sábado, 14 de abril de 2018

SONETO À VERDADE:59-ÁGUA É VIDA - Noneto-Poético Nº 103-Soneto nº 6.658 Interação com Klinger Sobreira de Almeida Por Silvia Araújo Motta/BH/Brasil

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SONETO À VERDADE:59-ÁGUA É VIDA
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Noneto-Poético Nº 103-Soneto nº 6.658
Interação com Klinger Sobreira de Almeida
Por Silvia Araújo Motta/BH/Brasil
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Tema complexo, basta só pensar!
Água salgada é farta em sua essência,
mas água doce pode sim, faltar;
essa ameaça aflora, com frequência.
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No Continente pode-se provar
que a escassez requer melhor gerência;
se a natureza, a fonte faz jorrar,
descaso humano vem gerir carência.
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O desperdício está ligado ao Ser,
com inadequado uso em toda idade.
Crise virá e o mundo vai sofrer.
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A sede mata; traz razão vencida,
incontestável! Útil, é verdade...
-Não se discute:_Água pura é Vida.
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Belo Horizonte, Minas Gerais, abril, 2018
https://academiadeletrasdobrasildeminasgerais.blogspot.com.br/2018/04/soneto-verdade59-agua-e-vida-noneto.html
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(*)Soneto-Clássico-sáfico-heroico; com sílabas fortes na 4ª, 6ª, 8ª e 10ª sílabas - Rimas: ABAB, ABAB, CDC, EDE; Noneto com 9 solos: jogral-teatral-toante-cantante-poético: CORO:Rimas: AACEE-somente uma voz com apenas 5 instrumentos musicais . SOLOS: Rimas: BAB-BAB-DC-D-9 vozes acompanhadas por solos de instrumentos musicais. (Noneto musical criado por Villa Lobos). (Noneto poético recriado por Silvia Araújo Motta). Mensagem conclusiva no 14º Verso (Último do segundo terceto). Email:clubedalinguaport@gmail.com
https://www.recantodasletras.com.br/sonetos/6308499

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MENSAGEM DO PRESIDENTE



Prezados confrades e confreiras,

De 18 a 23 de março p. passado, realizou-se em Brasília, o 8º Fórum Mundial da Água, encontro trienal que pretende conscientizar as nações sobre a questão da escassez desse bem precioso à vida, que já vem ocorrendo com certa intensidade, inclusive no Brasil.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Associação Mundial para a Água vêm estudando o problema e alertando os governos para sua gravidade. A escassez de água comprometerá, inevitavelmente, a vida no planeta.

A realização do 8º Fórum agitou a imprensa mundial e, em especial, a brasileira, que, acompanhando os temas do encontro, foi farta em desnudar a gravidade da ação predatória das reservas doces de superfície e dos aquíferos.

Os assuntos tratados e ventilados à saciedade durante o fórum comportariam um extenso livro. Certamente, nossos políticos (os que nos governam), as empresas e entidades foram sensibilizados. É o que esperamos!

Teilhard de Chardin  - cientista, filósofo e religioso – numa de suas monumentais palestras na década de 1940, dizia que o dom da reflexão, inerente ao homem, acarreta por si mesmo duas temíveis propriedades: “a percepção do possível e a percepção do futuro”.

O que acontecerá com as fontes de água? Se a irresponsabilidade continuar no trato com a água, qual o futuro reservado aos nossos descendentes?
Entendemos de bom alvitre, dentro do modelo sintético que adotamos na série Rastreando a Verdade, abordar a questão fundamental para o futuro da humanidade, porquanto a ninguém é dado ignorá-lo. Eis o tema LIX: ÁGUA→É Vida.

Se alguém se interessar, ou sensibilizar-se, a literatura é vasta.

