Seiscentas
faces! Provas do egoísmo.
-
A
Caridade sempre traz franquia;
Conduta
humana só deixou tristeza:
_Faltou
apoio de uma Estrela-Guia.
-
Belo
Horizonte, 17 de março de 2020
https://www.recantodasletras.com.br/autores/silviaraujomotta
-
INSENSIBILIDADE MORAL E
SOCIAL
Klinger Sobreira de Almeida*
Na linha da ensinança espiritualista,
visualizamos a Terra como uma morada de estágio ainda bem inferior. As Almas
que aqui aportam, em passagem de provas e resgates ao longo do voo cósmico, acham-se,
maioria absoluta, não obstante notável avanço em conhecimento, vivenciando um
baixo nível consciencial (ordem moral).
Essa situação de inferioridade moral
explica-se porque o “Egoísmo”, raiz de todos os males, é o eixo que conduz a
atitude de grande parte das lideranças políticas, empresariais, administrativas,
sindicais etc. São espíritos voltados para o abuso do poder em todos os
sentidos, exclusão e opressão dos povos periféricos, imposição pelo poder das
armas, apropriação até à degradação dos bens naturais, corrupção, extorsão...
A humanidade gira entorno de 7,8 bilhões
de habitantes. O mapeamento dessa população, do ponto de vista econômico-social,
é paradoxal. 10% são detentores de 50% da riqueza mundial; a outra metade, para
90%, onde sobressai a miséria absoluta e a pobreza. Império da Injustiça Social,
onde o Brasil ocupa posição de destaque: 2º
colocado.1% mais rico concentra 28,3% da renda total do país. Somos exuberantes
em desigualdade, corrupção política, desemprego, analfabetismo etc...
Nesse contexto de um país
com uma considerável massa jogada na periferia da inacessibilidade social,
educacional e econômica, examinemos a questão aflitiva dos brasileiros deportados
em série pelo governante dos EEUU nos últimos 7 meses: cerca de 600 entre
homens, mulheres e crianças. E outros virão!
Esses migrantes ilegais
seguiram a trilha da esperança: busca de uma nação onde pudessem trabalhar e
construir um patrimônio, pois a pátria cortou-lhes todas as possibilidades de
ascensão. Foram corajosos, mas insensatos. Partiram para uma aventura com
riscos imprevisíveis. Muitos, não mortos no caminho, conseguiram chegar, grande
parte levando família. Contudo, caíram na teia de um governo (Trump) cruel,
curto em sensibilidade humana – estadista de baixo nível consciencial.
Na queda em território
americano, o país mais rico do mundo, receberam tratamento abjeto: presos e
recolhidos em enxovias, humilhados e tratados como cães pestilentos. Apesar da
repressão virulenta, havia a possibilidade de aproveitamento desses
trabalhadores, por interferência judicial e ação política de uma considerável
falange de americanos contrários a essas práticas desumanas.
Nesse interregno, o novo
governante brasileiro, por similaridade ideológica, abriu-se ao Presidente
Trump e pactuou a deportação pura e simples de seus concidadãos. Estes, nos últimos
meses, foram lançados em aviões com a roupa do corpo e largados no Aeroporto de
Confins, onde desceram, alguns famintos, outros sem nada, e moradores em
cidades ou estados distantes.
Infelizes da aventura,
que lhes ensejou conhecer a face cruel de uma nação rica, certamente esperavam,
no retorno à pátria, em situação desfavorável, uma recepção com o mínimo de
dignidade. Não! Tal não aconteceu. Apenas a concessionária do aeroporto, em
gesto de misericórdia, forneceu-lhes um lanche. Assistência Social do governo,
nenhuma! Estas pessoas, frustradas, guardarão sérios ressentimentos da pátria. Se
lá fora receberam humilhações, aqui tiveram a recepção fria, inadequada e, não
raro, zombeteira nos pronunciamentos públicos.
Independente do viés
ideológico, é dever do ser humano praticar a Caridade. Paulo de Tarso, há 2.000
anos, em sua Primeira Epístola aos Coríntios (13-1:13) ensina aos que se dizem
Cristãos o que é Caridade. E sua lição é reprisada por muitos mestres. Emmet
Fox, na epígrafe de O Portal Áureo, enuncia: “Deus é caridade; assim aquele que permanece na caridade permanece em
Deus, e Deus, nele. ” Respondendo a Alan Kardec, o Espirito da Verdade
define a Caridade com uma clareza meridiana: “Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições
alheias, perdão das ofensas” (Questão 886 - O Livro dos Espíritos).
O que se assiste nesses
vergonhosos episódios de deportação consentida entre governos – pacto sem
nenhuma cláusula de respeito à dignidade do ser humano – é um espetáculo de
insensibilidade moral e social.
Governantes, que se
arrotam Cristãos, olvidam a Estrela-Guia da conduta humana: CARIDADE.
* Militar Reformado -
Membro da Academia de Letras JGR/PMMG
Crônica da série O
COTIDIANO/BH – 17Mar2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário