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GLORIFICAÇÃO à BANDEIRA DO BRASIL
*EUCLIDES DA
CUNHA-Patrono-ALJGR-PMMG-Cadeira 13
Terminados
os trabalhos da Comissão Mixta Brasileo-Paruana, já nos aprestávamos para
deixar o rincão agreste, onde plantamos o marco definitivo da nossa fronteira,
quando recebi convite do Comandante Buenano para um banquete oferecido à
“Comissão Brasileira”; compareci com os meus companheiros.
Foi no
barracão de um caucheiro peruano, tipo altanado, de arrogância agressiva, que
nos olhava com soberba atrevida. Fomos recebidos com uma salva de rifles e
aclamações estrondosas. Introduzidos no recinto todo empavesado de bandeiras,
flâmulas e galhardetes com troféus de armas nas paredes como a tenda de um
caudilho, Buenano deu-nos as boas vindas e, tomando-nos a frente, guiou-nos ao
salão onde se estendia lauta e graciosamente ornada de plantas silvestres, a
mesa do festim.
Ainda que
eu já estivesse afeito à ostentosa prodigalidade daqueles “senhores”
sertanejos, o que então vi surpreendeu-me sobremodo.
Era o
abarrotamento agravado pela abundância das garrafas, ameaças de excessos sempre
de consequências graves entre homens como os que ali tínhamos. E eu olhava
aquele cenário de intemperança quando senti tocarem-me no braço e logo uma voz
sussurrar-me, trêmula e surda:
¬-Onde está
nossa Bandeira?
Voltei-me
de golpe. Era um dos meus homens. Encarei-o severamente, com o que mais incendi
porque, elevando a voz insistiu:
-Procure aí
a nossa Bandeira, Estão todas, menos a nossa.
Passei um
olhar vagaroso pelo recinto e dei razão ao homem. Remordi-me, fechando
nervosamente o punho. Compreendendo, porém, a inconveniência de um
arrebatamento, mascarei a ira com um sorriso e tratei de acalmar a minha gente,
que já cochichava disposta a retirar-se com escândalo em protesto contra a
cilada afrontosa.
-Calma!
Segredei ao mais árdego. Não sairemos daqui sem o desagravo. Nada de nos
mostrar ofendidos, Deixem o caso por minha conta.
Ao
“Champagne” levantou-se o comandante Buenano e, em palavras cheias de louvor,
ofereceu-nos o banquete, como hospedagem prestada ao Brasil, tão nobremente
representado naquele trecho do território peruano, sob o teto de um
desbravador de florestas e civilizador de casibos e pampas.
Tomei a
taça para agradecer. O coração lateja-me no peito, aos esbarros; o sangue
parecia estourar-me as têmporas. Comecei quase sem voz. Súbito, porém,
inflamando-me em entusiasmo, de olhar fito em uma dracena que ocupava o centro
da mesa com as suas folhas malhadas de auriverde, disse, com ardor raro em
homem frio como eu:
-Agradeço,
pelo Brasil, a homenagem que lhe prestais, senhores. Mas o que, principalmente,
nela me comove, mais do que as vossas formosas palavras, senhor comandante
Buenano; nada mais do que as vossas aclamações, amigos peruanos; nada mais do
que a imponência deste festim de concórdia, é a demonstração singular de
destaque com que destes realce às cores da nossa insígnia nacional.
Para
reunirdes aqui em assembleia simbólica as nações com as quais estamos ligados
por amizade recorrestes aos regatões, a armazéns e lojas adquirindo bandeiras
pagas em moeda. Para representar o Brasil fostes buscar o símbolo da floresta
que é o empório de Deus. E assim nô-lo dais como o próprio país que ele
representa, vivo e com suas raízes, tomado do solo fértil, como o sacerdote
para inflamar a lenha no altar não se servia de lume terreal, mas dos próprios
do sol, que é o esplendor máximo, o centro mesmo da vida, em uma palavra: a
LUZ.
Entre todas
as bandeiras que aqui panejam, a nossa, graças ao vosso delicado engenho, é a
única que vive, porque a fostes buscar, não em balcão de comércio, mas na terra
criadora e na claridade solar. E, apontando a dracena, _ disse altivamente:
Ei-la viva na planta aformoseada com as cores que temos sempre diante dos
olhos, não só porque as vemos na terra e no céu, em esperança e esplendor, como
por havê-las adotado a Pátria glorificando-as na sua Bandeira. Obrigado pelo
Brasil.
No silêncio
que se fizera estrondaram as palmas e Buenano, verdadeiramente comovido,
avançou de onde estava e, estendendo-me a mão exclamou:
-Bravo! O
Senhor compreendeu a intenção de nós outros. Foi isso mesmo que pretendemos
fazer...
Abraçamo-nos
ao estrondo de vivas ao Brasil e ao Peru. Voltei-me para os meus homens: tinham
todos os olhos flamejantes mas o fogo não era tanto que secasse as lágrimas que
lhes corriam, em fios, pelas faces, à flor de enternecido sorriso.
E, foi
assim que, no deserto, repeli um afronta ou corrigi um descuido, fazendo com
que a premeditada humilhação se transformasse em glória e exaltação da nossa
Bandeira.
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In: NUNES,
Janari Gentil-BANDEIRA DO BRASIL. História, Simbolismo, Glórias e
Leis.Graphicos Bloch. 26, Visconde da Gávea, 28-RIO.p. 127 a 129.
FONTE:
Biblioteca Coronel Klinger Sobreira de Almeida.
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https://academiadeletrasdobrasildeminasgerais.blogspot.com/2020/07/patrono-aljgrpmmg-cad-13-euclides.html
Seção da Academia de Letras do Brasil:ALB-PRIMEIRA ACADEMIA MUNDIAL DA ORDEM DE PLATÃO-ALEA JACTA EST-SPENS MENS IN SEMINE.Egrégore literária e científica, formação superior pesquisas.Fundação:01.01.2001BRASIL, BRASILIA.CNPJ:04.749.257/0001-00
sábado, 4 de julho de 2020
GLORIFICAÇÃO à BANDEIRA DO BRASIL *EUCLIDES DA CUNHA-Patrono-ALJGR-PMMG-Cadeira 13
*Presidente-Fundadora do Clube Brasileiro da Lingua Portuguesa
*Presidente-Fundadora da Academia de Letras do Brasil-Minas Gerais
*Autora de onze mil poemas em 4 idiomas
*Autora de 47 livros-Solo
*Pesquisar mais de sete mil poemas no site Recanto das Letras
*Rainha Internacional Acrosticista
*Professora-Doutora em Filosofia.
*Graduada em Lingua e Literatura Portuguesa e Inglesa. Graduada em Italiano e Espanhol.
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