Saudações Rosianas,

Klinger Sobreira de Almeida – Cel. QOR
Presidente Academia de Letras João Guimarães Rosa/PMMG
Membro Correspondente Academia Valadarense de Letras
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Rastreamento da Verdade(LIX)
ÁGUA→É Vida
“Milhares viveram sem amor, mas ninguém jamais viveu sem água.”(Auden)
O poeta anglo-americano, no seu lirismo, enunciou uma verdade cediça.
Ao se perscrutar os planetas distantes a milênios de anos-luz, o primeiro indício de vida é a água. Se não há água, não se cogita de vida.  
A água ensejou o surgimento da vida na Terra, que contém 1.400 bilhões kmdo bem: 96,5%, salgada; 1,7%, geleiras; 1,68%, subterrâneas; 0,013%, lagos e rios.
Na ótica mundial, a água é abundante. Seu estoque, renovável e estável. Prima facie, não se corre o risco de esgotamento. As fontes de água aproveitável, fundamental à atividade agropastoril, industrial e consumo, estão adstritas a fatores naturais ou engendrados pela conduta humana – ditada ora pela irresponsabilidade, ora pela ignorância, ora pela ganância... E a escassez aflora com frequência!
Um fator primal: a desigual distribuição geográfica das fontes. Há regiões, no Oriente Médio e Oceania, plenas em carência, que recorrem ao custoso modus operandi da dessalinização. Outro: as ondulações climáticas que provocam prolongadas secas.
Todavia, o fator mor é o baixo nível consciencial da maioria humana. De um lado, a omissão ou despreparo de grande parte dos governantes: miopia administrativa, demagogia, quando não a escancarada corrupção. De outra parte, a atuação predatória individual, coletiva, empresarial... Acresce-se a isto, o desperdício generalizado provocado pelo sentimento da fartura aliado à gratuidade, ou quase, no uso.
Tema complexo! Tão somente uma análise local - o Brasil - que, do potencial de água superficial doce, detém 13%, em contraste com seu percentual de população mundial: 3%. Desse imenso volume, estudos indicam o destino da água utilizável para consumo: 67%, agricultura; 11%, pecuária; 9,5%, indústria; 8,8%, abastecimento urbano; 2,4%, abastecimento rural; 0,8%, mineração; 0,3%, termoelétricas.
Teremos crise de abastecimento de água no Brasil? Teremos, não! Já temos sérias crises que tendem ao agravamento. Grandes cidades, como São Paulo, Brasília e outras, estão sob constante ameaça de racionamento. Por quê?
(1) distribuição: 81% disponibilidade hídrica concentra-se na Amazônia;
(2) desperdício sistemático: deseducação do topo às bases;
(3) poluição: uso indiscriminado de pesticidas, herbicidas, fungicidas etc; além disso, a volúpia do lucro acarreta atividades perigosas sem cautelas de proteção (vide desastre ecológicos nos rios e mares – v.g, rompimento barragem Mariana).
(4) ausência de saneamento: lançamento direto de esgotos em rios e lagos;
(5) descuido secular: despojamento das matas ciliares nas nascentes e cursos d´água (v.g, Rio São Francisco, castigado pelo desmatamento de 98% de suas margens e poluição incessante, tem hoje metade do volume d’água de trinta anos atrás).
 Paradoxalmente, apesar da abundância – superfície e aquíferos – o Brasil sofre e caminha ao padecimento da escassez. Salvo poucas nações, não estamos sozinhos nessa irresponsabilidade/ignorância/ganância.
Se ÁGUA É VIDA – verdade incontestável – o proceder do passado, seguido hoje, dará uma entrega terrível aos nossos descendentes. Despertemo-nos!

Klinger Sobreira de Almeida – Mil. Ref/Membro ALJGR/PMMG



sexta-feira, 13 de abril de 2018

ALJGR-PMMG CELEBRA 100 ANOS DE NASCIMENTO DO CAP. GERALDO WALTER DA CUNHA--In memoriam-12 abril-2018





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ORAÇÃO EM HOMENAGEM PÓSTUMA AO CAPITÃO GERALDO WALTER DA CUNHA POR OCASIÃO DO CENTENÁRIO DE SEU NASCIMENTO

