sábado, 14 de dezembro de 2019

SAUDADE DA BONECA DE PAPELÃO - Soneto nº 1898 -ENEASSÍLABO do Verso Tradicional Sonoro na 4ª , 6ª e 9ª sílabas. Rimado:ABAB,ABAB,CDC,EDE. Por Sílvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil

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SAUDADE DA BONECA DE PAPELÃO
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Soneto nº 1898 -ENEASSÍLABO  do Verso 
Tradicional Sonoro na 4ª , 6ª e  9ª  sílabas. 
Rimado:ABAB,ABAB,CDC,EDE.
Por Sílvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil

De tanto ver lavar a sobrinha       (A)
pequenininha em grande bacia,     (B)
eu distraía com a Mirinha,   (A)
que a mão batia n´água.... Alegria!   (B)

A Vovozinha Ana, na carinha,    (A)
passava a mão, sabão e sorria;      (B)
usava tudo certo, com gracinha...     (A)
toalha, pente, fralda e eu trazia            (B)

minha boneca para tomar             (C)
banho também, porém, no verão,   (D)
do meu padrinho, pude então ganhar,   (C)

boneco grande!Meu olhar chorou; (E)
ficou desfeito, seu papelão .           (D)
em minha infância, fato marcou!  (E)
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Belo Horizonte, 28 de julho, segunda-feira, 2008.
Belo Horizonte, sábado, 15 de dezembro de 2019.
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VOCÊ SABIA?

1-O Poeta Manuel Bandeira escreveu lindos versos 
de nove sílabas, chamados eneassílabos:
No poema Desencanto, valoriza os sons da 4ª e da 9ª sílabas:
[...]
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

2-Em “Morte e Vida Severina” o autor João Cabral de Melo Neto, o retirante Severino deixa o sertão pernambucano em busca do litoral, na esperança de uma vida melhor.Quando os trabalhadores levam um morto ao cemitério, um trabalhador da lavoura, Severino-observador ouve o que dizem os amigos do finado. Uma raiva até então contida vai crescendo, acompanhada do ritmo da poesia que salta em versos de redondilhas menores até VERSOS ENEASSÍLABOS, sofrendo cortes rápidos, o que dá a impressão de tumulto.

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https://academiadeletrasdobrasildeminasgerais.blogspot.com/2019/12/saudade-da-boneca-de-papelao-soneto-n.html

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