         Senhoras e senhores, bom dia!
         A fim de homenagear “in memoriam” o capitão GERALDO WALTER DA CUNHA, um dos mais expressivos intelectuais da Polícia Militar em todos os tempos aqui, na casa de saberes da Policia Militar, reúnem-se nesta manhã a Academia da Polícia Militar, a Academia de Letras João Guimarães Rosa, ilustres convidados e, para honra nossa, familiares do homenageado.
         Devo, neste preâmbulo, agradecer ao confrade e presidente do Sodalício Rosiano, coronel Klinger Sobreira de Almeida, por ter declinado de seu discurso e convidado a este modesto escriba para proferir a oração de homenagem póstuma ao capitão Geraldo Walter da Cunha, patrono da cadeira areopagítica número 8, a qual tenho a honra de ocupar.
Especialmente aos futuros comandantes da Polícia Militar _ hoje compondo seu mais qualificado corpo discente _ devo informar que a Academia de Letras João Guimarães Rosa da Polícia Militar de Minas Gerais foi fundada em 21 de agosto de 1995 e instalada em 5 de outubro do mesmo ano.
É uma entidade sem fins lucrativos.
O capitão médico João Guimarães Rosa é seu Patrono-Príncipe e ornamenta sua cadeira número um.
As cadeiras podem ser ocupadas também por escritores civis, desde que sejam cônjuges ou filhos de militares estaduais e se destaquem no mundo cultural ou científico com obras de reconhecido valor. São ocupadas majoritariamente por intelectuais militares estaduais mineiros de todos os postos e de todas graduações (do soldado ao coronel) com a finalidade de preservar e desenvolver a cultura por meio da pesquisa e de estudos: da história, dos princípios doutrinários, de personalidades e de temas relacionados aos objetivos institucionais das organizações militares mineiras.

Brevis esto... et placebis
(Sê breve e agradarás).

Conforme se pode perceber do preâmbulo desta oração, a Academia de Letras é composta por idealistas. Cabe, então a indagação, o quê são os ideais?
Ideais incluem na essência de seu conceito um atributo: hão de ser inatingíveis! Os ideais definem os que os homens buscam. Jamais o que possuem. Os ideais partem daquilo que a sociedade é, mas extrapolam para o que ela deveria ser.
         A Polícia Militar é, nos termos do inciso I do artigo 142 da Constituição do Estado de Minas Gerais, a “polícia ostensiva de prevenção criminal”. É, portanto, a corporação dos idealistas mineiros. Isso nos permite e a todos nós incentiva a sonhar utopias. Continuemos, pois, à maneira do capitão Geraldo Walter da Cunha, a buscar uma sociedade mais harmônica e justa e a caminhar num esforço de transformar ideias em realidade.

         GERALDO WALTER DA CUNHA, filho de José Alves da Cunha e Maria Clotildes da Cunha, conheceu a luz no dia 6 de fevereiro de 1918.
A cidade em que nasceu _ Visconde do Rio Branco, em Minas Gerais _ na qual hoje há uma rua com o nome “Rua capitão Geraldo Walter da Cunha”, foi palco de estripulias e folguedos próprios de crianças sadias. Há 18 anos (no ano 2000) entrevistei sua viúva, dona Maria José (que, há alguns anos, também já deixou este plano terreno).
Ela segredou-me que Geraldo Walter tinha sido um menino “muito levado”... de fato, a dona Maria Clotildes só tinha sossego quando o mesmo se encontrava na escola, na quadra de Basquetebol (de cujo esporte foi um ótimo atleta), ou quando se debruçava sobre os livros, os quais, muito cedo, aprendera a amar.
Estudou no Grupo Escolar Visconde do Rio Branco, onde se iniciou no domínio das letras e se despertou para o prazer de escrever.
Ingressou na Polícia Militar em 15 de outubro de 1935, sentando praça no 2.º Batalhão de Infantaria (Hoje 2.º Batalhão de Polícia Militar em Juiz de Fora).
Sua dedicação aos estudos e seu acendrado amor às letras saltavam às vistas, através dos resultados que obtinha, fortalecendo cada vez mais a admiração e o respeito que recebia de seus pares, de seus subordinados e de seus superiores.
Diplomou-se nos seguintes cursos da Polícia Militar:
- em 1938, Curso de Formação de Cabos. Classificação: 1.º lugar;
- em 1942, Curso de Formação de Sargentos. Classificação: 1.º lugar;
- em 1946, Curso de Formação de Oficiais. Classificação: 1.º lugar.
Esses resultados são absolutamente singulares na Polícia Militar, quando assim centralizados consecutivamente em um só indivíduo!
Sua carreira constituiu-se das seguintes graduações e dos seguintes postos:
- cabo, em 1938;
- sargento, em 1942;
- aspirante, em 1946;
- 2.º tenente, em 1948;
- 1.º tenente, em 1951;
- capitão, em 1957.
Em 1948, frequentou o “Curso de Formação Social de Proteção à Criança”, preparando-se para melhor contribuir para o atendimento à infância e prevenir a delinquência juvenil, evitando ter de reprimi-la mais tarde.
Inspirava-se em Thomas Morus que, com sua obra “A Utopia”, alertara o rei Enrique VIII (no início do século XVI) a respeito dos cuidados que estavam sendo omitidos, em relação à infância, quanto à educação e à assistência social.
Afinal, ante a omissão daquele governo monárquico, aquele filósofo inglês escrevera:
Abandonais milhões de crianças aos estragos de uma educação viciosa e imoral. A corrupção emurchece à vossa vista essas jovens plantas, que poderiam florescer para a virtude; e vós as matais quando, tornadas homens, cometem os crimes que germinavam desde o berço em suas almas. E, no entanto, que é que fabricais? Ladrões, para ter o prazer de enforcá-los.”
         Ainda em 1948, o então tenente Geraldo Walter foi assistente de estatística no gabinete de Psicobiologia do Departamento de Instrução (D.I.), hoje Academia de Polícia Militar.
         Naquele período, oficiais da Polícia Militar eram nomeados como Delegados Especiais em várias cidades, nas quais acumulavam o comando dos respectivos Destacamentos com atividades típicas de Polícia Judiciária.
         Assim, em 1949, o tenente Geraldo Walter comandou o Pelotão de Fuzileiros no D.I. e, no mesmo ano,  foi nomeado Delegado Especial de Polícia de Itapecerica, subordinando-se a ele o comandante do Destacamento.
         Em 1950, foi nomeado Delegado Especial de Polícia de Pedro Leopoldo, em cujo cargo permaneceu até 1952.
         Em 1952, foi chefe da Seção de Inteligência (antiga S2) e instrutor de cursos no D.I.
         Em 1954, foi secretário do D.I. e, no mesmo ano, Delegado Especial de Polícia de Cambuquira.
         Em 1955, foi adjunto da secretaria do Gabinete do Comando-Geral da Polícia Militar e, em 1957, no posto de capitão, Delegado Especial de Polícia de Mantena.
         Geraldo Walter da Cunha jamais se esqueceu do início de sua própria carreira como soldado: procurava valorizar os subordinados, fazendo com que esses tivessem total assistência moral e material.
         Nas cidades nas quais atuou como delegado deixou para sempre na lembrança do povo a assistência que dava aos presos. Chegou a organizar “ceias de Natal” para presos, através de donativos da sociedade e contribuições de seu próprio bolso.
         Empenhava-se pessoalmente para conseguir atendimento médico, religioso e psicológico para aqueles desafortunados, por ser seu entendimento que aqueles homens deveriam ser recuperados para o retorno à sociedade livre.

         Em 26 de maio de 1948, em Belo Horizonte, Geraldo Walter se casou com a senhora Maria José Montresor da Cunha, com a qual teve os seguintes filhos: Gerval (1949), Gerson (1950), Gilton (1954) e Gláucia (1957).
         É espantoso o fenômeno da produtividade literária de Geraldo Walter, se considerarmos ter sido sua permanência entre nós tão efêmera e, nesse tempo, ainda ter sido tão envolvido nas atividades profissionais, as quais, seguidas vezes, o fizeram acumular as responsabilidades da polícia preventiva com as da polícia judiciária.
         Mas Geraldo Walter era, por vocação, um escritor.
         A maioria de nós, ao realizar uma viagem de trem, a resumiria nalgumas poucas palavras. Geraldo Walter não! Ao escrever a respeito de sua transferência de Juiz de Fora para Diamantina, em 1939, quando era soldado, desnuda os pensamentos que o envolviam, descreve as pessoas que lhe despertaram a atenção _ o sargento que também seguia no mesmo vagão, o jovem Alberto (um tísico terminal com o qual trava uma conversa), a moça que se parecia com uma prima, algumas mulheres de comportamento escandaloso... _ e, enfim, descreve até o cheiro de carvão e da fumaça do trem e, nesse seu modo de escrever, somos envolvidos num processo de empatia tão intenso que é quase como se estivéssemos naquele vagão.
         Escritor de contos e poemas, eis que a maioria de suas peças literárias são absolutamente desconhecidas da sociedade em geral.
         Embora também poeta, foi através de seus contos e de seus excelentes artigos em jornais da época que se tornou mais conhecido.
         Exibindo agradabilíssimo estilo próprio, o autor nos brinda com lições de vida, desfechos surpreendentes e citações que remontam aos clássicos da antiguidade grega.
Dois anos após sua morte, numa coletânea denominada “Gigantes e Pigmeus”, foi publicada uma parte de seus inúmeros contos.
         Essa publicação traz uma introdução que estava envolta num mistério, uma vez que foi subscrita apenas por “um amigo”.
         Quem teria sido esse “amigo”?
         Também naquela entrevista no ano 2000, a senhora Maria José me informou ter sido um gesto de modéstia de um dos fundadores e primeiro presidente da Academia de Letras João Guimarães Rosa, o coronel Ari Braz Lopes, de saudosa memória.
        
         O capitão Geraldo Walter da Cunha faleceu em 28 de julho de 1957, acometido de um mal não diagnosticado em tempo hábil.
         Talvez Geraldo tenha morrido porque adoecera quando se encontrava no interior de uma trincheira, na então denominada “Região do Contestado”, no desempenho de uma missão militar, firme em sua posição e acreditando que dali não poderia arredar pé... talvez tenha morrido porque somente foi examinado por um médico tardiamente quando, apesar de sua insistência em permanecer mesmo doente em seu posto de serviço, seus superiores determinaram que o mesmo fosse levado ao Hospital Militar... talvez Geraldo tenha morrido porque seria esse mesmo o seu destino. Como saber?
         Em 1935 fôra criada a "Biblioteca do Departamento de Instrução". Em reconhecimento ao mérito intelectual desse grande escritor, a Polícia Militar a rebatizou em 28/05/1958 como "Biblioteca capitão Geraldo Walter da Cunha".

         No diálogo “Fedro”, o filósofo Platão nos ensina:
         “(...) Quem se aproximar dos umbrais da arte poética, sem o delírio que as musas provocam, julgando que apenas pelo raciocínio será bom poeta, sê-lo-á imperfeito, pois que a obra poética inteligente se ofusca perante aquela que nasce do delírio”.

         Geraldo Walter foi também um poeta tocado pelas musas. Com sua família encontram-se poesias manuscritas em trechos de seu diário e, em maior abundância, num caderno sob o título “Sol de Inverno”.
Sua dedicada viúva (que já não se encontra mais entre nós), por motivos sentimentais, demonstrava muito mais querer guardar zelosamente os poemas de sua autoria, muitos desses dedicados a ela própria, do que dar-lhes publicidade em novos livros.
         Pude, porém, copiar uma dessas poesias, apresentadas classicamente em dois quartetos e dois tercetos, como sói acontecer nos sonetos.
Nesse soneto, Geraldo Walter apresenta-nos um poeta que, ilhado em sua mesa numa dessas madrugadas que somente os sentimentais conhecem, sente desesperadamente fugirem-se-lhe as rimas.
Não podendo alongar-me, mas no dever de evitar omitir-me, apresento-lhes este belo soneto, escrito que foi em 9 de novembro de 1941 pelo inspirado Geraldo Walter, com o qual homenageio a todos os presentes, aos familiares do grande intelectual, articulista, contista e poeta e, especialmente _ onde quer que ela se encontre _ à sua musa inspiradora, pessoa a quem o poeta dedicara seus emocionantes e emocionados versos, dona Maria José.  
ANGÚSTIA
Geraldo Walter da Cunha
Soaram doze horas... sobre a mesa,
Confundidos, papéis se amontoavam
E havia na sala uma tristeza,
Tão triste como as horas que passavam...

A caneta na mão, entre a incerteza
De saber os problemas que o assaltavam
O poeta quedou-se ante a surpresa
De ver fugindo as rimas, que lhe faltavam...

Quis pensar, novamente, em outros meios,
Em outra inspiração que lhe chegasse,
Em assuntos que a amores fossem alheios...

Veio, porém, a Alvorada rosicler.
E, para que a angústia terminasse,
Findou o verso... com um nome de mulher!

Vel taceas, vel meliora dic silentio.”
(Cala, ou fala coisa melhor do que o silêncio)


Obrigado pela generosa atenção e tenham todos um bom dia! 
                                            Cel. Altino Lagares Côrtes Costa


domingo, 1 de abril de 2018

6657-SONETO À VERDADE:58- INVESTIGAÇÃO POLICIAL - LVIII-Noneto-Poético Nº 102-Soneto nº 6.657 Interação com Klinger Sobreira de Almeida Por Silvia Araújo Motta/BH/Brasil

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6657-SONETO À VERDADE: 58-INVESTIGAÇÃO POLICIAL-LVIII
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Noneto-Poético Nº 102-Soneto nº 6.657
Interação com Klinger Sobreira de Almeida
Por Silvia Araújo Motta/BH/Brasil
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A violência cresce a cada dia!
Os homicídios causam dor mundial:
_A Marielle Franco já dizia
que defendia os simples, contra o mal.
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Foi morta a tiros; isto não devia!
Que covardia! Vi Tevê e Jornal!
Povo tem pressa, quer prisão! Seria
uma utopia? _Plano está ideal!
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Policial tem metas, quer resposta!
Com tirocínio enfrenta a luta armada!
A inteligência brilha em trilha oposta.
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Perseverança é chave áurea, em vida!
Em outros "caos" silêncio é cilada:
_Coronel Pedro viu missão cumprida!
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Belo Horizonte, Minas Gerais, abril, 2018
https://www.recantodasletras.com.br/sonetos/6297160
http://academiadeletrasdobrasildeminasgerais.blogspot.com.br/2018/04/6657-soneto-verdade-investigacao.html
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(*)Soneto-Clássico-sáfico-heroico; com sílabas fortes na 4ª, 6ª, 8ª e 10ª sílabas - Rimas: ABAB, ABAB, CDC, EDE; Noneto com 9 solos: jogral-teatral-toante-cantante-poético: CORO:Rimas: AACEE-somente uma voz com apenas 5 instrumentos musicais . SOLOS: Rimas: BAB-BAB-DC-D-9 vozes acompanhadas por solos de instrumentos musicais. (Noneto musical criado por Villa Lobos). (Noneto poético recriado por Silvia Araújo Motta). Mensagem conclusiva no 14º Verso (Último do segundo terceto). Email:clubedalinguaport@gmail.com
https://academiadeletrasdobrasildeminasgerais.blogspot.com.br/2018/04/6657-soneto-verdade-investigacao.html

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MENSAGEM DO CRONISTA

Caros Leitores,

No rastreamento da verdade, o tema LVIII adentra numa seara muito em voga: a Segurança Pública. Aborda, sinteticamente, uma de suas facetas – a Investigação Policial, e focaliza as premissas fundamentais que orientam sua condução rumo ao êxito.

O Brasil de hoje, atolado em crises, vive no bojo de uma legislação leniente e permissiva que favorece o crime em todas suas nuances. Quando a violência criminosa, sempre à socapa,  alcança alguém famoso ou um nicho de valores relevantes, o clamor público recrudesce. Querem que a polícia aponte, de imediato, o autor ou autores. As investigações leigas, os palpites, as especulações e as cobranças em manchetes  inflam o emocional da coletividade. Não obstante, até por experiência, nos alinhemos dentre aqueles que preconizam a inexistência de crime insolúvel, sabemos também que a investigação policial não caminha sob pressão. Aliás, esta, quando excessiva, exacerbada, atrapalha e perturba.

Saudações Rosianas,

Klinger Sobreira de Almeida – Cel. PM QOR
Presidente Academia de Letras João Guimarães Rosa/PMMG
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Rastreando a Verdade (LVIII)
INVESTIGAÇÃO POLICIAL
- Tirocínio↔Inteligência↔Perseverança
Em 14Mar18, fruto da violência carioca, mais um crime chocante. A Vereadora Marielle Franco foi covardemente abatida a tiros, juntamente com seu motorista. Líder popular, voz corajosa e tonitruante em prol dos oprimidos, e um futuro político promissor, sua morte abalou as camadas do bem, repercutiu mundialmente.
Na sequência, intensa pressão sobre governantes e polícia. O povo quer o imediato desvendamento do crime, a prisão e punição dos mandantes e executores. Dezenas de entidades, respaldadas pela atoarda da mídia, exigem resposta.
Não ocorreu um homicídio simples. Tudo indica que, por detrás, há um grupo que se sentia prejudicado, e temia a ação futura da líder popular. Então, segundo o raciocínio da organização do mal, a ameaça deveria ser eliminada enquanto embrionária. Certamente, o crime foi planejado e executado por profissionais.
Partindo dessa premissa, permito-me, como antigo profissional de polícia, algumas reflexões. De tenente a capitão, 60/70, atuei como Delegado Especial de Polícia e/ou de Capturas. Esclareci dezenas de crimes: homicídios, furtos, roubos, estelionatos... Tive mestres notáveis: um deles, que se situa no panteão dos grandes policiais brasileiros: o legendário “Cel. Pedro”, sobre o qual escrevi o livro de 800 páginas: UM CERTO DELEGADO DE CAPTURAS – O Romance de um Mito Herói.
Com o mestre Pedro, uma geração de policiais aprendeu: todo crime deixa vestígios que permitem desvendamento. A polícia investiga com discrição. Investigação é trabalho de “formiguinha”: inteligente, profundo e paciente. O investigador não deve ser pressionado por interessados, clamor público ou imprensa. Em crimes misteriosos, não há passe de mágica. Todo crime, por mais bem engendrado, deixa uma ou mais falhas - antes, durante ou depois: cabe ao investigador percuciente detectá-las e puxar o fio da meada. Não se fabrica criminoso. Eis uma síntese de ensinamentos!
Em 62, o Cel. Pedro, já aposentado, foi chamado para esclarecer a execução do Deputado Estadual, líder da oposição – Nacip Raydan – tocaiado em seu berço eleitoral: Santa Maria do Suaçuí. Ao assumir a investigação, foi claro à imprensa: vou elucidar o assassinato; colocar a mão nos mandantes e executores, mas não me cobrem resultado imediato; não me dobrarei a pressões. No decurso de oito meses, uma dezena de crimes misteriosos vieram à luz. Ao fim, o pistoleiro, intermediários e mandantes foram apontados, presos e processados criminalmente.
O estúpido assassinato de Marielle será, sem dúvida alguma, apurado. A Segurança Pública do Estado do Rio está sob intervenção federal. Um General, competente e firme, está organizando o “caos” e pondo  ordem no sistema. É questão de honra da polícia carioca apontar os planejadores e executores. Porém, a pressão da imprensa, com reflexos na opinião pública, cobrando e querendo prazos, ou criticando açodada e irresponsavelmente, pode desestabilizar a investigação.
No lado policial: Tirocínio↔Inteligência↔Perseverança. No outro lado - família, amigos, povo e imprensa: Confiança, Paciência e Esperança.
Klinger Sobreira de Almeida – Mil. Ref./Membro ALJGR/PMMG






TODA MÃE IDOSA DÁ RAZÃO AOS FILHOS - Homenagem-Acróstica Nº 6656 Por Silvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil

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TODA MÃE IDOSA DÁ RAZÃO AOS FILHOS

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Homenagem-Acróstica Nº 6656

Por Silvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil
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T-Toda leoa defende seus filhotes com unhas e dentes!
O-O tempo da infância serve para a Educação principal
D-Dos filhos, quanto aos valores éticos-religiosos-morais...
A-A honestidade, amor, persistência e respeito aos demais.
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M-Momentos áureos de caridade são de união dentro do lar;
Ã-Ao polir atos de harmonia, cultuam a transparência do espelho,
E-Estudar sempre para ser e ter, sem pensar que são os maiorais.
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I-Inicialmente, as crianças e adolescentes dependem da Mãe!
D-Devemos aceitar que ao chegar a VELHICE e a demência são
O-Os pais que passam a depender dos filhos mais pacientes.
S-Se estivermos livres do orgulho e apego aos bens materiais,
A-Ao que temos e não procuramos exibir o que é supérfluo,
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D-Dentro do espaço vital na trajetória terrestre, sem luxo,
Á-As atitudes consumistas serão recusadas, sem reclamação.
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R-Razões incluem votos de fazer sempre o Bem, nunca o mal;
A-A todos os seres, tratar sem preconceito e sem distinção.
Z-Zelo pede três elementos: dúvida, grande Fé e determinação.
Ã- A oração científica ensina a ter esperança e confiança.
O-O certo é buscar sabedoria e iluminação, sem preocupação.
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A-A mudança ocorre, naturalmente com membros da Família:
O-Os pais doentes, quase sempre, são totalmente dependentes!
S-São poucos os que podem manter acompanhantes noite e dia.
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F-Falar com vizinhos sobre defeitos, faltas alheias ou criticá-las...
I-irradia a negatividade e o desrespeito à inutilidade do comentário,
L-Logo uma pessoa sábia, só enxerga as virtudes dos outros!
H-Homens e mulheres na VELHICE, tornam-se crianças teimosas!
O-Os erros são humanos e merecem perdão dos filhos e parentes.
S-São relíquias, os filhos atenciosos, guardados no fundo do coração.
              ---Que DEUS cubra de bênçãos a todos os filhos!---
Belo Horizonte, Minas Gerais, Sexta-feira da Paixão, 30-Março/2018
https://www.recantodasletras.com.br/acrosticos/6295375
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https://academiadeletrasdobrasildeminasgerais.blogspot.com.br/2018/04/toda-mae-idosa-da-razao-aos-filhos.html
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OS QUATRO FILHOS DE UMA MÃE IDOSA
Por Paolo Vicente
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A narração aborda um problema comum a todas as culturas e povos: os cuidados a ter com os mais velhos e os idosos. Descuidá-los atrai maldições. Cuidá-los com fidelidade e amor é promessa de bênçãos. A generosidade mostrada pelos filhos para com os pais atrai a recompensa humana e divina.

Uma mulher velha, muito velha, vivia numa cabana de barro vermelho, num extremo da aldeia, com os seus quatro filhos. O primeiro filho chamava-se Cabeça, o segundo Boca, o terceiro Pés e o quarto Barriga.
Os filhos viveram muitas luas com a sua mãe. A mulher, com o passar do tempo, envelheceu muito, mesmo muito. Mas, apesar disso, continuava a trabalhar sem descanso, dia e noite, para satisfazer as necessidades dos seus quatro filhos.
Um dia, um deles, a Cabeça, chamou os outros à parte para lhes fazer uma proposta:
– Vamos todos embora, à aventura, à procura de êxito e de riqueza para nós.
A Boca replicou:
– Parece-me uma boa ideia. Mas a quem confiaremos a nossa mãe, assim tão envelhecida como ela está?
– Deu-nos a vida, cuidou de nós tantos anos, alimentou-nos, fez-nos crescer… Com certeza será capaz de viver e arranjar-se sozinha – rematou o Pés.
O raciocínio do Pés acabou por convencer também a Cabeça e a Boca.
Mas, no fim da discussão, a Barriga ficou na sua opinião, completamente admirada da falta de sensibilidade dos irmãos. Ela por nada estava de acordo e não aceitou a decisão dos irmãos de abandonarem a mãe. Amava muito a mãe e, portanto, disse aos irmãos:
– Por nada deste mundo abandonarei a nossa mãe. O coração diz-vos que é melhor para vocês partir para longe? Podeis ir! Quanto a mim, fico aqui.
Os outros três irmãos abanaram a cabeça e partiram à aventura, deixando a sua velha mãe com o filho Barriga.
As luas continuaram a suceder-se e o tempo a passar. Barriga cuidava da sua mãe velhinha. Um dia, como sempre sucede, a morte bateu à porta da cabana para chamar pela mãe, e anunciar que o fim dos seus dias tinha chegado. A mulher, antes de morrer, chamou o filho Barriga, deu-lhe a sua bênção e falou deste modo:
– Querido filho Barriga, tu não hás-de semear nem hás-de colher. Mas, nem por isso te há-de faltar o alimento… Quanto aos teus irmãos, que me abandonaram por eu ser velha, muito velha, eles é que hão-de ganhar o pão com o suor da sua fronte.
E dito isto, a velha, muito velha, faleceu e foi juntar-se aos anciãos da sua família.
Foi assim que, desde aquele dia, a cabeça, a boca e os pés trabalham todos os dias para satisfazer a barriga. E é por isso que a barriga vive tranquila, esperando que a cabeça, a boca e os pés façam o seu trabalho. A cabeça pensa como encontrar o alimento. Os pés transportam a barriga onde quer que ela deseje. A boca mastiga e engole tudo o que está destinado a chegar à barriga. A barriga, por sua vez, não fica com tudo para si, mas, mesmo sem os outros se darem conta, distribui tudo pela cabeça, pela boca e pelos pés.
Eis porque na aldeia se diz que não se devem descuidar as pessoas idosas. Quem delas não se esquece terá sempre bênçãos asseguradas.

(Fábula do Benim)
Fonte:

http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EEAFlFpuVAvVoSrOei

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